Por Dinovaldo Gilioli.
Se pensarmos bem, nada está fora da cultura. A cultura permeia pensamentos e ações, em qualquer tempo e civilização. Ela atribui sentido a existência humana e pode contribuir para a evolução da sociedade, na medida em que estimula o senso crítico e favorece ao exercício da criatividade e da solidariedade.
Ou seja, a cultura é a veia que move, demove e remove a vida. Logo, deduzimos que a cultura, enquanto espaço genuíno da expressão humana, é o cultivo da vida. Às vezes sem perceber e mesmo sem querer, destinamos ou temos pouco tempo para as coisas que são realmente importantes e significativas.
O que parece claro para todos, não é bem assim. Trabalhadores de várias categorias e até os que são dirigentes sindicais, ainda hoje veem com certo estranhamento a sua entidade de classe se envolver com questões culturais. Alguns dizem: “isso não é papel do sindicato, sindicato é só para lutar por salários e melhores condições de trabalho”.
Ora, justamente o que se busca é uma vida mais digna. Cientes do papel da cultura, os trabalhadores podem continuar lutando por sua verdadeira liberdade, ou se manter conformados em ideologias que nada tem a ver com a sua realidade. Nem sempre os sindicatos têm consciência da relevância da ação cultural, aceitando a limitação de atuar na esfera econômica; espaço que lhe é reservado pelo atual sistema.
As entidades representativas precisam suplantar essa ideia economicista, que restringe o avanço da consciência de classe; favorecendo a uma maior exploração do trabalho e do trabalhador. As ações de caráter lúdico e poético, ajudam a compreender o papel da cultura e a ampliar a visão de mundo.
Neste sentido, é fundamental que os sindicatos incentivem a produção artística, e não só de seus representados, buscando assim – no que for possível, ampliar a sua fruição na sociedade. Desta forma, estará ajudando no esforço de melhor distribuir os bens simbólicos em nosso país, tão concentrados quanto os bens materiais.
Dinovaldo Gilioli é escritor de Florianópolis/SC.