A polícia israelense expulsou no domingo uma família palestina da sua casa no bairro muçulmano da Cidade Velha, em Jerusalém Oriental ocupada. A casa foi ocupada por colonos judeus, após o Supremo Tribunal de Israel ter emitido uma decisão que lhes é favorável.
Moradores palestinos do bairro entraram em choque com a polícia israelense, que montou guarda enquanto cerca de uma dezena de colonos tomavam posse do prédio.
A família Abu Assab vivia nesta casa há quase 70 anos. Sete pessoas da família, incluindo uma criança de quatro anos, foram despejadas, e a polícia prendeu dois outros membros da família. A família foi obrigada a deixar para trás todos os seus móveis e pertences, e terá agora de encontrar um novo lugar para morar.
A família Abu Assab vivia originalmente no bairro de Baka, em Jerusalém Ocidental, de onde foi expulsa pelas forças israelenses durante a guerra de 1948. Na década de 1950, o governo da Jordânia, que à época controlava a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, instalou a família numa casa na Cidade Velha, que antes da guerra tinha sido propriedade de judeus.
Após a guerra de 1967, quando Israel ocupou e anexou ilegalmente Jerusalém Oriental, a família continuou a viver na casa. Porém, há cinco anos, uma organização de colonos judeus intentou um processo de despejo contra a família, que conheceu agora o seu desfecho.
Ao abrigo de uma lei israelense de 1970, os judeus israelenses podem reclamar propriedades que possuíam em Jerusalém Oriental e que foram forçados a abandonar em 1948. Pelo contrário, os palestinos que possuíam propriedades em Jerusalém Ocidental e em Israel e que fugiram ou foram expulsos em 1948 não têm qualquer possibilidade legal de recuperar essas propriedades.
«O tribunal concedeu a casa aos colonos, e a família Abu Assab tornou-se refugiada pela segunda vez», comentou a organização israelense Peace Now, que monitoriza a colonização israelense nos territórios palestinos ocupados.
Neste momento, cerca de 200 famílias palestinas de diversos bairrros de Jerusalém Oriental estão em risco de serem despejadas, na sequência de acções de organizações de colonos judeus.
Trata-se de mais um dos aspectos da continuada política israelense visando a completa judaização da cidade e a limpeza étnica da população palestina autóctone.
Em Jerusalém Oriental habitam mais de 250 mil palestinos, e também cerca de 200 mil israelenses que vivem em colônias ilegais, já que Jerusalém Oriental é considerada território palestino ocupado, não sendo a sua anexação por Israel reconhecida pelo direito internacional.
Fotos: Quds News Network, Facebook.