Desde a última terça-feira (17), os acampamentos Zequinha e Pátria Livre, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), tiveram o território tomado por viaturas da Polícia Militar que, sem nenhum mandado, montaram um cerco intimidando as 1.200 famílias que lá residem.
Esse cenário perdurou até as 6 horas da manhã desta quinta-feira (19), quando, após três dias da invasão da PM na área do MST, a tropa de choque deixou o local duas horas após o horário estabelecido pelo acordo.
Porém, não saíram sem antes deixar a marca da violência. Na noite de quarta-feira (18), a PM destruiu a bandeira do MST e avançou para dentro dos lotes atropelando os moradores e apoiadores no local, além de destruir jardins e plantações. Logo após o ato político inter-religioso celebrado pelo Dom Vicente, os policiais desrespeitaram a liderança religiosa da Diocese de Belo Horizonte, atuando de forma desmoralizante e agressiva, afirmando que continuariam a invasão se fosse necessário.
Em uma ação de criminalização dos pobres e dos movimentos populares, a Polícia Militar reproduz na região metropolitana de Belo Horizonte a mesma violência aplicada às famílias Sem Terra de Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, de Campo do Meio, no sul de Minas, e do Vale do Rio Doce. A responsabilidade das vidas colocadas em risco nesses territórios é do Governo Estadual de Romeu Zema (NOVO) e do General Mario Lucio Alves de Araujo, Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, por serem coniventes com a violência dessa ação irregular.
“O que nós vivemos aqui é uma reintegração de posse forçada na tentativa de nos desestabilizar com tiros e com ameaça, da mesma forma que aconteceu e acontece no Acampamento Quilombo Campo Grande, no sul de Minas, e no Acampamento Terra Prometida, no Jequitinhonha. Nós estamos aqui para denunciar o crime da Vale em Brumadinho e a exploração do território pela mineração que não traz riquezas para os municípios, e a única saída para o conflito é a garantia da terra”, diz Mirinha Muniz, da direção estadual do MST de Minas Gerais.
O MST denuncia tamanha violência e truculência policial sobre as famílias Sem Terra, sabemos esse procedimento dito como “padrão” é o mesmo que violenta e mata a população negra periférica todos os dias. A luta continua, seguimos ocupando as terras improdutivas de corruptos, terras da especulação imobiliária e da mineração predatória, combatendo o agronegócio e o capital que nos violenta, contra todas as formas de opressão. A justiça na terra se faz com Reforma Agrária e não com violência.
*Editado por Yuri Simeon.