Fim das touradas em Bogotá

Por Simone Bruno.

O prefeito de Bogotá, Gustavo Petro, decidiu efetivar sua proposta de acabar com as touradas na capital colombiana, rescindindo unilateralmente o contrato que aluga a Plaza de Toros de Bogotá à Corporação de Touradas, associação sem fins lucrativos que promove o evento.

Isso coloca um fim à briga que começou na segunda semana de seu mandato, em janeiro, quando Petro decidiu não utilizar o palco da Prefeitura na Praça. Esse gesto constituiu o ponto de partida de uma das principais bandeiras de seu governo. Antes de tomar a decisão drástica, na segunda semana de junho, Petro havia proposto à Corporação não matar o touro durante as festividades, mas a agência se recusou.

A Praça de Santa Maria terá uma nova utilidade, segundo o prefeito. “Ela fará parte do sistema distrital de educação, em que os melhores poetas e escritores se reunirão diariamente com alunos de nossas escolas públicas para ensinar aulas de literatura e letras”, afirmou.

Um dos oito países onde a tourada ainda é praticada e certamente um dos mais fanáticos, a Colômbia viu fortes reações a essa decisão histórica. Não há casos recentes em que uma autoridade, individualmente, aboliu a morte do animal ou a tourada em si, como fez Petro. Esta decisão foi tomada recentemente em Quito, no Equador, e em Barcelona, na Espanha, mas só depois de muito debate nos parlamentos ou por meio de referendos.

Felipe Negret, gerente da Corporação de Touradas, emitiu uma declaração na qual, além de anunciar que vai processar o prefeito, afirma que Petro comanda acima da lei e da cultura colombiana. “Petro não está acima da lei. Você tem que governar como prefeito e não como capataz”, disse.

Por sua vez, o prefeito respondeu que suas decisões foram tomadas em respeito a uma decisão do Tribunal Constitucional contra a tortura animal.

Repercussão

Apesar disso, a decisão provocou protestos entre os fãs das touradas como Alfredo, um jovem que acompanha as festividades desde a infância. “A corrida de touros é diferente da de outras raças. O touro é criado como um rei para as touradas. Ele morre com dignidade e não por um açougueiro. Aqui há um duplo padrão moral. Pode morrer para ser comido, mas que ninguém veja. Na tourada, o touro se entrega a luta”, afirmou.

Da Espanha, o famoso toureiro Juli, que já se apresentou em Bogotá, também se manifestou. “Que a tourada não caia novamente nas mãos de um capricho político. Bogotá é apaixonada e sensível, exigente e entregue. Um lugar especial e mágico”, opinou.

No entanto, foram numerosas também as vozes favoráveis. Cerca de 30 organizações ambientais internacionais escreveram uma carta a Petro. “Sua decisão é um grande salto no desenvolvimento da cidade e deve ser, portanto, um modelo para os demais municípios da Colômbia e do mundo”, fala o documento.

“É admirável e encorajador o futuro que será vivido na Praça Santa Maria, que foi transformada em uma referência de cultura e educação, deixando para trás o passado vergonhoso da tortura e da morte”, acrescentou. A declaração também lembra que o atual prefeito sustenta uma posição em defesa dos direitos dos animais desde sua candidatura à presidência em 2010.

Fonte: http://operamundi.uol.com.br/

Foto: Agência EFE

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.