François Hollande admitiu a existência de um “acordo secreto” com a União Europeia para que a França não fosse obrigada a cumprir as metas do défice.
No livro intitulado Un président ne devrait pas dire ça (Um presidente não deveria dizer isto) da autoria dos jornalistas do Le Monde, Gérard Davet e Fabrice Lhomme, que, durante cinco anos, fizeram 61 entrevistas e mais de 100 horas de gravação, François Hollande revela que as promessas feitas à UE de manter o défice abaixo dos 3% do PIB, foi “uma mentira pura e simples, aceite por todas as partes”.
De acordo com os autores, este acordo foi estabelecido em 2012, ano em que François Hollande foi eleito, e seria válido até 2017, tendo abrangido a presidência de Durão Barroso e de Jean-Claude Juncker.
Previsões falsas
Para concretizar este objetivo, a França foi apresentando sempre previsões falsas, escapando por isso a sanções económicas.
“Podemos escrever que, durante todo o quinquénio, as autoridades francesas apresentaram previsões do défice intencionalmente falsas, e isso com a aprovação das próprias autoridades europeias”, escreve o Expresso, citando o livro dos dois jornalistas.
Hollande descreve a fórmula para se alcançar um acordo deste tipo: “É o privilégio dos grandes países (…) nós dizemos: nós somos a França, nós protegemo-vos, temos umas forças armadas, uma força de dissuasão, uma diplomacia (…) Eles, os europeus, sabem que precisam de nós e, portanto, isso paga-se”.
Após estas divulgações, vários dirigentes dos socialistas franceses vieram já mostrar a sua indignação para com a situação e o comportamento do Presidente.
O primeiro-ministro Manuel Valls referiu-se à “vergonha e cólera” sentidas pelos militantes socialistas.