Por Marcelo Hailer.
Apesar do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, ter declarado que a “corrupção do governo Bolsonaro é virtual”, um esquema de “escolas fake” montado pela gestão federal para inflar o discurso eleitoral.
Segundo informações do Estado de S. Paulo, apesar de faltar recursos para terminar 3,5 mil escolas em construção há anos, o Ministério da Educação (MEC) autorizou a construção de outas 2 mil unidades, o que está sendo chamado de “escolas fake”.
O esquema das “escolas fake” tem como sustentação o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que é controlado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, por meio de um apadrinhado.
O fundo precisaria de R$ 5,9 bilhões para concluir as obras de todas as novas escolas anunciadas. Mas, com o orçamento atual, o governo Bolsonaro levaria 51 anos para concluir todas as obras. E, se priorizar novas obras em detrimento das antigas, a gestão fere leis orçamentárias.
A reportagem do Estadão revela como funciona o esquema das “escolas fake” do MEC: faltando oito meses para o fim do governo, foram liberados 3,8% dos recursos previstos para a construção das novas 2 mil escolas e creches, mas 560 obras receberam apenas 1% dos valores empenhados.
Para 2022, o fundo tem R$ 114 milhões e seriam necessários R$ 5,9 bilhões para as 2 mil novas escolas. Além disso, o governo federal precisaria de mais R$ 1,7 bilhão para concluir as 3,5 mil obras em andamento.
Bolsolão do MEC
O escândalo das “escolas fake” se soma ao “Bolsolão do MEC”, que derrubou o então ministro Milton Ribeiro.
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, pediu exoneração diante das denúncias de um suposto esquema de corrupção montado no MEC em que um “gabinete paralelo” de pastores teria passado a controlar a distribuição de recursos da pasta. O ministro havia colocado o cargo à disposição para evitar danos maiores à campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro. A demissão já foi publicada em edição extra do Diário Oficial.
Em áudio vazado divulgado pela Folha de S. Paulo, Milton Ribeiro aparece assumindo que o presidente Jair Bolsonaro pediu que o MEC priorizasse os pedidos de destinação de verba feitos pelo pastor Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB). Isso gerou irritação até mesmo na bancada evangélica.
Nesta segunda-feira foi revelada a confecção e distribuição pelo MEC de bíblias com fotos de Milton Ribeiro e dos pastores envolvidos no esquema que ficou conhecido como “Bolsolão do MEC”.
Revelações feitas por prefeitos à imprensa apontam que Gilmar e seu assessor, o pastor Arilton Moura, cobravam propina de prefeitos para conseguir a liberação de verbas do MEC. Houve proposta de propina até mesmo na compra de bíblias. Um outro prefeito revelou também que Arilton chegou a pedir 1kg de ouro – equivalente a R$ 300 mil – em troca da liberação de recursos.
Ribeiro negou envolvimento no esquema e disse que acionou a Controladoria-Geral da União quando prefeitos denunciaram a situação. Isso, no entanto, só veio à tona através de reportagem publicada no Estado de S. Paulo.
Neste momento, senadores da oposição tentam viabilizar a instalação de uma CPI do MEC, que chegou a ser anunciada, mas alguns senadores voltaram atrás e retiraram a assinatura, o que inviabilizou a iniciativa.
Com informações do Estado de S. Paulo
—