Por Roberto Antonio Liebgott.
A onda de frio, que chegou nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, vem sendo celebrada por turistas e por aqueles que sobrevivem do turismo. Mas, assim como é celebrado, deve provocar a reflexão sobre o outro, sobre aquele que não tem como se proteger, se agasalhar e repousar o corpo sobre um colchão e debaixo de um teto.
O frio, como esse de fins de julho, nos diz que não podemos admitir pessoas sem cobertor, sem teto, sem-terra, sem emprego, sem seus direitos a cidadania.
O frio, como esse de fins de julho, nos diz que devemos nos indignar com a injustiça do abandono daquele irmão, daquela irmã que não têm onde e nem como se proteger do frio.
O frio, como esse de fins de julho, deve nos provocar a lutar contra aqueles que promovem, financiam e se beneficiam com as injustiças e com as desigualdades.
O frio, como esse de fins de julho, deve nos convocar a exigir, daqueles que nos governam, a executar ações para a cidadania e promoção dos direitos humanos.
O frio, como esse de fins de julho, nos chama a atenção para que sejam denunciados todos aqueles que agem com desprezo e desdenham da dor daquele que sofre.
O frio, como esse de fins de julho, deveria despertar sentimentos de fraternidade para o outro, para aquele que sente a dor do frio no corpo e na alma.
O frio, como esse de fins de julho, também nos faz enxergar aqueles que são solidários e estão lá, nas ruas, nas praças e viadutos servindo e acolhendo o outro em situação de vulnerabilidade.
O frio, como esse de fins de julho, nos faz perceber que há irmãos e irmãs – os que não estão do lado de dentro dos templos das portas fechadas, do lado de dentro dos palácios de inacessíveis, do lado de dentro das mansões protegidas por seguranças privadas e públicas – que acreditam no Bem Viver a caminho!
O frio, como esse de fins de julho, é um grito de lamento. O frio também dói, frio também mata!
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Roberto Antônio Liebgott é Missionário do Conselho Indigenista Missionário/CIMI. Formado em Filosofia e Direito.
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