Por Claudia Weinman, de Fraiburgo/SC, para Desacato. info.
Quem vive em Fraiburgo/SC e conhece a realidade das mais de dez mil pessoas que vivem nos bairros São Miguel e Nossa Senhora Aparecida e outros, pode perceber que existe um descaso envolvendo a falta de políticas públicas para atender as demandas das duas mil e duzentas famílias do bairro São Miguel e das 550 do bairro Nossa Senhora Aparecida.
Uma das atividades que ainda reunia essas pessoas para festejar era a tradicional festa julina, a confraternização que acontecia no sorteio da “Ação Solidária entre Amigos” e nesse ano em específico, a comemoração dos 25 anos de criação do bairro São Miguel. O sorteio foi feito, com um número reduzido de pessoas pois a municipalidade não permitiu a tradicional festa que todos os anos reunia milhares de pessoas, segundo as lideranças do conselho da comunidade. Além do sorteio, houve a participação do grupo Airumã de Viola de São Miguel do Oeste/SC, do coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular e Pastoral da Juventude Rural, que contribuiu com a atividade.
O Educador Popular Jilson Souza disse que foi criado um protocolo de exigências que está inviabilizando as comunidades, não apenas católicas, mas todas elas, de realizarem as suas promoções. “O conselho das entidades inclusive lançou uma carta de esclarecimento para a sociedade diante do cancelamento de suas atividades já programadas no calendário. As lideranças durante as reuniões realizadas informaram que não são contra o pacote exigido, mas sim, que as exigências são abusivas e foram impostas sem haver antes uma discussão com as comunidades”, explicou.
Dentre as exigências contidas no protocolo, está a contratação de uma equipe médica de prontidão, com ambulância, um médico e enfermeiro, no entanto, em Fraiburgo nenhuma empresa presta esse serviço. Também, a contratação de uma equipe de segurança registrada na Polícia Federal, profissionais esses que não se encontram em Fraiburgo.
O conselho de entidades dos bairros Nossa Senhora aparecida e São Miguel salienta que eventos realizados pela municipalidade não apresentam todas as equipes de profissionais como exigido nesse protocolo para as comunidades. “Muitas exigências eles fazem para as comunidades, sem nenhuma discussão, mas quando é o município quem realiza as atividades isso não vale, não é necessário. Porque isso tem que ser assim”?, questionam os membros do conselho.
Audiência Pública
Em razão do descontentamento das comunidades, o Pe. Celso Carlos Puttkammer Dos Santos disse que foi encaminhado ao Presidente da Câmara de Vereadores de Fraiburgo um ofício solicitando que seja feita uma audiência pública para discutir o tema. Segundo ele, são mais de 70 organizações e entidades que estão sendo prejudicadas com as medidas do governo, as quais, desejam discutir coletivamente o assunto nessa audiência que ainda não tem data marcada para acontecer. As comunidades aguardam um parecer para participarem da audiência, segundo ele.