As 120 famílias do acampamento Marielle Franco, em Alagoas, bloquearam por algumas horas na manhã desta segunda-feira (22) trecho da rodovia BR-316 para denunciar corte no abastecimento de água e tentativas de despejo por parte da atual gestão da prefeitura de Atalaia (AL).
Os camponeses, ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), alegam que estão há mais de 20 dias sem receber caminhão pipa para o abastecimento das famílias.
“A falta de água na comunidade, além de um verdadeiro atentado à saúde e a vida das famílias que vivem aqui, faz parte ainda da agenda da gestão municipal que já declarou a intenção de retirar as famílias da área, despejando homens, mulheres e crianças do acampamento em que produzem e constroem sua vida”, disse Margarida da Silva, da direção nacional do MST.
Há dez dias, o movimento lançou uma nota em repúdio à postura e ameaça de despejo das famílias por parte da nova gestão da prefeita Ceci Rocha (PSC), que veiculou nas redes sociais um Boletim de Ocorrência com o pedido de retirada das famílias do acampamento.
A atitude da prefeitura, segundo o movimento, contradiz a promessa de campanha de incluir o Marielle Franco como parte estratégia de impulsionar o desenvolvimento da agricultura no município nos primeiros 100 dias de gestão.
“A prefeita que se elegeu com o discurso da nova política, do acolhimento e da mudança, acaba reproduzindo a lógica que marca a história de Atalaia ao assumir a gestão municipal”, acrescentou a dirigente do MST.
A área ocupada pelas 120 famílias faz parte da Fazenda Imburi, pertencente à massa falida das terras do empresário e ex-deputado federal João Lyra (PSD), que mantinha o terreno ocioso e abandonado.
Parte dos acampados são antigos trabalhadores e trabalhadoras de uma usina de cana de açúcar do Grupo João Lyra, que hoje responde a mais de 250 ações judiciais.
Diante das pressões, o MST lançou nesta segunda-feira (22) pelas redes sociais a campanha #AcampamentoMarielleResiste.
“Fomos duas vezes à prefeitura conversar, mas ela [prefeita] realmente se nega a trazer água para nós”, afirmou um dos acampados, identificado como Bruno, em vídeo divulgado pelo movimento durante o protesto. “Como é que vamos lavar as mãos e nos prevenir na pandemia?”.
O Brasil de Fato entrou em contato com a prefeitura de Atalaia e expôs os questionamentos dos camponeses. A matéria será atualizada assim que houver retorno.