Fortalecimento do neoliberalismo e nova sangria social na América Latina

venas abertas inversoPor Elissandro dos Santos Santana, Porto Seguro, para Desacato.info.

Durante os últimos 10 ou 15 anos, a América Latina, por intermédio de governos de esquerda em nações como Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia, Venezuela e outros, deu um salto importante no tangente a aspectos como diminuição da pobreza, ascensão de parcelas consideráveis de pobres à classe média, redução ou anulação do analfabetismo, políticas de inclusão e ampliação de oportunidades no ensino superior, dentre outras questões.

Na Argentina, por exemplo, o governo de Cristina Fernández Kirchner foi responsável por políticas de redução da pobreza, criação de milhões de postos de emprego/trabalho, aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo e pelo crescimento do produto interno bruto da nação. Foi durante o governo da primeira mulher eleita no país vizinho que militares envolvidos em crimes de tortura e assassinatos que atuaram durante a Ditadura Militar foram punidos, houve a nacionalização de empresas e, mais importante que isso, ocorreu o nascimento de uma política externa independente em relação ao imperialismo estadunidense em muitos pontos. Também é oportuno mencionar a redução da dívida externa argentina. Tudo isso enfureceu a elite política conservadora argentina e contrariou os interesses dos EUA na região.

No Brasil, a partir dos governos de Lula e de Dilma, muitas mudanças e conquistas ocorreram; como são muitas, enumerarei algumas: redução da pobreza, retirada do país do mapa da fome, empoderamento de algumas minorias através do programa de cotas raciais e sociais, possibilitando o ingresso de estudantes negros e outros grupos sociais oriundos de escolas públicas nas universidades estaduais e federais, PROUNI (permitindo a entrada de alunos carentes como bolsistas nas instituições particulares de educação superior), Programa Permanecer, com bolsas de ajuda para que estudantes pobres pudessem permanecer na universidade, ampliação do número de universidades federais com a interiorização do ensino superior, com o aumento no número de vagas, ampliação do quadro docente e de técnico-administrativos nas referidas instituições, investimento em infraestrutura em grande parte do país, em especial, nos rincões geopolíticos mais afastados, com vistas à integração e, consequentemente, racionalização logística de produção, projeto de transposição das águas do Rio São Francisco para alguns Estados nordestinos do polígono da seca, descentralização de indústrias por regiões no país, redução da dívida externa, fortalecimento do MERCOSUL para a integração e o desenvolvimento do Continente Latino-americano, políticas de saúde com o desenvolvimento do Programa Mais Médicos, no qual o governo possibilitou que a saúde chegasse aos pontos mais remotos do país, ambientes geográficos rejeitados pela maior parcela dos médicos formados no Brasil, aumento no número de especialistas, mestres e doutores formados no país, ampliação do número de Institutos Federais de Educação, dentre outras mudanças.

Em se tratando de Brasil, pode-se afirmar, sem receio de cair em exageros, que em relação a alguns pontos como a educação superior, em 13 anos de governo do PT, o país viveu o que não havia experimentado nos últimos 503 anos de sua existência, com a política de acesso de pobres ao ensino superior e consequente aumento do número de universidades federais no país. É necessário mencionar que à medida que as universidades se ampliaram, certos campi universitários foram revitalizados, mas, mesmo assim, faltaram investimentos no que diz respeito às instituições criadas e ampliadas, ainda que algumas mudanças nesse sentido também tenham ocorrido, mas isso ficaria para outra etapa, tendo em vista que em treze anos não foi possível resolver os problemas de mais de quinhentos anos.

No que tange à Bolívia, questões semelhantes ao Brasil e à Argentina, ali ocorreram, como a passagem de muitos trabalhadores que eram explorados nas Minas para a classe média, diminuição da pobreza, redução absoluta do analfabetismo, educação linguística plurilíngue, com a alfabetização a partir de 2017 em, pelo menos, 36 línguas indígenas dos povos originários, o que configura a Bolívia como a nação mais respeitosa consoante às diferenças sociais nos processos de ensinar e aprender na América Latina, servindo de referencial para outros países do continente e do mundo, crescimento do produto interno bruto, independência política e melhorias em infraestruturas na nação boliviana.

No Uruguai, sob o governo de Pepe Mujica, o país deu um salto em/de qualidade de vida e se modernizou no tocante a temas encarados como tabus no Brasil, no restante da América Latina e no mundo, como legalização do aborto, da maconha e outros temas, produzindo efeitos positivos sociais como diminuição no número de abortos, queda no número de assassinatos por conta das drogas e diminuição da violência em geral. Com isso, o Uruguai se mostrou moderno e atualizado em relação à vida, possibilitando a liberdade humana como bem maior, concedendo à mulher, por exemplo, no caso do aborto, o poder de decisão sobre o corpo. Diante de tais transformações, a nação uruguaia revelou-se a maior democracia da região, superando, inclusive, Estados Unidos, tido pelos seus sequazes políticos como modelo para a grande América, hipótese que não se sustenta, quando se coteja esta potência imperialista com a simplicidade do país portenho de fala hispânica.

Na Venezuela, a direita que sempre esteve no poder, criou a situação de matriz única de produção da nação, com a dependência do país em relação ao petróleo, e quando os governos bolivarianos de Hugo e de Maduro chegaram ao poder, com a crise internacional em torno desse produto, não foi possível fazer as reformas e políticas imprescindíveis e profundas de inclusão para uma Venezuela justa socialmente, ainda que fosse o sonho dos dois bolivarianos: Hugo e Maduro. Os pobres, nesses dois últimos governos venezuelanos, experimentaram o sabor da inclusão em muitos aspectos, mas, infelizmente, devido à crise mundial do petróleo, graves problemas se acirraram no país. Em meio ao declínio dos preços petrolíferos, a grande mídia brasileira e mundial, ao discorrer sobre a Venezuela deveria ser responsável e mostrar os problemas venezuelanos a partir de pontos de vista históricos, mas, não, o faz alicerçada nas ideologias do retorno da direita para a exploração do capital e subjugação dos pobres mais uma vez. A mídia tradicional sempre mostrou de que lado esteve e, mesmo assim, muitos se enganaram em relação às intenções das elites fomentadoras do ódio e do caos social naquele país. Isso se repetiu em quase todos os países do continente.

No Equador, além das transformações sociais nos últimos anos, com políticas de inclusão e de distribuição de renda, o sistema de saúde melhorou consideravelmente, com o reconhecimento de vários organismos internacionais.

Assim como nos países citados acima, em outras nações do continente latino-americano, transformações sociais também ocorreram. Tais mudanças, ainda que mínimas, incomodaram os donos do poder acostumados com as injustiças para a manutenção do status e, principalmente, para o retorno às rédeas do jogo. Para tanto, essas elites de controle se valeram dos conglomerados de comunicação que nunca saíram de seus controles para a projeção das inversões semânticas e verdades delas, para, assim, confundirem os mais pobres, obtendo apoio para a implantação do modelo neoliberal de esfacelamento dos direitos e garantias sociais dos próprios apoiadores.

Com o controle total da mídia, as elites envolvidas com o projeto de poder político na América Latina começaram a se fortalecer e as veias abertas que pareciam que estavam se fechando no continente começaram a se romper novamente, agora, talvez, de forma ainda mais forte do que em períodos anteriores, pois a sede da direita neoliberal se revelou e se revela sem limites.

No caso do Brasil, as elites políticas percebendo a abertura da universidade para todos, e diante da percepção de que a educação, dependendo da forma como se faz, é emancipatória das consciências, antes que desse tempo para ocorrer esse processo de amadurecimento intelectual das consciências político-sociais, para a grande transformação na política, na economia e no meio ambiente, haja vista que treze anos são um curto espaço de tempo para grandes mudanças, diante de mais de 503 anos de prisão mental, a todo custo, querendo o retorno das estruturas de poder que nunca poderiam ter sido abaladas, cônscias do alcance da televisão na formação da opinião brasileira, por meio dos conglomerados midiáticos opressores operaram as inversões semânticas em torno da figura de Lula e de Dilma para a geração do ódio social, bem como para a consubstanciação do golpe parlamentar que o Brasil sofreu recentemente. O trágico nisso tudo é que a mídia conseguiu implantar o ódio justamente naquelas parcelas da sociedade que ascenderam socialmente ao longo dos governos petistas. O mais triste em toda essa parafernália política é que a classe média que ascendeu na era petista não se dá conta de que não está segura em meio à chegada ao poder do governo Temer, reconhecidamente, a favor das elites, tesoura nervosa ávida por cortar direitos trabalhistas, previdenciários, sociais e outros.

Essas mesmas cenas de controle mental das sociedades pela mídia no Brasil se repetiram, na mesma proporção e a partir dos moldes da irresponsabilidade midiática tradicional brasileira, na Argentina, país no qual os grupos que controlam a mídia garantiram a desconstrução da imagem progressista de Cristina, possibilitando a subida ao poder de um presidente de direita comprometido com o neoliberalismo estadunidense, Maurício Macri. Neste país, cada vez mais, Os Estados Unidos conseguem se firmar como senhores absolutos e até já há notícias de que bases imperialistas serão implantadas em terras argentinas, com intenções amplas de monitoramento de toda a região latino-americana que, para eles, sempre foi uma extensão de exploração do sonho de domínio “americano” (estadunidense).

Voltando à questão da Venezuela, realmente, em decorrência das crises mundiais em torno do valor do barril de petróleo e da dependência criada a partir dessa matriz de produção pelas próprias elites, antes da esquerda chegar ao poder, como mencionei, com o enfraquecimento do produto internacionalmente, a Venezuela estagnou-se e parou de crescer economicamente. Frente à conjuntura da crise, a direita criou, com o apoio da imprensa conservadora local e estrangeira, a situação “ouro” para a desconstrução de governos socialistas como os de Hugo e de Maduro, com o apoio pesado dos Estados Unidos e da mídia tradicional através da construção dos sentidos inversos para que o mundo visualizasse na Venezuela uma terra sem leis e de ditadores.

O enfraquecimento da esquerda no Brasil, para além da cruzada contra a corrupção que a direita, historicamente, em sua maioria, bem mais corrupta, mas protegida pela mass media, empreendeu, se deu, em parte, devido ao apoio dos setores sociais que se deixaram dominar pelo ódio e pela desinformação proporcionada pela TV aberta e fechada. Essa empreitada direitista conservadora e gananciosa faz parte de um projeto de manutenção do status quo dos grupos no controle e subjugação do país aos interesses dos EUA e de outras potências ocidentais. Há anos, a mídia constrói o imaginário social da necessidade de nossa dependência aos ianques, possibilitando, até certo ponto, que nos tornássemos vira-latas externos e xenófobos internos, com o aumento de todos os discursos patológicos racistas, machistas, homofóbicos e misóginos. Essa xenofobia interna se dá em duas vertentes, dentro do próprio país, onde é possível captar preconceitos de alguns sudestinos e sulistas contra os povos do Nordeste e do Norte, e do Brasil para com países socialistas na América Latina, o que também se configura como causa interna, pois são nossos irmãos culturais e geográficos, com o ódio de grande parcela da população brasileira em relação aos compatriotas bolivianos, os quais, em São Paulo, bem como em outras partes do Sudeste e do Sul, são contratados para serviços em condições sub-humanas, no preconceito escancarado contra os refugiados haitianos que vêm em busca de uma vida melhor no Brasil e se deparam com o racismo, no grito geral nas passeatas gourmets da classe média de direita defensora de golpe parlamentar com o “Vai pra Cuba” ou “O Brasil não é uma Venezuela” ou “Boliviano de merda”. Foi isso que a mídia tradicional fez com o país, forjou as notícias segundo as ideologias neoliberais para desestruturar o governo do PT e quaisquer governos socialistas das nações irmãs, sempre mostrando tudo a partir da posição ideológica egocêntrica do capital neoliberal.

Pensando a questão em âmbito continental, ou seja, em toda a América Latina, pode-se externar que o projeto de desinformação da mídia golpista deu tão certo que até mesmo aqueles que ascenderam socialmente durante governos socialistas agora se voltam contra o modelo de distribuição de renda.

Para refletir acerca da desestabilização da esquerda na América Latina e fortalecimento da direita neoliberal no continente, recorri a uma matéria do jornal El País que, na matéria “América Latina vive o fim da era dourada da esquerda no poder” coloca que a derrota do atual presidente da Bolívia Evo Morales, no tocante ao referendo boliviano, a quem grande parcela da sociedade boliviana visualizava como o último moicano da esquerda bolivariana, marcou uma mudança de ciclo evidente na América Latina, que teria começado com a vitória de Mauricio Macri na argentina. Segundo a reportagem, após anos de grande crescimento e inclusão social, a crise econômica e uma sociedade latino-americana nova, com gerações exigentes que demandam mais e melhor democracia e não toleram a corrupção nem o poder absoluto, estão derrubando um a um quase todos os Governos da região. No referido texto jornalístico, em algum momento, alude-se ao fato de que a população já não acredita que as causas da crise sejam fruto do imperialismo estadunidense.

Concordo em parte com o enunciado informativo, e discordo, plenamente, com relação à noção de que as camadas sociais já não se conformam com a corrupção, pois, pelo menos, no caso do Brasil, os movimentos contra Dilma provaram que, na verdade, a luta não é e nunca foi contra a corrupção. O que sustenta tal linha argumentativa para refutar a afirmação feita na reportagem do El País é o fato de que o presidente que a sucedeu, por meio do golpe parlamentar, além de delatado na Operação Lava Jato, mostrou-se corrupto, por exemplo, logo na composição inicial e definitiva da equipe de governo com muitos envolvidos em corrupção e citados na operação mencionada. A mídia tradicional brasileira, claro, tratou de engrandecer e louvar a competência da equipe, exaltando-a como a melhor possível que um governo poderia ter; o que não fez mais que seu trabalho no apoio ao golpe já que também está envolvida em todo esse estratagema.

Diante de tudo, pode-se externar que se os movimentos das panelas fossem contra a corrupção, até os da esquerda social teriam se juntado a eles, afinal de contas, a luta contra a corrupção deve ser de todos. O início da reportagem do El País pode provocar confusão, pois o leitor pode chegar a pensar que só houve corrupção no governo petista, o que é falacioso e, por isso mesmo, precisa ser combatido, pois, até o momento, não ficou provado nada em relação ao envolvimento de Dilma em atos de corrupção e, mesmo sem prova alguma, ainda assim foi destituída por meio da hipocrisia dos podres poderes.

O referido jornal deveria ter mostrado que a intenção da maior parte da classe média, aquela que vive no eterno medo de retorno à pobreza e no eterno sonho de ascensão às classes mais abastardas economicamente, faz parte de algo ainda bem mais complexo do que o combate à corrupção, a luta de classes, anda que essa expressão esteja em vias de desconstrução pelos “intelectuais de direita”, que em uma atitude mesquinha, uma vez ascendida, não suportava ver outros ascendendo socialmente também. Quer dizer, esse é somente parte do problema, pois a tacanhice da classe média chega a ser ainda mais complicada e, portanto, complexa, despontando como objeto de estudo para cientistas sociais, analistas do discurso e historiadores pelos próximos 100 ou 200 anos, ou seja, material de estudo não faltará.

Com relação aos erros de governos de esquerda na América Latina, não podemos fechar os olhos. No Brasil, por exemplo, o “socialismo” de Lula e de Dilma não se tornou em nenhum momento ecológico nas bases. Para governarem em meio a um congresso corrupto, cometeram erros imperdoáveis, como a coalizão com os senhores oligárquicos corruptos. Essas coalizões não são modelos específicos do PT, pois ao se analisar o processo de construção de nossa nacionalidade, é possível perceber que essas uniões e parcerias sempre estiveram presentes até nas organizações sociais brasileiras mais triviais desde o “descobrimento”. Ademais, durante o governo petista, houve o fortalecimento de forma anda mais acentuada dos banqueiros, o enriquecimento exorbitante das elites. O projeto Bolsa Família tão criticado pela maior parcela da classe média e da elite, evidentemente, se transformou, simbolicamente, até certo ponto, em relações simbólicas de promoção de marketings politiqueiros. O projeto não foi um equívoco em si, ao contrário, foi e é algo necessário em meio a tantas injustiças sociais e a necessidade de reparação político-histórico-econômica imediata, mas a distribuição de renda deveria ter sido feita ainda de forma mais firme e profunda com a inclusão dos seguimentos sociais mais carentes em um mercado de trabalho ancorado na economia criativa e solidária, já que a partir dos moldes clássicos econômicos vigentes isso não se daria com facilidade devido à falta de capacitação dessas parcelas sociais alcançadas pelo Programa Bolsa Família. O cruel nisso tudo é que as classes médias, à medida que criticam o referido programa, nada dizem ou, se dizem, o fazem de forma discreta, em relação ao Projeto Bolsa Dondoca de membros dos três poderes, o que prova que há uma latência de ódio e de inversão de valores semântico-sociais em meio a todo o quadro político-social do Brasil atual.

No que tange à exploração do capital natural, tanto o Brasil como a Argentina e outros países da América Latina cometeram os mesmos erros da direita neoliberal que tanto critico. Esses equívocos permitiram depredação dos recursos naturais em muitos pontos do continente e tudo isso faz parte de um modus operandi que não deveria ter sido recopilado da direita, pois faz mal ao planeta e aos seus filhos.

Dos governos de esquerda na América do Sul, o que mais se aproxima de uma esquerda ecológica é o de Evo Morales, mas só se aproxima, pois até mesmo com a filosofia do “Vivir Bien” na Bolívia, neste país as veias de exploração continuam sendo abertas por meio da depredação dos minérios e da própria sociedade que já dá provas de que outro modelo seria necessário. As propostas de Evo são positivas, mas, infelizmente, diante da arquitetura mental de produção que os bolivianos e todos os povos da América Latina e do mundo construíram, às vezes, para implantar as mudanças, torna-se quase impossível, pois os grupos de poder, sedentos por acumulação e riqueza, não permitem.

Atualmente, urge uma esquerda ecológica, pois só assim, ela se afastará dos modelos de exploração da Terra da direita neoliberal. Somente por meio de uma ecologia político-mental a esquerda conseguirá fazer transformações sociais em larga e duradoura escala, possibilitando que a própria sociedade também se torne ecológica nas arquiteturas de pensar e nas práxis político-sócio-econômicas de agir.

A prova cabal de que a esquerda precisa se tornar ecológica é a inoperância dos partidos de esquerda em tempos de eleição em torno do que aconteceu com Dilma. Muitos desses partidos em vez de defenderem a democracia com o retorno de Dilma, ainda que esta mereça críticas pela aproximação com os interesses do poder capital e distanciamento dos trabalhadores, mas que deve voltar, por ordem de fortalecimento da democracia que se rasgou, seguem firmes em busca da vitória nas eleições municipais que se aproximam. Se os partidos de esquerda estivessem ecologizados, com certeza, nesse momento, estariam pensando muito mais no reestabelecimento da democracia do que nas vitórias municipais em um país fragilizado democraticamente sem futuro.

Nessa conjuntura de crises, os donos do poder, alojados, em sua maioria, na direita, sendo que também se encontram, de forma equivocada, em setores da esquerda, haja vista que, como partido, infelizmente, não consegue controlar o caráter de alguns de seus membros, não se enganem, alimentam-se de tudo isso, da não ecologização e da falta de unidade na esquerda para se fortalecerem ainda mais.

Enfim, com o fortalecimento dos senhores oligárquicos direitistas no Brasil e no restante da América Latina, teremos muitos anos pela frente para o retorno aos centros de decisão no país, por isso, precisamos, enquanto sociedade de esquerda, cobrar dos partidos de esquerda com os quais nos alinhamos identitariamente em busca de justiça social, urgência na ruptura com valores obsoletos que só nos aproximam ainda mais do modelo neoliberal de exploração e de aniquilação da possibilidade de “arrancar alegria ao futuro”[1].

[1] Tomei emprestada essa expressão do Movimento MAIS.

Imagem: BP.

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