A Fundação Nacional de Artes – Funarte apresenta, nos dias 20 e 22 de outubro, às 20h, mais dois espetáculos integrantes do Festival Funarte Acessibilidança- Etapa Sudeste. Conexões, de São Paulo, e Húmus, de Minas Gerais, serão disponibilizados no canal da Fundação no YouTube, em vídeos com audiodescrição e Libras. Nesta fase, performances inclusivas do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo ficarão disponíveis para acesso gratuito, em bit.ly/
A Trupe CircoDança, de São Paulo, exibe Conexões, na próxima quarta-feira, dia 20. A obra conta a história de um escritor em crise. Em cena, ao se deparar com objetos afetivos — neste caso, uma caixinha de música, um manton (xale) e um violoncelo —, ele aciona sua memória. Logo depois, dedica-se ao trabalho de escrever poesias, por meio das conexões de seus pensamentos com os artistas que povoam sua mente criativa. Dez bailarinos e acrobatas interpretam as cenas, baseadas nos pensamentos dele. Enquanto o escritor cria seu próprio universo, os personagens surgem em sua mente e apresentam performances, tornando sua escrita cada vez mais criativa.
A bailarina Suzie Bianchi, idealizadora da companhia, comenta sobre a participação do grupo e a premiação no Festival Acessibilidança. “O Festival veio para que a gente pudesse reexistir, nesse momento tão difícil de pandemia. O período que ficamos reclusos estancou muito aqui para a nossa companhia, já que a maioria dos integrantes tem algum tipo de deficiência ou faz parte de algum grupo de risco. O prêmio veio como um alento e foi de extrema importância para mostrar a diversidade da nossa arte. Também estou muito feliz por ter tido a oportunidade de conhecer grupos de outros estados do Brasil,‘do Oiapoque ao Chuí’. Nos sentimos honrados em ter ganhado este prêmio. Gratidão à Funarte por fazermos parte deste evento”, ressalta a diretora.
O CircoDança é um grupo artístico com sede no município de São Paulo, idealizado pela bailarina, professora e multiartista Suzie Bianchi. Focada na acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência, a trupe atua em duas frentes principais: a formação em dança e circo, por meio de sua escola, e a realização de espetáculos e ações artísticas, pela companhia. Com mais de 15 anos de atuação, o grupo desenvolve pesquisa voltada às zonas híbridas de criação entre a dança e o circo, não como linguagens separadas, mas em uma forma criativa que une e experimenta as duas expressões de modo integrado.
No dia 22 de outubro, sexta-feira, às 20h, a diretora Renata Mara, de Minas Gerais, lança a montagem Húmus. A artista tem baixa visão, ocasionada por uma doença degenerativa da retina. A obra reflete uma estética da sensação, trazendo a sensibilidade da bailarina para o seu fazer em dança. “A diversidade dos corpos em cena evidencia tanto as particularidades e habilidades dos bailarinos quanto a inexorável condição humana, marcada pela espiral de nascimento e morte. Humano, humilde, enraizado na terra. A palavra ‘húmus’ indica: substância orgânica, amorfa, proveniente da decomposição vegetal e animal que revitaliza e fertiliza o solo”, explica Renata.
O processo de criação de Húmus foi baseado no método DanceAbility, idealizado pelo norte-americano Alito Alessi, na década de 1980. A técnica de ensino não é uma proposta voltada exclusivamente para as pessoas com deficiência, mas sim para todos. O trabalho se baseia na experimentação artística, a partir de movimentos improvisados. O grupo tem habilidades mistas, formado por dançarinos com características específicas, envolvendo pessoas com deficiência. A prática possibilita o convívio com diferentes formas de compreensão e expressão, permitindo a ampliação do conceito hegemônico de beleza. Na obra, improvisação de som e movimento são mesclados com coreografias e canções.
A diretora do espetáculo, Renata Mara, é mineira, artista de dança, docente e pesquisadora com baixa visão. Suas criações atuais integram corpo, música, imagem, poesia e cena. Interessada no fazer artístico “por e para todos”, é professora certificada do método DanceAbility, sendo referência em práticas e estudos em arte, educação, inclusão e acessibilidade. É doutoranda em teatro, contribuindo assim tanto com a produção artística quanto acadêmica de nosso país. Sobre o Festival Funarte Acessibilidança, Renata ressalta a importância de existir uma premiação como esta, diante do contexto social, cultural e nacional, em que os artistas com deficiência ainda estão inseridos. Mas acredita em um futuro sem separação de artistas com e sem deficiência ou um edital específico para cada um.
“Representamos um Brasil de diversidade em dança, o que, por si só, já é diverso. O Festival é um espaço onde artistas e grupos mistos, com ou sem deficiência, podem se manifestar, se expressar e marcar de fato sua presença num lugar de reconhecimento enquanto produção artística nacional”, afirma a bailarina. E explica: “O prêmio chega para a gente como um impulso, uma alegria, uma forma de se reinventar. Transitar entre o olhar do artista cênico e o olhar do artista visual e, no meu caso, o de artista não visual (devido à baixa visão da diretora). Ter oHúmus representando o estado de Minas Gerais, enquanto produção mineira dentro de um festival nacional, é extremamente gratificante. Eu só tenho a agradecer ao evento”.
A programação do Acessibilidança segue com a apresentação de mais dois premiados do Rio de Janeiro: Diversidade na dança através da singularidade de cada bailarino, no dia 27; e Elementos disponíveis para outras composições, dia 29 de outubro. Em novembro, fechando a primeira edição do Festival, entram em cartaz: Annata, no dia 3; e Só se fechar os olhos, no dia 5, ambos de São Paulo. As montagens Coisa de Anjo e Olhares Ímpares, do Rio de Janeiro, já podem ser apreciadas no canal da Funarte no YouTube.
Sobre o Festival
A primeira edição do Festival Funarte Acessibilidança foi criado a partir das ações do Prêmio Festival Funarte Acessibilidança Virtual 2020. No concurso público, foram premiados 25 projetos de vídeos de espetáculos, que promovem o acesso de todas as pessoas à arte. O objetivo do processo seletivo é valorizar e fortalecer a expressão da dança brasileira, bem como fomentar a democratização, a inclusão e a acessibilidade.
Com a iniciativa, a Funarte busca realizar novas ações a partir do uso das mais recentes tecnologias, estendendo, desse modo, um novo modelo para todo o Brasil. Assim, a Fundação reforça seu compromisso de promover e incentivar a produção, a prática, o desenvolvimento e a difusão das artes no país; e de atuar para que a população possa cada vez mais usufruir das manifestações artísticas. Criada em 1975, a Funarte segue, portanto, empenhada em acompanhar as transformações no cenário artístico e social.
O coordenador de Dança, Fabiano Carneiro, destaca a importância do projeto e já adianta uma série de desdobramentos e conexões que estão sendo estabelecidas a partir do lançamento do programa inédito na instituição. “O Festival Funarte Acessibilidança tem um papel de extrema relevância para a classe artística e para a sociedade, ao contemplar a participação de artistas com e sem deficiência em sua programação. O festival proporciona, ao público espectador, uma agenda diversificada e totalmente acessível por meio dos canais digitais da Funarte. Estamos planejando a segunda edição do Festival e, em breve, vamos realizar encontros virtuais entre os artistas das diferentes regiões do Brasil”, ressalta o coordenador.
Festival Funarte Acessibilidança
Acesso gratuito, no canal: bit.ly/
Com audiodescrição e Libras
Espetáculo Conexões, da Trupe CircoDança (SP)
Dia 20 de outubro, quarta-feira, às 20h
Ficha técnica:
Direção: Suzie Bianchi | Direção artística: Cinthia Beranek | Coordenação de produção: Igor Augustho | Roteiro: Giovani Venturini | Músicas: AndreSchulle e Samir Elshaer | Coreógrafos e comicidade física: Alberto Jair Garcia, Ilson Odair Helvécio | Flavio Santos da Silva | Cinthia Beranek, Marcelo Lujan, Fernando Sampaio e Fernando Paz | Elenco: Paloma Fonseca, Juliana Daibert, Melina Mesquita, Ilson Helvecio, Flavio Santos, Alberto Garcia, Rafael Barbosa | Assistente de palco: Luciana Diniz | Iluminação: Sylvie Laila | Som e projeto de imagens cênicas: Veridiana Ravizza e Samir Elshaer | Objetos cênicos: Ari Buccione e Samir Elshaer | Fotografia: Paulo Barbuto
Montagem Húmus, da bailarina Renata Mara (MG)
Dia 22 de outubro, sexta-feira, às 20h
Duração: 50 minutos
Classificação indicativa: livre
Ficha técnica:
Direção: Renata Mara | Assistência de direção: Ricelli Piva | Bailarinos: Alice Alves, Carlos Gomes, Nadja Kaikai, Getúlio Ramalho, Priscila Patta, Renata Mara, Samuel Samway, Sara Marchezini |Trilha, direção musical, efeitos elétricos, guitarra, violão e voz: Daniel Torquete | Bateria: Paulo Froes | Flauta, piano e saxofone: Vinícius Mendes | Músicas: Estrela de Chão, de Alexandre Andrés & Bernardo Maranhão; e Anoitecer, de Zé Miguel Wisnik | Iluminação: AknerGustavison | Sonorização: Rafael Dutra | Figurino: Gabriela Dominguez | Assistência de figurino: Rafael Miranda | Costureiras: Penha Hermisdorf e Rosangela Maria Pereira dos Santos | Intérprete de Libras | Uziel Ferreira | Apoio: Laís Drumond | Audiodescrição, roteiro e locução: Anita Rezende | Consultoria: Elizabete Sá | Edição de audiodescrição: Bianca Dantas | Arte gráfica: Angela Peres e Carol Cafiero | Foto: Laduá Audiovisual Criativo | Vídeo: Leonardo GoodGod e André Frade | Cinegrafistas: André Frade, Igor Hermont e Andevaldo Xavier | Assessoria de imprensa: Lucas Buzatti, da Floriano Comunicação | Produção: Ricelli Piva | Local de gravação: Funarte MG, em Belo Horizonte.
Agenda dos contemplados da Região Sudeste
Espetáculo Diversidade na dança através da singularidade de cada bailarino, da Cia. Carioca sobre Rodas (RJ)
Dia 27 de outubro, quarta-feira, às 20h
Montagem Elementos disponíveis para outras composições, da Cia. Gente (RJ)
Dia 29 de outubro, sexta-feira, às 20h
Espetáculo Annata, do Núcleo Quimera de Criações (SP)
Dia 3 de novembro, quarta-feira, às 20h
Montagem Só se fechar os olhos, do Coletivo Desvio Padrão (SP)
Dia 5 de novembro, sexta-feira, às 20h
Espetáculos disponíveis no canal da Funarte no YouTube
Região Norte: Lua de Mel, da Cia. Lamira Artes Cênicas (TO); Maculelê: Reconstruindo o Quilombo, do Grupo de Dança Reconstruindo o Quilombo (RO); e Solatium, do Corpo de Dança do Amazonas (AM)
Região Sul: Flamenco Imaginário, da Cia. Del Puerto (RS); Convite ao Olhar, da Cia. de Dança Lápis de Seda (SC); e Do Avesso, do Grupo Nó Movimento em Rede (PR)
Região Nordeste: Estado de Apneia, do Grupo Movidos Dança Contemporânea (RN); Ensaio sobre o Silêncio, da coreógrafa Taciana Gomes (PE); Maré – Versão virtual e acessível, do Coletivo CIDA (RN); Rio sem Margem, do bailarino Elísio Pitta (BA); de Plenitude, da Cia. de Dança Eficiente (PI); Ah, se eu fosse Marilyn!, do coreógrafo Edu O. (BA), e Proibido Elefantes, da Cia. Gira Dança (RN)
Região Centro-Oeste: Capão Dançante, da Cia. Theastai de Artes Cênicas (MS); Depois do Silêncio, da Arteviva Produções Artísticas e Universo Criativo (DF); Rodas em Dança: Livre e Lives, da Cia. de Dança Street Cadeirante (DF), e TransBordar, do Grupo de Dança Diversus (GO)
Região Sudeste: Coisa de Anjo, da Cia. ILTDA (RJ) e Olhares Ímpares, da Pulsar Cia. de Dança (RJ)
Realização
Fundação Nacional de Artes – Funarte | Centro de Artes Cênicas | Coordenação de Dança
Secretaria Especial da Cultura | Ministério do Turismo | Governo Federal
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Mais informações para a imprensa
Assessoria de Comunicação – Funarte
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Outras ações e editais da Funarte: www.funarte.gov.br