Queridos amigos,
No dia 26 de julho comemora-se o 60º aniversário do assalto ao regimento do Moncada, em Santiago de Cuba e ao quartel Carlos Manuel de Céspedes, em Bayamo. Sei que inúmeras delegações pensam viajar a Cuba para partilhar conosco essa data na qual nosso pequeno e explorado país decidiu prosseguir a luta inconclusa pela independência da Pátria.
Na época, nosso movimento estava fortemente influído pelas novas ideias que se debatiam no mundo.
Nada se repete exatamente igual na história. Simón Bolívar, libertador da América, um dia, proclamou o desejo de criar na América a maior e mais justa nação, com capital no istmo de Panamá. Incansável criador e visionário, adiantou-se ao sentenciar que os Estados Unidos pareciam destinados a infestar a América de misérias em nome da liberdade.
Cuba sofreu, como também a América do Sul, a América Central e o México com o território que lhe foi arrebatado a sangue e fogo pelo insaciável e voraz vizinho do norte, que se apoderou de seu ouro, de seu petróleo, de seus bosques fabulosos de sequoia, de suas melhores terras e de suas mais ricas e abundantes águas pesqueiras.
No entanto, não estarei com vocês em Santiago de Cuba, pois devo respeitar a óbvia resistência dos guardiões da saúde. Mas, posso escrever e transmitir ideias e recordações que sempre serão úteis, pelo menos para quem escreve.
Há poucos dias, quando observava do carro o que fora um velho centro genético para a produção leiteira, pude ler uma brevíssima síntese de somente um parágrafo do discurso pronunciado no dia 1º de Maio de 2000, há mais de 13 anos.
O tempo apagará aquelas palavras em letra negra sobre uma parede branqueada com cal.
“Revolução […] é lutar com audácia, inteligência e realismo; é não mentir jamais, nem violar princípios éticos; é convicção profunda de que não existe força no mundo capaz de esmagar a força da verdade e das ideias. Revolução é unidade; é independência; é lutar por nossos sonhos de justiça para Cuba e para o mundo, que é a base de nosso patriotismo, de nosso socialismo e de nosso internacionalismo”.
Agora, se cumprem 60 anos daquele fato ocorrido em 1953, sem dúvida valoroso e demonstrativo da capacidade de nosso povo para criar e enfrentar a partir de zero qualquer tarefa. A experiência posterior nos ensinou que teria sido mais seguro começar a luta pelas montanhas, algo que planejávamos fazer caso fosse tomada a fortaleza do Moncada, não poderíamos a contraofensiva militar da tirania com as armas que ocupáramos em Santiago de Cuba, mais que suficientes para vencer naquela contenda e muito mais rapidamente que o tempo investido depois.
Os 160 homens escolhidos para a operação foram selecionados entre 1.200 com os quais contávamos, treinados entre os jovens das antigas províncias de Havana e do leste de Pinar del Río, filiados a um partido radical da nação cubana onde todavia o espírito pequeno burguês incutido pelos donos estrangeiros e por seus meios de divulgação, em maior ou menor medida, influíam em todos os lugares do país.
Eu havia tido o privilégio de estudar e, já na universidade, adquiri uma consciência política a partir de zero. Não é demais repetir o que já contei outras vezes, a primeira célula marxista do Movimento foi criada por mim com Abel Santamaría e Jesús Montané, utilizando uma biografia de Carlos Marx, escrita por Franz Mehring.
O Partido Comunista, integrado por pessoas sérias e consagradas de Cuba, suportava os avatares do Movimento Comunista Internacional. A Revolução, reiniciada em 26 de julho recolheu as experiências de nossa história, o espírito abnegado e combativo da classe operária, a inteligência e o espírito criativo de nossos escritores e artistas, bem como a capacidade que jazia na mente de nosso pessoal científico, que cresceu como espuma. Hoje, nada se parece ao de ontem. Nós mesmos, aos que o azar nos designou o papel de dirigentes, poderíamos nos envergonhar da ignorância que ainda mostram nosso conhecimentos. O dia em que não aprendamos algo novo será um dia perdido.
O ser humano é produto das leis rigorosas que regem a vida. Desde quando? Desde tempos infinitos. Até quando? Até tempos infinitos. As respostas também o são.
Por isso, mesmo que não as partilhe, respeito o direito dos seres humanos a buscar respostas divinas, perguntas que podem ser feitas, sempre e quando as mesmas não tendam a justificar o ódio e a não solidariedade no seio de nossa própria espécie, erro no qual muitas já caíram em um ou em outro momento de sua história.
Sem dúvida, aquela atrevida tentativa não foi um ato improvisado. No entanto, admito que a partir da experiência acumulada teria sido muito mais realista e mais seguro iniciar aquela luta pelas montanhas da Sierra Maestra. Com os 18 fuzis que conseguimos reunir depois do duríssimo revés que sofremos em Alegría de Pío, em parte pela inexperiência e pelo não cumprimento das instruções recebidas pelo Movimento em Cuba, e também pela excessiva confiança nossa no poder de fogo dos expedicionários armados com mais de 50 fuzis com mira telescópica, e seu treinamento em tiro. Mas, atentos aos voos rasantes dos aviões de combate do inimigo, descuidamos a vigilância em terra e nos atacaram em um pequeno bosque. Nunca mais o inimigo pode nos surpreender dessa forma.
Nos combates posteriores, sempre foi ao contrário; e nas ações finais, com menos de 300 combatentes, nos 70 dias de incessante luta, derrotamos a ofensiva de mais de 10 mil homens de suas forças de elite. Nos combates livrados durante dois anos sempre os bombardeiros e caças do inimigo costumavam estar em cima de nós em somente 20 minutos. No entanto, não consta que um só combatente tenha morrido por essa causa naquela dura batalha. Tudo mudou nas décadas seguintes, com a nova tecnologia desenvolvida pelos Estados Unidos e somadas às forças reacionárias na América Latina e no mundo, suas aliadas. Sempre os povos encontrarão formas adequadas de luta.
E vocês estarão lá, no cenário do primeiro combate.
Quando, depois dos fatos que se consumaram no dia 26 de julho, um último carro se aproxima e me recolhe, montei na parte traseira do veículo repleto de gente, outro combatente se acerca pela direita; desci e lhe dei lugar; o carro partiu e fiquei sozinho. Até o momento em que me recolheram pela primeira vez no meio da rua, com a escopeta semiautomática Browning e cartuchos calibre 12, tentava impedir que os homens usassem uma metralhadora calibre 50 do teto de um dos andares do edifício central de mando do amplo campo militar; era o único que se podia ver do tiroteio generalizado que se escutava.
Os poucos companheiros que, com Ramiro Valdés, haviam penetrado na primeira barraca, despertaram aos soldados que lá dormiam e, segundo me explicaram posteriormente, estavam em trajes menores.
Não pude falar com Abel e nem com outros de seu grupo que, de um alto edifício ao fundo do hospital civil, dominavam a parte traseira dos dormitórios. Eu considerava que era absolutamente óbvio para ele o que estava acontecendo. Talvez pensou que eu havia morrido.
Raúl, que estava com o grupo de Lester Rodríguez, via com clareza o que estava acontecendo e pensava que estávamos mortos. Quando o chefe dessa esquadra decide baixar, tomam o elevador e, ao chegar embaixo, toma o fuzil de um sargento, que não faz resistência, nem tampouco os soldados que iam com ele, Toma o mando do grupo e organiza a saída do edifício.
Nesse momento, minha preocupação fundamental era o grupo de companheiros que, supostamente, havia ocupado o quartel de Bayamo e não tinha nenhuma notícia de nós. Eu ainda contava com suficientes cartuchos e pensava vender minha vida bem cara, lutando contra os soldados da tirania.
De repente, aparece outro carro: vinha me buscar; e, de novo, albergo a esperança de ajudar aos companheiros de Bayamo, com uma ação no quartel do Caney.
Vários carros esperavam no final da avenida, onde eu pensava tomar a direção correta. Porém, o próprio companheiro que conduzia o veículo não a tomou; seguiu até a casa de onde partimos na madrugada; lá, trocou de roupa. Eu mudei de arma e tomei um rifle semiautomático calibre 22, com ponta de aço, com um pouco mais de alcance do que a de calibre 12; troquei de roupa e cruzamos uma cerca de arame farpado com aproximadamente 15 homens armados, um deles ferido. Outros deixaram suas armas e subiram aos veículos, tentando buscar uma saída. Comigo ia Jesús Montané e alguns outros chefes. Caminhamos durante horas naquela tarde quente pela encosta norte da Gran Piedra, uma elevada montanha que tentaríamos transpor, para dirigir-nos para o Realengo 18, um caminho empinado sobre o qual Pablo de la Torrente, excelente escritor revolucionário, escreveu que um homem com um fuzil podia resistir a um exército. Porém, Pablo morreu na Espanha, combatendo na Guerra Civil Espanhola, onde ao redor de mil cubanos apoiaram a esse povo contra o fascismo. O havia lido, mas nunca pude falar com ele, pois já havia viajado para a Espanha quando eu estava no colégio.
Nós não pudemos prosseguir até o Realengo e permanecíamos ao sul da cordilheira. A zona montanhosa preferida por mim para a luta guerrilheira se situava entre o santuário do Cobre e o central Pilón; planejei cruzar por ele até o outro lado da Bahia de Santiago de Cuba por um ponto que conhecia desde que estudei no Colégio de Dolores, na cidade onde vocês se reunirão. Grande parte de nosso pequeníssimo grupo estava esgotado pela fome e pelo cansaço. Um ferido havia sido evacuado e Jesús Montané, que apenas podia manter-se de pé. Outros dois, com menos responsabilidade, porém mais saudáveis, marchariam comigo para o ocidente daquelas montanhas. Porém, os fatos mais dramáticos e menos esperançosos estavam ainda por vir. À tarde, demos instruções aos demais companheiros para esconder suas débeis armas em algum lugar do bosque e dirigir-se naquela noite à casa confortável de um camponês que vivia às margens da estrada que ia de Santiago à praia, que dispunha de gado e tinha comunicação telefônica com a cidade. Sem dúvida, foram interceptadas pelo exército. O inimigo de todas as formas conhecia a área próxima onde nos movíamos. Antes do amanhecer, uma esquadra da chefatura militar fortemente armada nos despertou com a ponta de seus fuzis. As veias do pescoço e o rosto daqueles soldados bem alimentados latiam deformadas pela excitação. Nos considerávamos mortos e começa a discussão. No entanto, não me haviam identificado. Ao atar-me fortemente e perguntar-me o nome, ironicamente lhes dei um que usávamos em brincadeiras… Não podia compreender que não percebessem a verdade. Um deles, com o rosto decomposto, vociferava que eles eram os defensores da pátria. Com voz forte lhe respondo que eles eram os opressores, como os soldados espanhóis na luta de nosso povo pela independência.
O chefe da patrulha era um homem negro que, a duras penas podia manter o mando. Não disparem!, gritava constantemente aos soldados.
Em voz mais baixa repetia: “As ideias não me matam, as ideias não me matam”. Em uma daquelas ocasiões, se aproxima de mim e com voz baixa diz e repete: “Vocês são muito valentes, jovens”. Ao escutar aquelas palavras, lhe disse: “Tenente, eu sou Fidel Castro”; e ele responde: “Não diga isso a ninguém”. De novo o acaso se impõe com todas as suas forças.
O tenente não era oficial do regimento; tinha outra responsabilidade legal na região do Oriente.
Mais adiante, de novo, os fatos mais importantes se impõem.
Aos companheiros que deviam desmobilizar-se, dou instruções de guardar as armas e depois os custodiaríamos até o ponto onde deviam fazer contato com as pessoas do Bispo.
A opinião pública de Santiago de Cuba reagiu com energia frente aos horríveis crimes cometidos pelo exército batistano contra os revolucionários.
Monsenhor Pérez Serantes, Bispo de Santiago de Cuba, havia obtido algumas garantias favoráveis a suas gestões pelo respeito à vida dos revolucionários prisioneiros. A Sarría, no entanto, lhe restava uma batalha contra o mando do regimento que delegou a tarefa ao conotado sicário da carnificina imposta pelo chefe militar de Santiago de Cuba, que lhe ordenou trasladar os detidos ao Moncada.
Por primeira vez em nossa Pátria, os jovens haviam iniciado uma luta semelhante frente ao que fora o 1º de janeiro de 1959: uma colônia yanki.
Ao chegar á casa do vizinho junto à estreita estrada que une a cidade com a praia Siboney, um pequeno caminhão esperava. Sarría me sentou entre o chofer e ele. Centenas de metros mais adiante se topam com um veículo do comandante Chaumont, que demanda a entrega do prisioneiro. Como em um filem de ficção científica, o tenente discute e afirma que não entregará o prisioneiro, em vez disso o apresentará ao Vivac de Santiago de Cuba e não á sede do regimento. É dessa forma que o fato rememora uma inusual experiência.
É impossível em tão breve tempo expressar a nossos ilustres visitantes as ideias que suscitam em minha mente os incríveis tempos que estamos vivendo.
Não posso pensar que dentro de 10 anos, no 70º aniversário, escreveria um livro. Infelizmente, ninguém pode garantir que haverá um 70º, um 80º, um 90º, ou um centésimo aniversário do Moncada. Na Conferência Internacional sobre Meio Ambiente, do Rio de janeiro, disse que uma espécie estava em perigo de extinção: o homem. Porém, então acreditava que seria questão de séculos. Agora não sou tão otimista. De todas as formas, nada me preocupa; continuará existindo a vida na inabarcável dimensão do espaço e do tempo.
Enquanto isso, digo algo, já que cada dia amanhece para todos os habitantes de Cuba e do mundo:
Os líderes de qualquer das mais de 200 nações grandes e pequenas, revolucionárias ou não, necessitam continuar vivendo. Tão difícil é a tarefa de criar a justiça e o bem estar que os líderes de cada país necessitam autoridade, ou, do contrário, reinará o caos.
Em dias recentes, tentaram caluniar nossa Revolução, tentando apresentar ao Chefe de Estado e Governo de Cuba, enganando a Organização das Nações Unidas e outros chefes de Estado, imputando-lhe uma dupla conduta.
Não vacilo em assegurar que apesar de que durante anos nos negamos a assinar acordos sobre a proibição de tais armas, porque não estávamos de acordo em outorgar essas prerrogativas a nenhum Estado, nunca tentaríamos fabricar uma arma nuclear.
Estamos contra todas as armas nucleares. Nenhuma nação, grande ou pequena, deve possuir esse instrumento de extermínio capaz de pôr fim à existência humana no planeta. Qualquer um dos que já possuem tais armas já dispõe de número suficiente para criar a catástrofe. Jamais o temor de morrer impediu as guerras em nenhuma parte do planeta. Hoje, não só as armas nucleares, mas também a mudança climática é o perigo mais iminente que em menos de um século pode tornar impossível a sobrevivência da espécie humana.
Um líder latino-americano e mundial, ao que desejo render especial tributo pelo que fez a favor de nosso povo e de outros povos do Caribe e do mundo é Hugo Chávez Frías; ele estaria aqui entre nós, se não houvesse caído em seu valente combate pela vida; ele, como nós, não lutou para viver; mas, viveu para lutar.
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Queridos amigos:
El viernes 26 de julio se arriba al 60 aniversario del asalto al regimiento del Moncada en Santiago de Cuba y al cuartel Carlos Manuel de Céspedes en Bayamo. Conozco que numerosas delegaciones piensan viajar a Cuba para compartir con nosotros esa fecha en la que nuestro pequeño y explotado país decidió proseguir la lucha inconclusa por la independencia de la Patria.
Ya entonces también nuestro Movimiento estaba fuertemente influido por las nuevas ideas que se debatían en el mundo.
Nada se repite exactamente igual en la historia. Simón Bolívar, libertador de América, proclamó un día el deseo de crear en América la mayor y más justa de las naciones, con capital en el istmo de Panamá. Incansable creador y visionario, se adelantó más tarde al sentenciar que Estados Unidos parecían destinados a plagar la América de miserias a nombre de la libertad.
Cuba sufrió, como América del Sur, Centro América y México con el territorio que le fuere arrebatado a sangre y fuego por el insaciable y voraz vecino del norte, que se apoderó de su oro, su petróleo, sus bosques fabulosos de sequoia, sus mejores tierras y sus más ricas y abundantes aguas pesqueras.
No estaré sin embargo con ustedes en Santiago de Cuba, pues debo respetar la obvia resistencia de los guardianes de la salud. Puedo en cambio escribir y trasmitir ideas y recuerdos, que siempre serán útiles, al menos para el que escribe.
Hace breves días, cuando observaba desde mi asiento en la parte media de un vehículo de doble tracción lo que fuera un viejo centro genético para la producción lechera, pude leer una brevísima síntesis de solo un párrafo del discurso pronunciado el Primero de Mayo del año 2000, hacía ya más de 13 años.
El tiempo borrará aquellas palabras en letra negra sobre una pared blanqueada con cal.
“Revolución […] es luchar con audacia, inteligencia y realismo; es no mentir jamás ni violar principios éticos; es convicción profunda de que no existe fuerza en el mundo capaz de aplastar la fuerza de la verdad y las ideas. Revolución es unidad, es independencia, es luchar por nuestros sueños de justicia para Cuba y para el mundo, que es la base de nuestro patriotismo, nuestro socialismo y nuestro internacionalismo.”
Ahora se cumplen 60 años de aquel hecho ocurrido en 1953, sin duda valeroso y demostrativo de la capacidad de nuestro pueblo para crear y enfrentar a partir de cero cualquier tarea. La experiencia posterior nos enseñó que habría sido más seguro comenzar la lucha por las montañas, algo que planeábamos hacer si tomada la fortaleza del Moncada, no podíamos resistir la contraofensiva militar de la tiranía con las armas que ocupáramos en Santiago de Cuba, más que suficientes para vencer en aquella contienda y mucho más rápidamente que el tiempo invertido después.
Los 160 hombres escogidos para la operación fueron seleccionados entre 1 200 con los que contábamos, entrenados entre los jóvenes de las antiguas provincias de La Habana y el este de Pinar del Río, afiliados a un partido radical de la nación cubana donde todavía el espíritu pequeño burgués inculcado por los dueños extranjeros y sus medios de divulgación, en mayor o menor medida, influían en todos los rincones del país.
Yo había tenido el privilegio de estudiar, y ya en la universidad adquirí una consciencia política a partir de cero. No está de más repetir lo que he contado otras veces, la primera célula marxista del Movimiento la creé yo con Abel Santamaría y Jesús Montané, utilizando una biografía de Carlos Marx, escrita por Franz Mehring.
El Partido Comunista, integrado por personas serias y consagradas de Cuba, soportaba los avatares del Movimiento Comunista Internacional. La Revolución reiniciada el 26 de julio recogió las experiencias de nuestra historia, el espíritu abnegado y combativo de la clase obrera, la inteligencia y espíritu creativo de nuestros escritores y artistas, así como la capacidad que yacía en la mente de nuestro personal científico, que ha crecido como la espuma. Nada se parece hoy a lo de ayer. Nosotros mismos, a los que el azar nos designó el papel de dirigentes, nos podríamos abochornar de la ignorancia que todavía muestran nuestros conocimientos. El día que no aprendamos algo nuevo será un día perdido.
El ser humano es producto de las leyes rigurosas que rigen la vida. ¿Desde cuándo? Desde tiempos infinitos ¿Hasta cuándo? Hasta tiempos infinitos. Las respuestas también lo son.
Por ello, aunque no las comparta, respeto el derecho de los seres humanos a buscar respuestas divinas, preguntas que pueden hacerse, siempre y cuando las mismas no tiendan a justificar el odio y no la solidaridad en el seno de nuestra propia especie, error en el que han caído muchas en uno u otro momento de su historia.
Aquel atrevido intento no fue sin duda un acto improvisado; admito sin embargo que a partir de la experiencia acumulada habría sido mucho más realista y más seguro iniciar aquella lucha por las montañas de la Sierra Maestra. Con los 18 fusiles que logramos reunir después del durísimo revés que sufrimos en Alegría de Pío, en parte por inexperiencia y el incumplimiento de las instrucciones recibidas por el Movimiento en Cuba, y también por la excesiva confianza nuestra en el poder de fuego de los expedicionarios armados con más de 50 fusiles con mirilla telescópica, y su entrenamiento en tiro. Atentos sin embargo a los vuelos rasantes de los aviones de combate del enemigo, descuidamos la vigilancia en tierra y nos atacaron en un pequeño cayo de monte a pocos metros de nosotros. Nunca más nos pudo sorprender de esa forma el enemigo.
En los combates librados después siempre fue al revés, y en las acciones finales, con menos de 300 combatientes, en 70 días de incesante lucha derrotamos la ofensiva de más de 10 mil hombres de sus fuerzas élites. En los combates librados durante dos años siempre los bombarderos y cazas del enemigo en solo 20 minutos solían estar encima de nosotros. No consta sin embargo que haya muerto un solo combatiente por esa causa en aquella dura lucha. Todo cambió en las décadas siguientes con la nueva tecnología desarrollada por Estados Unidos y sumadas a las fuerzas reaccionarias en América Latina y el mundo, aliadas a ellos. Siempre los pueblos encontrarán las formas adecuadas de lucha.
Ustedes estarán allí, en el escenario del primer combate.
Cuando, después de los hechos que se consumaron el 26 de julio, un último carro se acerca y me recoge, monté en la parte trasera del vehículo repleto del personal, otro combatiente se acerca por la derecha; me bajo y le doy mi asiento; el carro parte y me quedo solo. Hasta el momento que me recogieron por primera vez en medio de la calle, con la escopeta semiautomática Browning y cartuchos calibre 12 de balines, trataba de impedir que dos hombres usaran una ametralladora calibre 50 desde el techo de uno de los pisos del edificio central de mando del amplio campo militar; era lo único que podía verse del tiroteo generalizado que se escuchaba.
Los pocos compañeros que con Ramiro Valdés habían penetrado en la primera barraca despertaron a los soldados que allí dormían y, según me explicaron posteriormente, estaban en paños menores.
No pude hablar con Abel ni otros de su grupo que desde un alto edificio al fondo del hospital civil, dominaban la parte trasera de los dormitorios. Yo consideraba que era absolutamente obvio para él lo que estaba ocurriendo. Tal vez pensó que yo había muerto.
Raúl, que estaba con el grupo de Lester Rodríguez, veía con claridad lo que estaba ocurriendo y pensaba que estábamos muertos. Cuando el jefe de esa escuadra decide bajar, toman el elevador, y al llegar abajo, le arrebata el fusil a un sargento que no hace resistencia, ni tampoco los soldados que iban con él. Toma el mando del grupo y organiza la salida del edificio.
Mi preocupación fundamental era en ese momento el grupo de compañeros que supuestamente había ocupado el cuartel de Bayamo y no tenía noticia alguna de nosotros. Por mi parte, contaba todavía con suficientes cartuchos y pensaba vender bien cara mi vida luchando contra los soldados de la tiranía.
De repente aparece otro carro: venía a buscarme; y de nuevo albergo la esperanza de ayudar a los compañeros de Bayamo con una acción en el cuartel del Caney.
Varios carros esperaban al final de la avenida donde yo pensaba tomar la dirección correcta hacia ese punto. Pero el propio compañero que conducía el vehículo que entró para buscarme no la tomó, siguió hacia la casa de donde partimos por la madrugada, allí se cambió de ropa. Yo cambié de arma y tomé un rifle semiautomático calibre 22 con punta de acero, con un poco de más alcance que la calibre 12 de balines, me puse alguna ropa y a varios pasos de allí cruzamos una cerca de púas con aproximadamente 15 hombres armados, uno de ellos herido. Otros dejaron sus armas y tomaron los vehículos tratando de buscar una salida. Conmigo iba Jesús Montané y algunos otros jefes. Caminamos horas aquella calurosa tarde por la falda norte de la Gran Piedra, una elevada montaña que trataríamos de cruzar para dirigirnos hacia el Realengo 18, un camino empinado del que Pablo de la Torriente, excelente escritor revolucionario, escribió que un hombre con un fusil podía resistir a un ejército. Pero, Pablo murió en España combatiendo en la Guerra Civil Española, donde alrededor de mil cubanos apoyaron a ese pueblo contra el fascismo. Lo había leído, pero nunca pude hablar con él, ya había viajado a España cuando yo estudiaba bachillerato.
Nosotros no pudimos ya proseguir hasta aquel realengo y permanecíamos al sur de la cordillera. La zona montañosa preferida por mí para la lucha guerrillera se situaba entre el santuario del Cobre y el central Pilón; planeé por ello cruzar hasta el otro lado de la bahía de Santiago de Cuba por un punto que conocía desde que estudié en el Colegio de Dolores, en la ciudad donde ustedes se reunirán. Gran parte de nuestro pequeñísimo grupo estaba agotado por el hambre y las fatigas. Un herido había sido evacuado y Jesús Montané que apenas podía mantenerse en pie. Otros dos, con menos responsabilidad pero más saludables, marcharían conmigo hacia el occidente de aquellas montañas. Pero los hechos más dramáticos y menos esperanzadores estaban todavía por llegar. En la tarde le dimos instrucciones al resto de los compañeros de esconder sus débiles armas en algún lugar del bosque y dirigirse aquella noche a la casa confortable de un campesino que vivía a orillas de la carretera que iba de Santiago a la playa, que disponía de ganado y tenía comunicación telefónica con la ciudad. Sin duda fueron interceptadas por el ejército. El enemigo de todas formas conocía el área cercana por donde nos movíamos. Antes del amanecer, una escuadra de la jefatura militar fuertemente armada, nos despertó con la punta de sus fusiles. Las venas del cuello, y el rostro de aquellos soldados bien alimentados, se veían latir deformadas por la excitación. Nos dábamos por muertos y en el acto estalla la discusión. Sin embargo no me habían identificado. Al atarme profundamente y preguntarme el nombre, irónicamente les doy uno que usábamos en bromas de la peor especie. No podía comprender que no se dieran cuenta de la verdad. Uno de ellos, con rostro descompuesto, vociferaba que ellos eran los defensores de la patria. Con voz fuerte le respondo que ellos eran los opresores, como los soldados españoles en la lucha de nuestro pueblo por la independencia.
El jefe de la patrulla era un hombre negro que a duras penas podía mantener el mando. ¡No disparen!, les gritaba constantemente a los soldados.
En voz más baja repetía: “Las ideas no se matan, las ideas no se matan”. En una de aquellas ocasiones se acerca a mi y con voz baja dice y repite: “Ustedes son muy valientes, muchachos”. Al escuchar aquellas palabras le digo: “Teniente, yo soy Fidel Castro”; y el responde: “No se lo digas a nadie”. De nuevo el azar se impone con todas sus fuerzas.
El teniente no era oficial del regimiento, tenía otra responsabilidad legal en la región de Oriente.
Más adelante se imponen de nuevo los hechos más importantes todavía.
A los compañeros que debían desmovilizarse les doy instrucciones de guardar las armas, y después los custodiaríamos hasta el punto donde debían hacer contacto con las personas del Obispo.
La opinión pública de Santiago de Cuba había reaccionado con energía frente a los horribles crímenes cometidos por el ejército batistiano contra los revolucionarios.
Monseñor Pérez Serantes, Obispo de Santiago de Cuba, había obtenido algunas garantías favorables a sus gestiones por el respeto a la vida de los revolucionarios prisioneros. A Sarría, sin embargo, le quedaba una batalla por librar contra el mando del regimiento que esta vez delegó la tarea al más connotado esbirro de la carnicería impuesta por el jefe militar de Santiago de Cuba, que le ordenó trasladar los detenidos al Moncada.
Por primera vez en nuestra Patria los jóvenes habían entablado una lucha semejante frente a lo que fuera hasta el Primero de Enero de 1959: una colonia yanki.
Al llegar a la casa del vecino junto a la estrecha carretera que une la ciudad con la playa Siboney, un pequeño camión esperaba. Sarría me sentó entre el chofer y él. Cientos de metros más adelante se topan con el vehículo del comandante Chaumont que demanda la entrega del prisionero. Como en una película de ciencia ficción el teniente discute y afirma que no entregará al prisionero, en vez de eso lo presentará al Vivac de Santiago de Cuba y no a la sede del regimiento. Es así como el hecho rememora una inusual experiencia.
Es imposible en tan breve tiempo expresarle a nuestros ilustres visitantes las ideas que suscitan en mi mente los increíbles tiempos que estamos viviendo.
No puedo pensar que dentro de 10 años, en el 70 aniversario, escribiría un libro. Desgraciadamente nadie puede asegurar que habrá un 70, un 80, un 90, o un centésimo aniversario del Moncada. En la Conferencia Internacional sobre el Medio Ambiente, de Río de Janeiro, dije que una especie estaba en peligro de extinción: el hombre. Pero entonces creía que sería cuestión de siglos. Ahora no soy tan optimista. De todas formas nada me preocupa; seguirá existiendo la vida en la inabarcable dimensión del espacio y el tiempo.
Mientras tanto digo solo algo, ya que cada día amanece para todos los habitantes de Cuba y del mundo:
Los líderes de cualquiera de las más de 200 naciones grandes y pequeñas, revolucionarias o no, necesitan seguir viviendo. Tan difícil es la tarea de crear la justicia y el bienestar, que los líderes de cada país necesitan autoridad, o de lo contrario reinará el caos.
En días recientes se intentó calumniar a nuestra Revolución, tratando de presentar al Jefe de Estado y Gobierno de Cuba, engañando a la Organización de Naciones Unidas y a otros jefes de Estado, imputándole una doble conducta.
No vacilo en asegurar que aunque durante años nos negamos a suscribir acuerdos sobre la prohibición de tales armas porque no estábamos de acuerdo en otorgar esas prerrogativas a ningún Estado, nunca trataríamos de fabricar un arma nuclear.
Estamos contra todas las armas nucleares. Ninguna nación, grande o pequeña, debe poseer ese instrumento de exterminio, capaz de poner fin a la existencia humana en el planeta. Cualquiera de los que tales armas poseen, dispone ya de suficientes para crear la catástrofe. Jamás el temor a morir, ha impedido las guerras en ninguna parte del planeta. Hoy no solo las armas nucleares sino también el Cambio Climático es el peligro más inminente que en menos de un siglo puede hacer imposible la supervivencia de la especie humana.
Un líder latinoamericano y mundial, al que deseo rendir hoy especial tributo por lo que hizo a favor de nuestro pueblo y a otros del Caribe y del mundo es Hugo Chávez Frías; él estaría aquí hoy entre nosotros si no hubiese caído en su valiente combate por la vida; él como nosotros no luchó para vivir; vivió para luchar.
Fuente: http://www.cubadebate.cu/noticias/2013/07/28/he-vivido-para-luchar/