O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta-feira (17) números apontando que, em cinco anos, aumentou em cerca de 3 milhões a quantidade de pessoas sem acesso regular à alimentação básica, subindo para quase 10,3 milhões o contingente nesta situação. A fome tinha recuado em mais de 50% em dez anos. O levantamento foi feito entre junho de 2017 e julho de 2018.
As estatísticas reforçaram os prejuízos causados pelo golpe contra Dilma Rousseff, em 2016, que impôs ao Brasil uma agenda baseada no corte de investimentos e de direitos sociais e trabalhistas. Soma-se a isso a vigência da PEC do Teto dos Gastos, em vigor desde o governo Michel Temer e apoiada por Jair Bolsonaro. A Proposta de Emenda à Constituição congelou investimentos públicos por 20 anos.
De acordo com a pesquisa, a chamada insegurança alimentar moderada (redução quantitativa no consumo de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação) aumentou 87,53% entre 2013 e 2018.
No mesmo período, a insegurança alimentar leve (preocupação ou incerteza quanto acesso aos alimentos no futuro, além de queda na qualidade adequada dos alimentos) teve alta de 71,5%, e a grave, que caracteriza a fome, aumentou em 48,8%.
“Ao olhar para a série histórica, a gente observa que houve diminuição da segurança alimentar e o consequente aumento dos índices de insegurança alimentar entre a população brasileira”, enfatizou o gerente da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, André Luiz Martins Costa. Seu relato foi publicado no portal G1.
Segundo o IBGE, dos cerca de 10,3 milhões de famintos no país, 7,7 milhões viviam em zonas urbanas e 2,6 milhões, em regiões rurais. Mas, proporcionalmente, estes números representavam, respectivamente, 23,3% do total da população que vivia em área urbana e 40,1% da população rural.
As estatísticas também apontaram que, dos cerca de 10,3 milhões de brasileiros que passaram fome em 2018, 4,3 milhões viviam na Região Nordeste, o que representa 41,5% do total de famintos no país. Depois aparecem a Região Sudeste (2,5 milhões de habitantes com fome) e o Norte, com pouco mais de 2 milhões de pessoas nesta situação.