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Por Juca Guimarães.
A Feira Nacional da Reforma Agrária, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), entrou oficialmente no calendário de turismo da cidade de São Paulo por meio da lei 17.162, publicada nesta quarta-feira (4) no Diário Oficial do Município.
A lei, proposta pelo vereador Jair Tatto (PT), atribui ao evento dos agricultores e agricultoras de produtos orgânicos e agroecológicos o mesmo status do Carnaval, da Virada Cultural e da Bienal do Livro, por exemplo. A realização da próxima edição da feira está prevista para maio de 2020.
Em 2019, o evento não foi realizado porque o governo João Doria (PSDB) vetou o uso do parque da Água Branca, que sediou as três edições anteriores. “Entrar no calendário de eventos da cidade também ajuda nesse sentido, porque foi um absurdo a negação do parque da Água Branca”, afirma Tatto.
Gilmar Mauro, membro da coordenação nacional do MST, ressalta que a Feira Nacional da Reforma Agrária é uma referência na defesa da alimentação saudável e de um novo modelo de produção agrícola.
“Agora, as portas do município estarão muito mais abertas à realização da feira. Esperamos que no próximo ano possamos realizá-la no parque da Água Branca. Toda essa disputa e negativa do governo em relação ao local instigou vários setores a processos de organização e mobilização. Entre várias atividades, se destacaram os chamados ‘banquetaços’, com produção de alimentos saudáveis, atividades culturais e debates em várias regiões do estado, envolvendo chefs de cozinha e a população em geral”, lembra.
Nas edições anteriores, a Feira da Reforma Agrária levou mais de 200 mil pessoas ao parque, na região Oeste da capital, próximo ao terminal de metrô Barra Funda.
“O debate da alimentação saudável ganhou um espaço importante, principalmente entre os jovens, e cada vez mais haverá a busca por esses produtos. O MST tirou como linha política, na sua atuação e na sua produção, a construção de processos agroecológicos e orgânicos como forma de oferecer alimentos saudáveis à população sem contaminar com veneno quem está produzindo”, acrescenta Mauro.
A cozinheira e educadora alimentar Leila D. organiza o festival “Da Terra ao Prato”, de gastronomia orgânica, e também participa do coletivo Banquetaço. Ela enfatiza que a feira do MST é uma oportunidade para que os moradores de centros urbanos conheçam a realidade do campo, trocando experiências com os produtores.
“É um marco importante para a agricultura limpa, boa e justa, que traz ingredientes de todo o Brasil. É importante essa feira estar em São Paulo. A gente não tem ideia da fartura e da diversidade desse movimento rural e de como é necessária a reforma agrária”, afirma.
No dia 18 de outubro, o MST será homenageado pela Câmara Municipal com a entrega da Salva de Prata, um reconhecimento da cidade de São Paulo aos serviços prestados pelo movimento.