Por Magali Moser.
Sou fã do cineasta espanhol desde que assisti ao clássico Tudo Sobre Minha Mãe, que lhe deu o Oscar. Depois desse, não perdi mais nenhum filme dele. Procurei os anteriores nas videolocadoras e passei a me interessar por tudo que levava a assinatura de Almodóvar. Desde Má Educação, assisto a todos os lançamentos dele no cinema. Não há como descrever a sensação de ver um filme de Almodóvar na sala escura. A maneira como ele mergulha no universo humano é algo absolutamente genial. Nos filmes de Almodóvar não há mocinhos ou vilões, como é comum no cinema hollywoodiano. Na obra do cineasta, ninguém é totalmente bom ou mau. Todos são a mistura desses elementos que nos fazem realmente como somos, humanos.
Achei que o cineasta já havia se superado em Fale com ela (2002), meu filme predileto dele. Mas A pele que habito é uma obra-prima! A estranha relação entre o cirurgião bem sucedido Robert, vivido por Antonio Banderas, e a paciente Vera (Elena Anaya) tece uma sequência de situações que conduzem surpresas de tirar o fôlego. O décimo oitavo longa metragem de Almodóvar requer ser visto mais de uma vez. Trata-se de uma adaptação de Tarântula, livro escrito pelo francês Thierry Jonquet.
A pele que habito não é um filme de terror. Nem propriamente apenas um suspense ou um filme de ficção cientística. A história não pode ser encaixada em um único gênero. A mescla de estilos caracterizam a narrativa, que vai do drama à comédia. A ironia e a bizarrice são transportados para a telona de forma incrível. Não apenas a contextualização às questões relativas aos nossos tempos ou às referências ao Brasil, como o Carnaval Baiano, tornam o filme imperdível. A magnitude de Almodóvar surpreende mais uma vez ao mergulhar na complexidade humana de forma artística e sublime como só ele é capaz.