Golpe de 64: Quem não “comemorou”

Foto: Julia Saggioratto, para Desacato. info.

Por Claudia Weinman, para Desacato. info.

A Outra Reflexão de hoje é dedicada a uma formação que aconteceu no interior do estado catarinense sobre “processo de formação de consciência”, arrisco em dizer, a consciência como um projeto/processo de “situação”, onde as pessoas precisam situar-se enquanto seres humanos, onde estão? pra que estão? O que estão? Também, um processo de situação coletivo, de vida coletiva, de territórios, de histórias, culturas. O tema é para além, muito além, inclusive, por isso a dica ao final do texto.  

Nos dias 30 e 31 de março o coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR) realizou em Anchieta/SC, um momento de formação com o educador, professor de sociologia, Ricardo Velho.

O tema sobre o processo de formação de consciência aconteceu em um final de semana também simbólico para o país. Dias antes, o porta-voz do presidente do Brasil Jair Bolsonaro, Otávio Rêgo Barros, havia afirmado que, conforme determinações do próprio presidente fossem feitas o que ele chamou de “comemorações devidas” ao golpe de 64, no marco dos 55 anos da ditadura militar.

As juventudes da PJMP e PJR realizaram um ato de denúncia a tal declaração e apontaram nomes referências que até hoje fazem parte dos momentos de estudos das duas pastorais, como Rosa Luxemburgo, Carlos Marighella, Ana Lídia Braga (sete anos de idade, estuprada, torturada e morta), Víctor Jara (como referência chilena nas artes), Jesus de Nazaré (crucificado pelo império romano pela sua opção ao lado dos pobres).

Estudo

Foto: Claudia Weinman, para Desacato. info. Educador Ricardo Velho.

Quanto ao tema trabalhado no final de semana, o professor de sociologia, Ricardo Velho, explicou que o mesmo está relacionado à importância da juventude nos processos de mudança social. “É muito importante estudar como acontecem os movimentos da consciência de classe, ou seja, a gente considera relevante compreender, pensar, juntar, organizar a juventude para que ela saiba em que momento esse mundo todo que estamos vivendo “alienado”, que a gente chamou aqui no curso de primeira forma de consciência, pode se transformar em uma ação transformadora, ou seja, em que momento o processo de consciência alienado pode fazer de sua revolta um caminho para organização da juventude, da classe trabalhadora, buscando a transformação social profunda e necessária”.

Ricardo destacou ainda que as juventudes estudaram também os mecanismos que a burguesia, que a classe dominante utiliza para “decepar”, segundo ele, o pensamento da classe trabalhadora. “Isto é, como várias entidades, instituições, o estado, a polícia e os aparelhos ideológicos em geral, acabam capturando a revolta e a capacidade da juventude pensar um mundo melhor, um futuro respirável. Precisamos entender isso para compreender quais são as nossas tarefas no processo de transformação, de revolução”, disse.

Foto: Julia Saggioratto, para Desacato. info.

Indicação de leitura:http://www.afoiceeomartelo.com.br/posfsa/autores/Iasi,%20Mauro/Processo%20de%20consciencia.pdf

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Claudia Weinman é jornalista, diretora regional da Cooperativa Comunicacional Sul no Extremo Oeste de Santa Catarina. Militante do coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR).

 

A opinião do autor/a não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.

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