Fora a PM do Campus!

Boletim da Corrente Proletária Estudantil

PM cerca faculdade, prende e reprime estudantes na USP

PSol (direção do DCE e bate paus) assume papel de polícia em piquete contra estudantes

No dia 27/10, a polícia militar entrou  na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFL- CH) e abordou três estudantes que fumavam maconha. Tomaram-lhes os documentos e tentaram levá-los à delegacia. Um amplo movimento de centenas de estudantes da faculdade se formou, contra a presença da polícia na USP e para inviabilizar suas prisões.

Rapidamente, várias viaturas com dezenas de policiais cercaram a faculdade para intimidar os estudantes. A diretora Sandra Nitrini passou a negociar com a polícia a entrega dos documentos dos acusados no prédio da administração da faculdade. Ela ameaçou os diretores do Sintusp presentes à manifestação, insinuando que ajudaria o reitor-interventor Rodas a demiti-los. Diretores do DCE (PSol) cercaram os estudantes e passaram a pressioná-los em favor da “negociação” com a polícia (como se policiais negociassem alguma coisa, de fato eles seguem ordens). Diante da negativa da massa de estudantes em abrir caminho para que se levassem presos os colegas, formou-se um grupo composto pela diretora e vice-diretor, dois professores, dois advogados e membros do DCE para levar os estudantes a uma sala do prédio da faculdade, a fim de “convencê-los” a irem à delegacia, e que assim nada lhes aconteceria. O PSol montou um piquete com diretores do DCE e bate paus para impedir que os estudantes contrários à manobra se manifestassem junto aos estudantes ameaçados. Assumiu a tarefa da polícia, que se dirigiu ao estacionamento da faculdade sob vaias e palavras de ordem.

Depois de muita pressão, os estudantes concordaram em ir à delegacia. Os diretores do DCE, novamente no papel de polícia, conduziram os estudantes ao camburão da polícia. Depois de conseguirem prender os estudantes, os policiais organizaram a repressão à manifestação de estudantes, com bombas, gás e tiros com balas de borracha. Os estudantes não se dispersaram e organizaram uma assembleia que decidiu ocupar o prédio da administração da faculdade, com a reivindicação central de fora a PM da USP e fim da repressão a estudantes e trabalhadores. A ocupação imediata da administração foi a medida encontrada pela assembleia para dar uma resposta coletiva ao ataque recém desfechado.

A assembleia rechaçou a direção do DCE, votando pela sua exclusão das comissões da ocupação. Também foram derrotadas as propostas distracionistas de Estatuinte e Fora Rodas.

Mais um passo da ofensiva privatista do reitor-interventor Rodas

A repressão que sofrem estudantes e trabalhadores na USP é parte da ofensiva privatista e elitista de Rodas. De um lado, os processos contra estudantes e funcionários são instrumento de intimidação dos movimentos que se opõem às suas políticas privatistas e elitizantes; de outro, a presença da polícia dentro da universidade é um dos elementos de elitização da universidade, além do caráter coercitivo aos movimentos sociais. Há um setor dos estudantes que é ponto de apoio às políticas privatistas e elitizantes. Esses protofascistas também têm de ser combatidos com a força da mobilização. Nos últimos tempos, eles têm se achado, vão à imprensa etc. Quando a mobilização se impõe, escondem-se como ratos que são.

A luta contra a repressão só pode se fortalecer e derrotar o reitor-interventor e sua base fascistóide com mobilização. A mesma mobilização que se levanta pelas reivindicações mais sentidas dos estudantes deve empunhar a bandeira da luta contra a repressão. A luta contra a repressão deve estar ligada à defesa das reivindicações que se chocam com a política privatista e elitista de Rodas. O método para enfrentar a burocracia universitária autoritária é a ação direta: ocupações, manifestações, passeatas, trancaços, greve. O uso da ação direta por sua vez implica a organização dos estudantes ao redor da democracia estudantil, em especial das assembleias gerais. A assembleia é instrumento de mobilização, debate democrático das propostas, deliberação por maioria e ação coletiva. O reitor tem conseguido impor sua política privatista e elitista da USP porque não encontra resistência organizada e unitária do movimento estudantil e de professores e funcionários. A atual direção do DCE (PSol) tem aversão às assembleias, horror a movimento estudantil unificado, aversão a defender estudantes processados, alergia a um choque com estudantes de direita que apoiam a repressão e paixão pela conciliação com a burocracia autoritária. Assim, não convocam assembleias e atuam por cima, flutuando nas nuvens dos gabinetes empoeirados da burocracia autoritária, descolados de qualquer decisão das bases.

Uma direção que se coloca ao lado e no papel da polícia contra estudantes deve ser expulsa do movimento estudantil

A atual direção do DCE cometeu o pior dos crimes no movimento: se colocou ao lado (e até mesmo no lugar) da polícia contra os estudantes que se mobilizavam contra a prisão de três colegas, e usou do expediente do bloqueio de bate paus e diretores do DCE para impedir que estudantes pudessem fazer frente às pressões da burocracia universitária sobre os acusados. Ou seja, protegeu a ação da burocracia de intimidação dos estudantes e favoreceu a ação da polícia, que tinha ordens de levar os estudantes para a delegacia a qualquer custo. Para concluir, os psolistas ainda conduziram os estudantes até o camburão, para ter certeza de que a entrega seria efetivada. Tudo isso, obviamente, sem que os mais de quinhentos estudantes presentes pudessem decidir nada.

Uma direção que comete esses crimes não pode continuar à frente da organização geral dos estudantes. Não pode inclusive sequer fazer parte do movimento estudantil. Cabe a convocação ampla de uma assembleia geral de estudantes da USP para expulsar quem agiu como agente da polícia contra os estudantes. Expulsar vai além da perda do mandato, torna os canalhas inelegíveis e os coloca fora do movimento.

Por isso, foi acertada a decisão da assembleia de impedir a participação dos traidores nas comissões da ocupação.

As tarefas do movimento estudantil na USP

A revolta de grande parte dos estudantes da FFLCH contra a presença da PM no campus foi um passo no sentido de romper com a paralisia imposta pela política da atual direção do DCE (PSol) ao movimento estudantil da USP. Essa paralisia tem suas raízes na eliminação da organização e democracia estudantil, na negação da tarefa elementar de convocar as assembleias de base para as decisões mais importantes, substituindo-as pelo burocrático e manipulado Conselho de Centros Acadêmicos (CCA), absolutamente controlado pela direção do DCE. Tem raízes na negativa da atual direção em combater a política privatista e elitista de Rodas, isolando os movimentos que explodem contra ela, como aconteceu na EACH, em Lorena e no Direito.

Enquanto os estudantes no mundo protagonizam mobilizações multitudinárias, e no Brasil ocorrem várias ocupações de reitorias contra as políticas educacionais oficialistas, na USP o movimento estudantil está no fundo do poço.

Foi preciso a polícia desfechar um brutal ataque para que os estudantes fossem empurrados à luta. O mesmo aconteceu em 2009.

O movimento estudantil na USP já protagonizou mobilizações históricas, à revelia das direções. É preciso retomar essa tradição.

O caminho é erguer um forte movimento, unitário, centralizado, de combate à repressão e às políticas privatistas de Rodas, de defesa do método da ação direta e da democracia estudantil. Essa é a linha para retomar a trajetória de luta, abortada pelos traidores do PSol.

O combate às políticas privatistas colocará a necessidade de unidade entre os que estudam e trabalham, e entre estes e os explorados contra os exploradores e seus governos. Será na luta que se perceberá a necessidade de avançar rumo à real autonomia universitária, que não é neutra e sim de confronto com a burguesia e seus governos. E que só pode se concretizar com a soberania da assembleia geral universitária, que constituirá um governo tripartite destruindo as atuais estruturas de poder da burocracia autoritária.

A mobilização de defesa do ensino público colocará para os estudantes a necessidade de defender o conjunto da juventude, e as bandeiras de ensino público e gratuito a todos em todos os níveis levará à conclusão de que é preciso estatizar sem indenização toda a rede privada de ensino, que enquanto existir implicará a exclusão de parte da juventude à educação.

O programa de defesa do ensino público e gratuito se mostra parte do programa revolucionário de destruição do capitalismo e construção do socialismo, parte do programa da revolução proletária. Para realizar plenamente as tarefas a que se coloca, inclusive as mais imediatas e elementares, o movimento estudantil tem de se erguer sobre a base da política proletária, o que implica constituir uma nova direção que encarne esse programa em sua prática.

ABAIXO A REPRESSÃO!

FIM DE TODOS OS PROCESSOS CONTRA ESTUDANTES E TRABALHADORES DA USP!

MOVIMENTO PASSE LIVRE

Imagem: O Globo

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