Frangos brasileiros contaminados por bactéria salmonela exportados para países da União Europeia estão sendo vetados por lá e, na volta, vendidos em supermercados por aqui.
A informação foi confirmada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) à reportagem publicada na manhã desta quarta-feira (3) na capa do portal UOL (veja aqui).
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), os frangos contaminados rejeitados pela Europa são divididos em dois grupos ao retornarem ao Brasil.
O primeiro grupo é formado pelas aves contaminadas por salmonela que representa risco à saúde da população. Segundo o MAPA, apenas 1% do frango que volta tem esse problema. Neste caso, o animal é cozido e a carne é processada em subprodutos como nuggets, salsichas, linguiças e outros itens à base de frango. Segundo as autoridades, o cozimento elimina o risco à saúde.
O segundo grupo é o das aves contaminadas por tipos de salmonela que não representam risco à saúde, segundo o MAPA. Esses animais são colocados à venda nos supermercados brasileiros in natura, inteiros e congelados, ou seja, do jeito que seriam vendidos na Europa.
Dos frangos vendidos nos supermercados brasileiros, 18% estão contaminados por salmonela. E o governo sabe disso e permite que até 20% esteja. Falamos sobre essa brecha na lei brasileira aqui no Vista-se em março de 2018 (relembre aqui). Na Europa, a lei tolera que apenas 3,3% das amostras tenham a bactéria.
As informações sobre a venda no Brasil de frangos rejeitados pela Europa foram obtidas por uma investigação da ONG Repórter Brasil em parceria com o jornal britânico The Guardian e o Bureau of Investigative Journalism. Só depois é que as autoridades tiveram que admitir o que vem acontecendo. Não foi uma iniciativa do MAPA abrir o jogo.
Boa parte dos frangos que têm sido rejeitados na Europa e vendidos no Brasil são das empresas JBS-Friboi, dona da marca Seara, e da BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão.