Várias aldeias guaranis do litoral de Santa Catarina e Rio Grande do Sul estão esperando inutilmente, desde dezembro de 2011, que a Funai lhes entregue exemplares de dois livros, tidos pelas escolas indígenas como um importante material didático.
A edição/publicação foi paga pelos próprios guaranis, com recursos compensatórios pela passagem da BR-101 (novas pistas duplicadas) em cima de suas terras, e portanto os exemplares não pertencem à Funai. Mesmo assim, as dezenas de pacotes estão armazenadas num dos escritórios da entidade na Grande Florianópolis, há mais de um ano, causando indignação nos índios.
“Essa é mais uma que a Funai nos apronta. Queremos os livros já ! Eles são nossos !” – exigem líderes e professores guaranis das aldeias de Massiambu e Morro dos Cavalos (ambas situadas no município de Palhoça, SC).
Além da retenção de bens alheios, que é um ato ilegal, há um outro aspecto grave no caso. Lideranças da tribo suspeitam que a não-distribuição das obras se deve à uma espécie de “politicagem”. Ou seja: a matriz da Funai, em Brasília, teria mandado sustar a entrega às escolas guaranis até que fosse realizada uma cerimônia de lançamento dos livros na Grande Florianópolis (e talvez tambémem Porto Alegre), com a presença de autoridades federais.
“Não sabemos se é verdade, mas esse é o comentário que corre” – dizem as lideranças indígenas.
Na Coordenação Regional Litoral Sul da Funai, nega-se o objetivo festivo/político, mas funcionários admitem que “estamos aguardando ordem de Brasília para fazer a distribuição.”
Fonte: A Nova Democracia.