Fantasias de carnaval podem reproduzir preconceitos contra negros e homossexuais

nega maluca

Por Pedro Peduzzi.

O que falta, na avaliação de Amorim e de Daniela, são campanhas educativas que mostrem às pessoas que, em atitudes desse tipo, elas podem estar reproduzindo diversas formas de preconceito. No entanto, o que se veicula na mídia, muitas vezes, é o oposto. “Vimos campanhas de uma cerveja dizendo às pessoas que, durante o carnaval, guardem o [termo] ‘não’ em casa. Isso é machismo, porque estimula homens a forçarem beijo nas mulheres. Acontece muito em Salvador. Lá os homens têm o hábito não só de roubar beijos, mas de passar a mão nas mulheres”, argumenta Daniela.

O fisioterapeuta Terge Vasconcelos se fantasiou de nêga maluca no último sábado, quando foi entrevistado pela Agência Brasil. Ele discorda da opinião da representante do Pretas Candangas. “Trata-se apenas de uma fantasia para brincar o carnaval. Nunca fui tachado de racista por ninguém em toda a minha vida. Pulo carnaval cercado de pessoas de todas as raças, que fazem parte do meu círculo de amizade”, disse. Nesta segunda-feira de carnaval, Terge se fantasiou de “Barbicha”, uma sereia com barba no rosto, dentro de uma caixa de boneca no estilo da Barbie. “Cada dia brinco com uma situação diferente. É para isso que existe o carnaval”, acrescentou.

Na opinião da integrante do coletivo de mulheres negras, a legislação brasileira, que proíbe, por exemplo, o uso de símbolos nazistas, deveria fazer o mesmo em situações como fantasias que incitem racismo ou homofobia. “Esses preconceitos estão no cotidiano do brasileiro, não apenas no carnaval. Portanto, no carnaval não seria diferente. Mesmo se usada como forma de ironia, com o objetivo de chamar a atenção para o racismo, é melhor não usar essas fantasias porque corre o risco de surtir o efeito oposto, tornando-se ofensivo a alguém. Se tem o risco de ser ofensivo, é melhor não usar”, destaca Daniela.

Fonte: Empresa Brasil de Comunicação

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