Por Delegação de Paz das FARC-EP
Havana, janeiro de 2016.
A solicitação que elevamos hoje ao Secretário-Geral das Nações Unidas e ao Presidente do Conselho de Segurança no sentido de ativar um mecanismo tripartite [ONU, Governo da Colômbia e FARC] de monitoramento e verificação constitui um forte sinal e uma feliz premonição de que o processo de paz da Colômbia se encaminha inexoravelmente para a terminação do mais longo conflito do continente.
Uma missão política especial composta por observadores internacionais não armados presidirá e coordenará o mecanismo tripartite em todas as suas instâncias.
Junto ao comunicado difundido pelas partes, estamos remetendo às Nações Unidas documentos de sugestão sobre as características e alcances da missão à luz do acordado entre o Governo da Colômbia e as FARC-EP. Sua resposta positiva constituirá um grande apoio ao processo.
É um fato que as conversações em busca da ansiada reconciliação entraram numa etapa definitiva e que sessenta anos de confrontação podem concluir, para regozijo da humanidade, no curso deste 2016.
Em meio a um mundo agitado pelo furacão das guerras e dos conflitos, este é o único processo de paz que mostra resultados esperançosos, encenado ademais no âmbito de Nossa América, cuja dilatada extensão terá que ser território de paz, como se o propôs a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, CELAC.
A propósito deste organismo regional, o Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas, tal como se combinou, informará o cumprimento do mandato e o fim da missão ao Conselho de Segurança, e informará aos países da CELAC com observadores, através de seu presidente pro tempore.
A paz da Colômbia é possível. Atravessaremos o Rubicão, porque essa é a vontade das maiorias nacionais, porque a paz é um direito de todos.
Como acertadamente assinala o ex-diretor da UNESCO, Federico Mayor Zaragoza: “A paz duradoura é premissa e requisito para o exercício de todos os direitos e deveres humanos. Não a paz do silêncio, dos homens e mulheres silencios@s, silenciad@s. A paz da liberdade –e portanto de leis justas-, da alegria, da igualdade, da solidariedade, onde todos os cidadãos contam, convivem, compartilham”. E com ele também coincidimos em que os Direitos Humanos são indivisíveis, porém está claro que o direito à vida é o direito supremo, já que dela depende que se possa exercer todos os demais direitos. Consequentemente, todos os condicionantes da vida se convertem, automaticamente, em direitos fundamentais: a alimentação, a água, a saúde, o meio ambiente, a educação…
A paz e não a guerra, esse é o destino da Colômbia!
Esta breve intervenção não pode concluir sem expressar, em nome de um país, gratidão eterna ao Governo de Cuba por conceder-nos este espaço para que os colombianos pactuemos nossa reconciliação. Gratos a Cuba e a Noruega por sua contribuição como países garantidores do processo e aos países acompanhantes, Venezuela e Chile; a todos eles muito obrigado por sua compreensão, por sua paciência e por sua ajuda nos momentos difíceis.
Bençãos para os colombianos.