Florianópolis, 3 de dezembro de 2013.
Alguns jornalistas se incomodaram com nosso Editorial da semana anterior. O desconforto está relacionado ao nosso posicionamento em relação com a chegada de El País Brasil.
El País da Espanha se oportunizou durante décadas, assim como a Coroa espanhola, do seu correto posicionamento contra o franquismo, o que lhe outorgou patentes de progressista e isento. Nem uma nem outra.
Quando El País precisou olhar para a América Latina, sempre o fez na defesa dos interesses das empresas espanholas frente à renacionalização de setores estratégicos, antes presenteados à Espanha por ditaduras ou governos neoliberais, como os de Menem na Argentina e Carlos Andrés Pérez na Venezuela. Desqualificaram toda medida progressista, os progressistas de El País.
El País defende os mesmos interesses da Telefônica da Espanha, Banco Santander, Repsol e outros conglomerados que faz décadas usufruem as riquezas da Nossa América. A razão para esta aventura informativa em português é o desastre econômico na Espanha. Vejamos as condições dos jornalistas lá segundo notícias publicadas hoje.
Vozpopuli.com e Prnoticias.com informam que até dezembro de 2012 o número de jornalistas desempregados na Espanha era de 27443. Desemprego de 51%, triplicando 2011, quando era de 9937, segundo dados da Associação de Imprensa de Madri; 64% de jornalistas mulheres. O desemprego e a precariedade são as principais preocupações dos colegas espanhóis. Fecharam 197 veículos de comunicação, 22 eram jornais.
Aumentaram os recortes de salários em El País e houve grande sobrecarga de trabalho no El Mundo, só para mencionar dois jornais. Essa é a realidade que traz El País ao Brasil, na busca de conquistar as Índias Ocidentais: mão de obra física e intelectual, o mais barato possível.
Precisamos soluções comunicacionais próprias e sustentáveis, e não ficar a mercê das invasões intermináveis, cuja finalidade não é a informação, isenta ou não, e sim o lucro a qualquer custo.