Festival de consciência ambiental na Guarda

    rio da madre

    Por Fabiane Berlese.

    Um sábado de sol na areia da praia e às margens do Rio da Madre é ideal para… refletir sobre meio ambiente. Foi com este cenário e motivados por muita preocupação ambiental que os idealizadores do projeto SOS Rio da Madre realizaram o 2º festival “Eu abraço SOS Rio da Madre”, no último sábado, dia 23. Música, esportes, artesanatos e exposição de produtos naturais estiveram disponíveis durante todo o dia, com o intuito de mobilizar a comunidade para a proteção ambiental da Baixada do Maciambu. Folders, cartazes e um abraço simbólico realizado no rio também atentaram para os problemas estruturais que ameaçam a região.
    Realizado pela primeira vez em 2011, o abraço simbólico foi uma forma que a comunidade encontrou de manifestar a necessidade de melhorias no saneamento básico na região. De acordo com a geógrafa Haliskarla Moreira de Sá, de 35 anos, uma das voluntárias do projeto, esse cartão postal do estado ainda tem vários pontos de balneabilidade comprometida na alta temporada.
    Com a primeira manifestação, os questionamentos da comunidade repercutiram entre as autoridades. Após as reivindicações, o Ministério Publico Federal moveu um processo contra a prefeitura de Palhoça que a impossibilita de emitir novos alvarás de construção até implantar de fato um sistema de esgoto na Baixada do Maciambu.
    De acordo com o presidente da Associação de Surf e Preservação da Guarda do Embaú (ASPG) e voluntário do projeto SOS Rio da Madre, Marco Aurélio Gungel, o Kito, o dia do abraço em 2011 foi um marco e deu ao movimento mais forças e aliados para defender a causa. “Novas situações aconteceram e outras cabeças se uniram ao projeto, de modo que novas ações passaram a ser desenvolvidas, e a ideia desse festival cultural surgiu para ecoar estes problemas que ameaçam o Rio da Madre”, revela o voluntário.
    Atualmente, os modelos dos planos diretores de Palhoça e Paulo Lopes geram reivindicações, e dentre os pontos questionados pelo movimento, também estão as mudanças no zoneamento da região, a verticalização da costa e a instalação de atividades econômicas de grande porte na região Sul do município. “Parte da Baixada do Maciambu que pertencia ao Parque do Tabuleiro foi desanexada e transformada em uma APA que ainda não saiu do papel, o que compromete muito a gestão desses ambientes naturais”, esclarece Haliskarla.

    Revisão do Plano Diretor
    Também presente no evento, o secretário de Desenvolvimento Regional do Sul da Palhoça, José Henrique Francisco dos Santos, recentemente nomeado, apontou a falta de interesse do poder público nos últimos 10 anos como principal fator agravante à situação da Baixada do Maciambu. “A nossa região há muito tempo já devia ter um planejamento. A ausência desse planejamento fez com que essa região crescesse desordenadamente, e hoje a própria prefeitura sofre com esse desordenamento” analisa.
    Diante da polêmica que gira em torno do Plano Diretor do município, o secretário cita os interesses da Baixada do Maciambu como pontos cruciais na reformulação do planejamento. “Foi vendo o clamor da população do Sul, e que os interesses da comunidade não estavam sendo atendidos, que a prefeitura decidiu que o Plano Diretor deveria voltar para o Executivo para ser reavaliado”, justifica o secretário. Ele delineia o que será considerado na reavaliação da proposta: “O crescimento é eminente e tem que acontecer, mas priorizando a natureza, priorizado a nossa verdadeira vocação, que é o turismo das praias, o turismo de aventura”.
    Dentre as medidas pensadas para a composição do planejamento, Henrique aposta na interdisciplinaridade entre as secretarias para gerar condições de que a comunidade desenvolva uma economia independente e sustentável. “Conto com apoio dos outros secretários para preparar a base da localidade, preparar a infraestrutura e formalizar o comércio, para, consequentemente, aumentar a arrecadação e dispor de mais recursos para investir em melhorias para o Sul da Palhoça”, menciona o secretário.

    Público aprova
    Em visita à cidade vizinha, o servidor público e morador de São José Eraldo de Souza, de 47 anos, aproveitou o sol e as apresentações culturais para curtir o sábado. “Viemos almoçar aqui e ficamos curiosos para saber. Descobrimos esta excelente ideia do festival em benefício do meio ambiente”, destaca.
    O resgate da cultura e as tradições também encantaram o visitante, que vê na cultura a melhor forma de se sentir parte do local onde mora e dar valor às belezas naturais. “Fiquei mais contente porque quando eu cheguei aqui vi a representação do Boi de Mamão tradicional da Palhoça. A cultura é a melhor forma para aprender a dar valor à terra, em todos os sentidos”, comenta o servidor.
    Moradora da Guarda do Embaú, a pescadora Patrícia Janaina Francis, de 33 anos, percebe no evento uma oportunidade de mostrar às autoridades as necessidades da região. “Aqui a gente precisa de mais atenção dos governantes para preservação, mais vontade dos políticos. A gente está se movimentando assim para ver se eles tomam iniciativa e cuidam mais de preservar a região”, reflete.

    Movimento

    O que é o SOS Rio da Madre

    O SOS Rio da Madre luta pela proteção ambiental de todo ecossistema natural da Baixada do Maciambu. Entre as reivindicações estão a implantação de saneamento básico, revisão das mudanças no zoneamento, a verticalização da costa e a instalação de atividades econômicas de grande porte na região.
    O movimento, que começou de maneira voluntária e tem se fortalecido pela internet, reúne diversas associações de moradores, pescadores, surfistas e ambientalistas, com o objetivo de conscientizar a vizinhança e pressionar a prefeitura de Palhoça
    Para acompanhar tudo o que acontece no movimento SOS Rio da Madre, acesse www.facebook.com/sosriodamadre ou http://sosriodamadre.blogspot.com.br

    Foto: William Zimmermann

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