Fernando Morais critica violência da extrema direita: “É a treva contra a democracia”

Jornalista visitou o ex-presidente Lula nesta quinta-feira (11), em Curitiba, acompanhado do colega Mino Carta.

Foto: Joka Madruga

Por Lia Bianchini.

“O que está em jogo é a treva contra a democracia”. Essa é a análise do jornalista e escritor Fernando Morais sobre o atual cenário político brasileiro. Morais esteve em Curitiba nesta quinta (11), junto ao colega de profissão Mino Carta, para uma visita ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Após a visita, os dois concederam entrevista coletiva. Morais visitou a Vigília Lula Livre, que fica em frente à Superintendência da Polícia Federal, onde o ex-presidente Lula está preso há 188 dias.

“[Vim] com a preocupação que deve ser comum à boa parte da população brasileira, que é o risco da volta do fascismo. O que está em jogo não é uma eleição entre dois partidos, entre duas pessoas, o que está em jogo é a treva e de outro lado a democracia”, afirmou.

Autor de clássicos como Olga e Os últimos soldados da Guerra Fria, o jornalista criticou os atos de violência que têm acontecido por todo o país, afirmando que só um dos lados da disputa eleitoral é responsável por incitar tais crimes. Para ele, a extrema direita, representada por Jair Bolsonaro, propicia um cenário de “banalização da violência”.

Segundo levantamento realizado pela Agência Pública, desde o dia 30 de setembro, aconteceram 70 atos de violência com motivações políticas, em 18 estados brasileiros e no Distrito Federal. Cinquenta desses crimes foram cometidos por apoiadores do candidato do PSL, Jair Bolsonaro. Em outros 15 episódios, não foi possível identificar a ideologia que motivou o agressor.

“O PT está no poder há 13 anos. Vocês viram alguém esfaquear alguém por causa de política [nesse período]? Vocês viram alguém estimular que você agrida outra pessoa por divergir de você? Isso começou agora”, comentou Morais.

Virar o jogo nas ruas

Morais e Mino Carta disseram que o ex-presidente Lula acredita que o PT pode vencer as eleições. A analogia que Lula usou para exemplificar o cenário eleitoral, segundo os jornalistas, foi a histórica luta de boxe entre Muhammad Ali e George Foreman, em 1974.

Na disputa, conhecida como a “luta do século”, Ali passou os primeiros quatro rounds apanhando e se defendendo de Foreman. A partir do quinto round, quando Foreman mal aguentava golpear seu adversário, Ali partiu para o ataque e, no oitavo round, conseguiu o nocaute.

“O que nós temos que fazer é isso: sair das cordas, ir para as ruas e partir pra cima do adversário”, defendeu Morais, afirmando que a estratégia da militância deve ser nas ruas, através de conversas “olho nos olho” com a população.

Na mesma tarde, a presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, senadora Gleisi Hoffmann, também fez uma visita ao ex-presidente Lula. Após a visita, ela foi à Vigília Lula Livre e defendeu o projeto de governo do candidato petista Fernando Haddad (PT).

“Nós estamos do lado do povo. Nós votamos contra a reforma trabalhista, enquanto eles votaram a favor. Votamos contra a Emenda Constitucional 95 [que instituiu o teto dos gastos públicos], enquanto eles votaram a favor. Fomos nós que fizemos o Bolsa Família, enquanto eles criticavam dizendo que era esmola”, afirmou Hoffmann.

O segundo turno da disputa presidencial entre Haddad e Bolsonaro acontece no dia 28 de outubro.

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