Florianópolis, 21 de maio de 2014.
Direita, esquerda, centristas, indiferentes, preencheram oceanos de textos sobre a Copa do Mundo. Parece não entrar mais uma letra sobre este evento comercial e ‘esportivo’. Porém, cabe mais uma linha.
Há que caracterizar o evento. Trata-se de um circo internacional que tomou a atual característica quando a multinacional que o administra, e enriquece com ele, era dirigida por Jean-Marie Faustin Goedefroid Havelange. João Havelange foi filho de um comerciante de armas que se afincou no Rio de Janeiro. Ele substituiu o inglês Stanley Rous na condução da FIFA, que já não era flor que se cheire e acabou se deturpando definitivamente com sua condução. Tornou o esporte mais popular do século XX num meganegócio, vinculado com o pior da política e do intervencionismo nas soberanias nacionais.
Interessa compreender que esta organização multinacional consegue sempre os resultados que deseja, econômica e politicamente. Os governos que a ela se associam são responsáveis dos seus desmandos, das negociatas e das hordas canalhas que fazem parte do circo. A apresentação dura um mês e aos poucos dias é esquecida. Os negócios se iniciam muitos anos antes e deixam lucros e prejuízos por décadas. Mortos também.
É triste a centralidade social, econômica e, especialmente política, que este circo provoca. No seu esplendor artificial é fácil nublar a Nova Constituinte, a Criminalização dos Movimentos Sociais, o fracasso da Reforma Agrária, etc. E o que é os dirigentes da esquerda fazem? Se centram na pauta da Copa. Que se é boa ou ruim, que se mata ou resuscita. A Copa é um negócio podre, como a Fórmula 1 e tantos outros fantasiados de esporte de elite, como as Olimpíadas que vem aí.
Quando a lona do circo se levantar, quando as dívidas sejam nossas, estaremos na soleira da eleição nacional, sem uma esquerda unida, sem programas alternativos ao governo e sem pauta política. A FIFA e seus associados terão vencido de goleada. De novo.
