Por Márcio Papa, de Porto Alegre, para Desacato.info (texto e fotos).
Com pífio financiamento, R$ 1.900.000 segundo seu organizador, Mauri Cruz, oriundo da Prefeitura de Porto Alegre, da Petrobrás, do Sesi, de Itaipú binacional, e inscrições, o Fórum Social Mundial, parece agonizar.
A cena é de um aparente desfecho melancólico para o maior evento de contraposição ao padrão neo-liberal.
O modelo econômico fora ‘’empurrado” goela abaixo, em meados da década de setenta -1974- , em meio a crise do capital. Configurando a desigualdade como valor positivo e como necessidade para o sucesso das sociedades ocidentais do pós guerra, abolindo o definitivamente a regulação estatal sobre o mercado.
Ironicamente, o patrocínio de empresas estrangeiras e a captação de recursos advindos do próprio sistema que combate, opõe-se ao princípio do igualitarismo, de Estado de bem estar social, e suas políticas públicas distributivas e o pleno emprego.
Inesperadamente conclamado por seus organizadores, de “Fórum Temático Social”, devido a razões aparentemente insólitas, -identificadas como revide das oposições aos governos do PT- o revanchismo político, (protagonizado pela coligação que venceu as últimas eleições) gerou conflitos de interesses, capazes de dinamizar rusgas entre as próprias esquerdas, que serão difíceis de serem apaziguadas, como feridas abertas em lenta cicatrização.
Para a Vereadora Jussara Cony, o Fórum é realizado em Porto Alegre, mas é considerado por todos como Mundial e, contido dentro de um avanço diferenciado do capitalismo e do néo-liberalismo no mundo, por nações soberanas, democráticas e com muita participação dos povos, para buscar-se a alternativa e se acumular forças, para um sentido de “nova sociedade” não racista, não paternalista, não machista, não lesbofóbica. Uma sociedade feminista, socialista, transformadora, vivendo as maravilhosas diferenças em igualdade.
Em entrevista, o membro do comitê organizador e da Associação brasileira de organizações não governamentais ( Abong), Mauri Cruz ,questionado sobre o pequeno valor investido em um evento desta magnitude, declarou:
Mauri Cruz:
– “Não acho pequeno. Porque existem diversas que não são especificamente do Fóum, como por exemplo, os 180 (cento e oitenta) convidados estrangeiros, que vem através de suas despesas pagas por elas mesmos. – É o Caso do Boa Ventura (sociólogo Português). Além da estrutura que a Prefeitura está portando, que não tem estrutura para o Fórum, o restante do valor está sendo gasto basicamente para passagens internacionais, estadia, tradução e todo apoio da logística, que é necessário que se faça e a agenda cultural”.
Márcio PapaPortal /Desacato:
-Mas em outro momento o valor era expressivamente maior e o Fórum contou, com o patrocínio de renome internacional…
Mauri Cruz:
“- Nosso Fórum é Temático. Em 2005 tivemos um Fórum Mundial, que movimentou 25mi à época, e teve apoio dos fundos de “solidariedade” de várias fundações internacionais. Isso acontecerá em Montreal, no Canadá, de 9 a 14 de agosto, no Canadá”. Nosso Forum é Temático, terá 20 (vinte) mil pessoas na marcha, e aproximadamente entre cinco e oito mil , nas atividades de debate”.
Causa estranhamento, a discrepância entre as receitas orçamentárias do Fórum de 2006, e as ínfimas quantias direcionadas à organização do Fórum Social Mundial em 2016, que conta com uma participação de mais de quarenta países, – daí o carácter “mundial”- e que remete a celebração de seu 15º aniversário.
Naquele ano, foram destinados em números absolutos, 38.856.090mi de dólares -29.935.354 €,- entre as doações da Ford Foundation, doações das ONG’s e os Governos Federal/Estadual e Municipal).
EM desconsideração àqueles que democraticamente se opõem a ideia de que o dinheiro é tudo, e vêm representar inocentemente os movimentos sociais. E diante do empobrecimento de milhões de pessoas no mundo.
É valido, ainda, lembrar a orientação que o Conselho Internacional fez em 2005 de que o fórum não deveria ser realizado no Brasil, por um período de dez anos, a título de uma proposta de sua realização em outros países do terceiro mundo, adotando a ideia de um evento “policêntrico”.
O Fórum Social Mundial começa hoje, porém corre os riscos mesmos riscos de uma legitimação da arquitetura econômica e de comércio Globais, se o custo para “um futuro possível” residir em dependência política, como meios imprescindíveis para sua plena realização.
Fontes: Gerencialismo de Norte a Sul: A proposta teórico-Política Neoliberal para gestão das Políticas Sociais- UFPE/CCSA- UPE/FCM
www.madres.org/documentos/doc29130123131155.pdf
Rebelión – Outro mundo es possible
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=11800
Global research
http://www.globalresearch.ca/manufacturing-dissent-the-anti-globalization-movement-is-funded-by-the-corporate-elites/21110