Gays da América Latina se unem

De 18 a 20 de dezembro de 2015, reuniram-se na cidade de Curitiba, Brasil, mais de 60 ativistas gays latinos no Primeiro Encontro Regional GayLatino. Provenientes da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Guatemala, México, Nicarágua, Paraguai, Peru e Uruguai, trabalham para garantir o respeito aos direitos humanos das pessoas de coletivos LGBT e sua comunidade, a resposta ao HIV e outros temas relacionados à diversidade sexual.

No dia 20 de dezembro definiram a formação da Rede GayLatino para juntos dar respostas às diferentes necessidades de gays e outros homens que fazem sexo com homens na América Latina, com um objetivo claro de integrar novos participantes, tomadores de decisões e líderes comunitários.

O nascimento da Gay Latino visibiliza a resposta coletiva e continental necessária para enfrentar a opressão e marginalização que atravessam os corpos, sexualidades, línguas, espiritualidades e formas de socialização, enraizadas pela homofobia e diversas realidades que afetam o exercício dos direitos desta comunidade na América Latina.

GayLatino tem como missão promover e defender a liberdade, a igualdade e a equidade; o acesso à saúde integral, justiça e educação; para o exercício pleno, livre de discriminação e violência dos direitos humanos de gays e outros homens que fazem sexo com homens latinos.

E como visão, uma América Latina que respeita, protege e celebra a vida de gays e outros homens que fazem sexo com homens.

Baseia-se em valores de diversidade, igualdade, visibilidade e orgulho.

Foi eleito a Diretoria Executiva, da qual o Secretário Executivo é Simon Cazal (Paraguai). Também integram a Diretoria Executiva Esteban Paulon (Argentina), Jorge Saavedra (México) e Toni Reis (Brasil).

Gays AL 2

Também foi criado o Comitê Executivo, formado pelos brasileiros Andrey Lemos, Carlos Magno, Julio Moreira, Chico Pedrosa, Leandro Ramos e líderes e ativistas dos demais países latino-americanos presentes.

GayLatino funcionará com um Comitê Assessor formado por Javier Hourcade Bellocq, Alejandro Nasif, Oliver Kornblihtt e Gustavo Pecoraro de Argentina; Pedro Chequer, Beto de Jesús e Clayton Nobre do Brasil; Fernando Muñoz e Jaime Parada do Chile; Alfredo Mejía da Colombia; Gustavo Alberto Valdés Pi de Cuba; Omar Baños de El Salvador; Rubén Mayorga de Guatemala; Javier Arellano, Ricardo Baruch, Juan Jacobo Hernández, José Antonio Izazola Licea, Anuar Luna e Juan Carlos Rodríguez do México; e Jerome Galea do Peru.

No Encontro em Curitiba foi elaborada e aprovada a Declaração que segue mais abaixo.

No ano de 2016, o Segundo Encontro Regional Gay Latino terá como sede a Cidade do México.

Todas as informações sobre a rede GayLatino podem ser encontradas emwww.gay-latino.org. As atividades da rede podem ser vistas seguindo: facebook/redgaylatino; no Twitter e Periscope @redgaylatino. E toda a cobertura fotográfica no flickr.com/gaylatino.

Declaração do Encontro Gay Latino

Curitiba, Brasil, 18 a 20 de dezembro de 2015

Sessenta gays latinos da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, EUA, Guatemala, México, Nicarágua, Paraguai, Peru e Uruguai, que trabalham pelos direitos humanos dos membros da nossa comunidade, incluindo a resposta ao HIV e com experiências em questões relacionadas à diversidade sexual, declaramos:

Que a América Latina enfrenta desafios particulares em dois temas que se entrelaçam: a discriminação contra gays e outros homens que fazem sexo com homens e o impacto do HIV em nossa comunidade. Estas questões e sua intersecção determinam as esferas da saúde, a segurança individual e coletiva, o acesso à justiça e a persistência de políticas e leis discriminatórias.

Que a América Latina é um continente que, a partir de sua história, evidencia a opressão e marginalização, atravessando nossos corpos, idiomas, espiritualidade e formas de socialização, muitas delas geradas pela colonização, que enraizou em nossos países a discriminação por orientação sexual, de identidade e expressão de gênero, realidades que prejudicam o exercício dos direitos da nossa comunidade.

Que, ainda que o casamento igualitário tenha sido conquistado na Argentina, Brasil, México e Uruguai, o que representa um avanço emblemático de nosso movimento, é necessário ampliar essa conquista a todos os países do continente e promover o direito à liberdade de formar nossas famílias.

Que a violência e a discriminação se sustentam no patriarcado, o machismo e os fundamentalismos religiosos e ideológicos perpetuam o sofrimento de nossa comunidade e nossas famílias e nos impedem de ter o pleno gozo dos nossos direitos humanos e, em alguns casos, fazem retroceder importantes conquistas.

Que é imprescindível fortalecer a liderança continental com particular ênfase nas juventudes e em nossa diversidade étnica e cultural, com alcance em todo o continente e em qualquer parte do mundo onde haja a presença de gays latinos. E, portanto, vemos necessário convocar um espaço que permita construir os acordos necessários para trabalhar em conjunto, assim como revisar formatos de trabalho entre os diferentes líderes, analisar a situação atual e identificar as necessidades de incidência política continental para definir as estratégias e atividades que contribuam para o alcance das metas locais, continentais e globais.

Que há evidências de que o HIV afeta desproporcionalmente nossa comunidade e as respostas à pandemia têm sido insuficientes e incompletas em nosso continente. Por outro lado, o HIV revela as vulnerabilidades a que ainda seguimos expostos em todos os aspectos de nossas vidas. Portanto, é necessário incidir no acesso a todas as tecnologias de prevenção do HIV e demais infecções sexualmente transmissíveis.

Que a dependência dos sistemas de financiamento impõe condições arbitrárias às comunidades e evidencia a enorme desigualdade no continente; por isso é necessário defender a adoção de mecanismos de redistribuição de recursos nos países da América Latina com vistas à sustentabilidade, em especial à resposta ao HIV/Aids que afeta distintamente nossa comunidade.

Que a escalada do fundamentalismo conservador ampliou os crimes de ódio por orientação sexual e identidade de gênero ou sua expressão, a coerção, assédio, agressões, assassinatos e outros tipos de violência a nível continental. Esta situação evidencia a necessidade urgente de garantir o princípio da laicidade dos Estados.

Que aderimos ao chamado por justiça diante do recente assassinato da ativista trans da Argentina Diana Sacayán e nos solidarizamos com todos as companheiras e companheiros trans, lésbicas, gays e bissexuais do continente que sofreram qualquer tipo de violência.

Que os homens gays e bissexuais latinos continuam a ser privados do pleno gozo de todos os direitos humanos e garantias civis, incluindo a proteção dentro das nossas comunidades e o acesso igualitário ao mais alto nível de saúde e bem-estar, ao trabalho digno, à justiça, à educação, à nutrição, aos serviços sociais e à proteção contra a violência e a discriminação.

Que existe um alto risco de ausência e abandono em todos os níveis do âmbito educacional como resultado do bullying ou assédio escolar e outras formas de manifestação de estigma, discriminação e homofobia.

Que muitos membros da nossa comunidade são também pessoas com deficiências, por isso requerem infraestrutura e políticas públicas necessárias para o seu desenvolvimento e respeito de sua dignidade.

Para dar uma resposta aos temas expostos, constituímos a rede GayLatino, cuja missão é a promoção e defesa da liberdade, a igualdade e equidade, o acesso à saúde integral, à justiça e à educação; para o exercício pleno, livre de discriminação e violência, dos direitos humanos de gays e outros homens que fazem sexo com homens latinos, em prol de uma América Latina que respeita, protege e celebra a vida desta comunidade na defesa da igualdade, diversidade e visibilidade.

Convocamos todos os gays da América Latina a unirem-se e serem parte deste esforço coletivo.

Curitiba, Brasil, 18 a 20 de dezembro de 2015

Fonte: https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=1643588959262982&id=100008356801603

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