Por René Ruschel.
Governador tucano do Paraná havia determinado o fechamento de 100 escolas estaduais, mas recuou após protestos. Em SP, Alckmin mantém a decisão.
O governo Beto Richa (PSDB) havia anunciado o fechamento de mais de 100 escolas estaduais no Paraná, mas recuou nesta sexta-feira 30, após semanas de pressão e protestos de alunos, pais, professores e da maioria da bancada de deputados estaduais na Assembleia Legislativa. O governador anunciou a desistência em fechar escolas em sua página pessoal no Facebook (veja o post ao final deste texto).
O recuo de Richa contrasta com a decisão do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também do PSDB, que ignora os seguidos protestos de professores e alunos e confirmou o fechamento e 94 escolas estaduais a partir de 2016.
O anúncio do governador do Paraná ainda gera desconfiança por parte da comunidade estudantil, uma vez que, na nota, Richa diz ter determinado à secretária de Educação, Ana Seres Trento Comin, que sejam “retomados os critérios utilizados nos últimos anos para o planejamento e ensalamento de estudantes”.
A forma que o governo tratou os professores estaduais na última greve, atacando-os com a Polícia Militar, reforça o receio do lado dos docentes.
De acordo com a secretaria educacional Walkiria Mazeto, da APP, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná, o objetivo do governo era reduzir os custos de aluguel das escolas, estimado em R$ 1,5 milhão mensais. “O que preocupa é o governo planejar o começo de sua política de contenção de despesas justamente pela educação. Fechar escolas é inadmissível” afirmou.
Para o deputado estadual Professor Lemos, PT, qualquer medida nesse sentido deve ser amplamente discutida com a sociedade, inclusive no Conselho Estadual de Educação. Para ele, o movimento de resistência deve permanecer atento às novas medidas e exigir que o governo se sente à mesa de negociação para um amplo debate. “O que se viu no Paraná foi uma total falta de planejamento por parte do governo. Uma decisão técnica sem qualquer critério e que certamente iria prejudicar milhares de crianças e jovens” afirmou o parlamentar.
A polêmica teve início quando a secretaria de Estado da Educação, sem discussão prévia com alunos, professores ou população, comunicou aos diretores das escolas afetadas que a partir de 2016 haveria alteração nas turmas e mudanças de locais. Algumas turmas seriam encerradas, alunos seriam distribuídos por outras unidades e mais de 100 escolas simplesmente teriam suas atividades encerradas.
Diante da reação de pais, alunos e professores, além da pressão política de prefeitos e vereadores, o governo Beto Richa foi recuando aos poucos da proposta. No começo da semana disse que não passaria de 40 –o que não foi o suficiente para conter uma nova onda de protestos.
Na Assembleia Legislativa do Paraná, até membros da base de apoio do governador, como o presidente da Comissão de Educação da Casa, o deputado Hussein Bakri (PSC), se manifestaram contra a medida.
A justificativa oficial era que nenhum aluno ficaria fora da sala de aula. No entanto, o que o projeto não levou em consideração foram as condições específicas dos núcleos familiares e de trabalho, de pais e estudantes. Com o fechamento de escolas ou transferência de alunos para outras unidades, muitos não teriam condições de frequentar os novos locais pela dificuldade de locomoção.
É o mesmo argumento utilizado pelos estudantes e professores paulistas que serão atingidos pelo fechamento de 94 escolas e que vem sendo ignorado pelo governador Geraldo Alckmin.