As prateleiras dos supermercados e das lojas estão abarrotadas de produtos, de todos os tipos, ordens, tamanhos e origens.
Há os industrializados, grande parte geneticamente modificados e há carnes e derivados, tanto destinados às pessoas, como para os animais domésticos, aliás confundem-se.
Vivemos a universalização do consumo, todos que podem comprar têm a disposição os mesmos produtos, tanto no sul, como norte, nordeste ou em outros países e continentes.
Há, por óbvio, o consumo elitizado, mais caro e arrumadinho, o de primeira linha, e outros que imitam, têm quase as mesmas origens, mas são precarizados, de todo modo dão a sensação de existir certa igualdade de condições entre humanos.
Em tempos de festas, como as de final de ano, os movimentos e as propagandas das empresas estimulam as pessoas, mesmo sem desejarem, ou sem terem poder de compra, a aderirem aos apelos do mercado gastando desesperadamente.
Parece uma roda que se move apressadamente e todas e todos correm atrás com fascínio, querendo alcançá-la e celebrar o Natal e o Ano Novo com força vital, esquecendo as dores e desafios.
Mas há, ainda, o lugar da exclusão, delas e deles, os despossuídos, que não têm acesso ao mercado de consumo porque lhes tomaram e negaram tudo, mantendo-os na absoluta escassez.
Elas e eles não fazem nenhuma diferença, embora o Natal tenha sido criado para os nascidos na pobreza, que têm os corpos e mentes violentados pelo preconceito, fome e pela guerra, como as que ocorrem contra as irmãs e irmãos na Palestina e nos países da África.
Fartura e escassez são palavras chaves na demonstração das sociedades, espelhando as diferenças e as formas de tratamento entre os sujeitos humanos deste mundo unificado pela concentração de bens, consumo e das intermináveis injustiças.
Feliz Natal de quem?
Porto Alegre, RS, 24 de dezembro de 2023.
Roberto Liebgott.