Generais negam conspiração com Temer para impeachment de Dilma

Em livro, ex-vice-presidente admitiu que esteve em contato próximo com militares conspirando para derrubar petista

Etchegoyen confirmou o relato de Rosenfield sobre o descontentamento dos militares com o PT, como a aprovação do Plano nacional de Direitos Humanos. Foto Etchegoyen / Reprodução Rede Brasil Atual

Os generais Eduardo Villas Bôas e Sérgio Etchegoyen, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, negaram, nesta terça-feira (3), que fizeram uma conspiração com o então vice-presidente Michel Temer pelo impeachment de Dilma Rousseff. O golpe foi confessado por Temer no livro A Escolha, como um presidente conseguiu superar grave crise e apresentar uma agenda para o Brasil, lançado há poucas semanas.

No livro, o co-autor, Dennis Lerrer Rosenfield, relata que à época de seu segundo governo Dilma estaria pensando em mudar a Lei de Anistia e ressalta que outros temas do Programa Nacional de Direitos Humanos incomodavam a caserna. A conspiração articulada por Temer pelo impeachment teria sido iniciada por conta desse temor dos militares de que o PT poderia vir a querer mudar a forma de acesso de oficiais ao generalato e à formação dos militares nas academias. “Não foi uma vez. Foram vários encontros”, confessa Rosenfield.

Em nota, compartilhada por Villas Bôas no Twitter, Etchegoyen escreveu: “Parece que restou a alguns personagens no seu esforço vão de encontrar uma narrativa para esconder que eles isolaram os militares, desrespeitaram-nos, encenaram uma Comissão da Verdade claramente vingativa, afrontaram a lei para usurpar competências claras dos comandantes e, note bem, o governo nunca nos procurou, ao contrário de muitas outras lideranças políticas da época, não só o vice-presidente, inclusive parlamentares da base de apoio do governo”.

Entretanto, o general confirmou o relato de Rosenfield sobre o descontentamento dos militares com o PT, como a aprovação do Plano Nacional de Direitos Humanos. Porém, o general diz que os encontros com Temer constavam na agenda e nunca ouviu o então vice-presidente “estimular a ações ilegítimas ou convite para conspirações”. “Que poder teriam os militares para impor ao Congresso o resultado de um processo de impeachment no qual o Parlamento e o STF foram os grandes protagonistas, como manda a Constituição?”

Os encontros entre o vice-presidente da República e o comandante do Exército acabaram resultando em bons postos de trabalho para os militares. O general Villas Bôas foi mantido no comando e Etchegoyen acabou nomeado ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Temer.

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