Por Ana Carolina Peplau Madeira, de Florianópolis, para Desacato.info
Cerca de 500 manifestantes ligados à Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) ocuparam dois andares, o sétimo e o oitavo andar, e acamparam em frente ao prédio do Ministério do Desenvolvimento Agrário, em Brasília, desde as 4h de hoje (2). Eles cobram a reforma agrária.
Um servidor público, que prefere não ser identificado, falou à reportagem do Portal Desacato que foram surpreendidos com a desordem no prédio, “entraram pela garagem, renderam os seguranças de madrugada e foram a todos os andares com bandeiras, mexeram em gavetas e armários, mas não tinha ninguém para negociar com eles”. O Ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, está no Rio Grande do Sul e deve ficar lá até quinta-feira (4). Na sexta-feira (5), participará de entrega do Minha Casa, Minha vida em Minas Gerais. Até o momento, a assessoria não informou se o ministro voltará a Brasília para atender às reivindicações da FNL.
No Bloco A da Esplanada dos Ministérios, além do Ministério Desenvolvimento Agrário, trabalham equipes do Ministério dos Esportes e da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Por volta das 7h30, cerca de 40 manifestantes seguiram para a Rodoviária do Plano Piloto, onde bloquearam o Eixo Rodoviário de Brasília (DF-002), popularmente chamado de Eixão. Foram bloqueadas as seis vias de acesso, com queima de pneus, em protesto pela reforma agrária. O Eixão é uma das principais vias de Brasília, que cruza com Eixo Monumental, desenhando a forma do Plano Piloto. Os manifestantes retornaram ao ministério e permanecem acampados em frente ao prédio prometeram só sair depois de serem recebidos por alguma autoridade do governo.
O Tenente Bellino, da Polícia Militar do Distrito Federal, falou à Agência Brasil não houve confronto. O trânsito ficou engarrafado por aproximadamente meia hora, até que o fogo fosse apagado pelos bombeiros e os pneus retirados da via. A dirigente da FNL Petra Magalhães relatou também para EBC que reivindicam que a presidenta Dilma Rousseff atenda à pauta da reforma agrária. “Queremos que liberem as terras para os trabalhadores rurais sem terra, que façam as políticas de assentamento. Dependendo da negociação, nós vamos nos manter mobilizados”, afirmou à EBC.
Incra também foi ocupado
Ontem (1º) o prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que fica a aproximadamente 2 quilômetros do ministério, também foi ocupado. Em nota, o Incra informou que, em relação à ocupação da sede em Brasília e de algumas superintendências regionais, a desocupação de seus prédios é condição para dar prosseguimento às negociações. “O Incra esclarece que está adotando as providências administrativas e judiciais necessárias visando a reintegração do prédio, bem como orientou às superintendências regionais ocupadas a adotarem o mesmo procedimento, visando à preservação do patrimônio público e o restabelecimento das condições de trabalho para que os servidores e os colaboradores possam exercer suas atividades, necessárias à promoção da reforma agrária.”
* Com informações da Agência Brasil e conversas via WatsApp com servidores em Brasília
Imagens: EBC