Terminou neste domingo (15) em Florianópolis (SC), a sexta edição do Congresso Nacional do Samba (Conasamba). O encontro, com mais de 600 pessoas inscritas, foi organizado pela Federação Nacional das Escolas de Samba (Fenasamba), em parceria com Liga das Escolas de Samba de Florianópolis (Liesf), e teve o patrocínio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).Conforme os organizadores, “o objetivo central do evento foi promover um debate profundo sobre o futuro das escolas de samba, equilibrando as inovações tecnológicas e estéticas com a preservação das raízes e ancestralidade que tornam o carnaval uma das maiores expressões culturais do país.”
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que o carnaval movimentou R$ 9 bilhões este ano e gerou mais de 66 mil postos de trabalho temporários em todo país, contando apenas os setores de turismo e hospedagem.
De acordo com Moacyr de Oliveira Filho, secretário-geral da Fenasamba, o congresso em Florianópolis foi uma oportunidade para discutir “a escola de samba que queremos.”
Ele salientou que as escolas são como “um organismo vivo das comunidades durante os 365 dias do ano” e oferece às pessoas lazer, mas também oportunidades de trabalho e profissionalização.
“A gente acha que a escola de samba desfila porque existe. O desfile é uma consequência da escola de samba que funciona o ano inteiro, que tem uma relação forte com a comunidade”, acrescenta Moa.
Política pública
Os participantes do Conasamba se reuniram neste sábado (14) com o secretário executivo do Ministério da Cultura (MinC), Márcio Tavares. O secretário elogiou o encontro por causa da “representatividade”. Ele disse à Agência Brasil que “há ligas de escola de samba de todas as regiões do país.”
O MinC tem um grupo de trabalho (GT) com organizadores de carnaval de diferentes estados e de gêneros musicais, além do samba. Para Tavares, a Fenasamba “tem demanda por uma política estruturada para criar alternativas para fortalecer o carnaval que estão em discussão no GT.”
Segundo divulgação institucional do Minc, esta foi a primeira vez desde 2018 que um representante de alto escalão da cultura foi a Florianópolis. “A visita marcou o comprometimento do ministério com o fortalecimento das políticas culturais no estado e a importância para a economia local”, afirma nota.
Além do representante do secretário executivo do Minc, participaram do Conasamba mais de 40 conferencistas. Entre eles estiveram o carnavalesco e comentarista Milton Cunha, os jornalista Aydano Motta e Fabio Fabato, os mestres do samba Sombra e Macaco Branco e a porta-bandeira Selminha Sorriso.
Ao fim do congresso, os participantes receberam certificados emitidos pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) em função da participação em oficinas de capacitação e na programação do evento.
>> Leia a carta final do evento
CARTA DE FLORIANÓPOLIS
Reunidos em Florianópolis, nos dias 13, 14 e 15 de setembro de 2024, no CONASAMBA, representantes das entidades carnavalescas de todo o país, filiadas à FENASAMBA, reafirmam o seu compromisso de continuar lutando em defesa do Carnaval e das escolas de samba e pelo estabelecimento de políticas públicas permanentes que garantam não só a realização dos desfiles das escolas de samba, que continuam ameaçados ou suspensos, em centenas de municípios brasileiros, mas, principalmente, as atividades, projetos, eventos e programas comunitários nas entidades carnavalescas e na cadeia produtiva e criativa do Carnaval.
Como disse o professor e historiador Luiz Antônio Simas, uma escola de samba desfila porque existe, não existe para desfilar. Essa é a escola de samba que queremos – inclusiva, comunitária, participativa, sustentável, amorosa, inovadora, moderna, mas sem perder as raízes que a sustentam e a tradição que a alimenta e pereniza. Uma escola de samba que melhora a vida das pessoas.
A presença do secretário-executivo do Ministério da Cultura, Márcio Tavares, reforçou o compromisso do governo federal com o Carnaval e as escolas de samba no estabelecimento dessas políticas públicas, no diálogo com o GT do Carnaval, na busca de parcerias público-privadas, nos mecanismos de financiamento e, especialmente, na realização de projetos de capacitação técnica e profissional das entidades carnavalescas que, entre outras coisas, enfrentem os problemas concretos das entidades para editais e prestações de contas.
A FENASAMBA, que reúne entidades carnavalescas de todos os Estados do país, reafirma seu entendimento de que é preciso buscar mecanismos específicos para as realidades de cada Carnaval, valorizando, especialmente, os carnavais de resistência e de preservação dessa manifestação cultural, que são os que mais necessitam de apoio. A síntese do histórico CONASAMBA de Florianópolis está expressa num velho provérbio africano: “O rio que se afasta da sua fonte, seca”.
Cada vez mais, a FENASAMBA quer ser o instrumento para garantir o reencontro perene e permanente do rio com sua fonte. Como já ensinou Mestre Candeia: “escola de samba é povo em sua manifestação mais autêntica”!
Florianópolis, 15 de setembro de 2024
Edição: Graça Adjuto