“Fala das Profundezas” com o Núcleo Negro de Pesquisa e Criação circula por espaços da Zona Leste e do Centro de SP

Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, Teatro Flávio Império, Oficina Cultural Oswald Andrade e Funarte são palcos das apresentações, em julho.

Tásia d’Paula – Foto Jerê Nunes

O Núcleo Negro de Pesquisa e Criação (NNPC) apresenta a peça Fala das Profundezas em vários espaço da capital paulista, em julho, com ingressos gratuitos e interpretação em Libras.

Com dramaturgia e direção de Gabriel Cândido, o enredo da montagem traz uma realidade pautada pela exploração da força de trabalho em troca do básico para sobrevivência. A peça mostra a insurgência de um povo contra uma engrenagem que precariza a vida para acumular poder. As contradições deste povo despontam junto aos seus anseios, sonhos e prazeres no território em que vivem tendo como pano de fundo a iminência de uma combustão social

As apresentações do mês de julho acontecem no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes (Zona Leste – 01 e 02/07, sábado, às 19h, e domingo, às 17h), Teatro Flávio Império (Zona Leste – 08 e 09/07, sábado, às 20h, e domingo, às 18h), Oficina Cultural Oswald Andrade (Bom Retiro – 13, 14 e 15/07, quinta e sexta, às 19h30, e sábado, às 18h) e Complexo Cultural Funarte (Campos Elísios – 28, 29 e 30/07, sexta, às 20h, sábado e domingo, às 19h).

Após as sessões dos dia 09/07 (Teatro Flávio Império) e 29/07 (Funarte), acontece o bate-papo – Outros Olhares com participação, respectivamente, de Christian Moura (doutor em Artes e pesquisador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas – Neabi, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – IFSP) e de Soraya Martins (atriz, pesquisadora, crítica teatral e curadora de teatros).

Fala das Profundezas busca ativar imaginários de mobilização coletiva, no sentido de fazer crer que, mesmo em um contexto de exceção, repleto de contradições e de escassez, é possível criar movimentos em prol de melhores formas de viver. “Este ‘possível’, na peça, é apresentado, ao longo da narrativa, como uma espécie de centelha que vai se desdobrando em mais centelhas e, assim, animando essas personagens que, apesar de tudo, sonham, festejam e confabulam como um ato contra o marasmo do sistema capitalista”, comenta o autor e diretor Gabriel Cândido.

Maria Gabi – Foto Jerê Nunes

A encenação do NNPC acontece em formato de arena, no qual as atrizes e os atores propõem um jogo cênico de aproximação e distanciamento com o público durante toda a narrativa, assumindo-o como parte do acontecimento teatral. O diretor comenta: “Um teatro negro que não está pautado pelo racismo gera estranhamento, pois é o que sempre esperam de nós. Penso que Fala das Profundezas não corresponde a essas expectativas porque buscamos o exercício da alteridade radical, quando debatemos questões presentes em toda a sociedade brasileira, desde relações afetivas até as relações de terra, trabalho e capital”.

O enredo é conduzido por um coro heterogêneo denominado Outras-Pessoas, que por sua vez representam o povo, e por cinco personagens que emergem deste coro: Dafina (Maria Gabi) e Anele (Tásia d’Paula) são duas mulheres que tentam lidar com uma relação de amor mal resolvida enquanto confabulam sonhos perigosos; Thato (Deni Marquez) se torna uma das exceções ao conquistar o básico, mas suas atitudes geram revolta e perseguição do povo ao qual ele se recusa a pertencer; Luísa e Frantz (Ellen de Paula e Fábio Lopes) que, ao confidenciarem as situações absurdas que ocorrem nas Profundezas, ativam em Luísa a motivação necessária para sair em busca de mobilização coletiva para lutar contra aqueles que detêm o poder. As histórias acontecem em tempos plurais, numa dinâmica de encontros e desencontros, permeados por ideias e desejos de uma revolta popular que se espalha de um a um, até se concretizar em uma ação coletiva.

Estas apresentações integram o projeto Escombros – Parte I: Fala das Profundezas, contemplado pela 16º edição do Prêmio Zé Renato de Teatro para a Cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura.

FICHA TÉCNICA – Dramaturgia e direção: Gabriel Cândido. Elenco: Deni Marquez, Ellen de Paula, Fábio Lopes, Maria Gabi e Tásia d’Paula. Produção executiva: Kauanda. Assistência de produção: Maria Gabi. Coordenação de produção: Gabriel Cândido. Trilha sonora original e operação de som: André Papi. Desenho de luz: Natália Peixoto. Operação de luz: Leonardo Carvalho. Preparação vocal: Maria Gabi. Preparação corporal: Lilian Martins. Orientação vocorporal: Luciano Mendes de Jesus. Figurinos: Carla Stela. Trançadeira: Paola Ferreira. Maquiagem: Rapha Cruz. Contrarregragem: Amanda de Jesus, Euzilene Ribeiro e James Christofher. Produção audiovisual: Jerê Nunes e Thais Namai. Intérpretes de Libras: Quilombo que Sinaliza. Participação especial / vozes off: Bruna Candido, Carla Stela, Dirce Thomaz, Diogo Guedes, Fabiana Neves, Fagner Lourenço, Jerê Nunes, Kauanda, Luís Antonio Candido, Natália Peixoto, Marcela Coelho, Paola Ferreira, Sueli Aparecida Costa, Sueli Candido e Vera Lúcia de Oliveira Lima. Social media: Anderson Vieira e Ayrá Ludovico – Teatro Já. Assistência de redes sociais: Deni Marquez. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Projeto gráfico: Wellingthon Tadeu. Catering: Cozinha Fermenta. Realização: Núcleo Negro de Pesquisa e Criação (NNPC).

Deni Marquez – Foto Jerê Nunes

Serviço / Programação

Teatro: Fala das Profundezas

Com: Núcleo Negro de Pesquisa e Criação (NNPC)

Duração: 1h40. Gênero: Drama. Classificação: 12 anos.

Ingressos: Gratuitos – 1h antes das sessões Com interpretação em Libras.

NNPC nas redes: @nnpc.sp

JULHO

01 e 02 de julho – Sábado (às 19h) e domingo (às 17h)

Local: Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes

Rua Inácio Monteiro, 6900 – Jardim São Paulo, Zona Leste. SP/SP.

Tel: (11) 2392-2010.

08 e 09 de julho – Sábado (às 20h) e domingo (às 18h)

Domingo (09/07): Bate-papo com Christian Moura

Local: Teatro Flávio Império
Rua Prof. Alves Pedroso, 600 – Cangaíba, Zona Leste. SP/SP.

Tel: (11) 2621-2719.

13, 14 e 15 de julho – Quinta e Sexta (às 19h30) e Sábado (às 18h)

Local: Oficina Cultural Oswald Andrade

Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro, Centro. SP/SP.

Tel: (11) 3221-5558.

28, 29 e 30 de julho – Sexta (às 20h), sábado e domingo (às 19h)

Domingo (29/07): Bate-papo com Soraya Martins

Local: Complexo Cultural Funarte SP | Sala Renée Gumiel
Alameda Nothmann, 1058 – Campos Elíseos. SP/SP.
Tel: (11) 3662-5177.

AGOSTO

Teatro Paulo Eiró  18, 19 e 20/08 – Sexta e sábado (às 21h) e domingo (às 19h).

SETEMBRO

Teatro Cacilda Becker  15 a 17/09 – Sexta e sábado (às 21h) e Domingo (às 19h).

 

Núcleo Negro de Pesquisa e Criação (NNPC)

 

O Núcleo Negro de Pesquisa e Criação (NNPC), fundado por Maria Gabi, Thais Alves, Deni Marquez, Gabriel Cândido e Jerê Nunes, existe desde 2016, em São Paulo. Em 2019, o NNPC estreou o curta-metragem Jardim Peri Alto em Cena na seleção oficial do 30º Festival Internacional de Curtas de São Paulo. Fala das Profundezas (2022) é a primeira montagem teatral do coletivo, que nos anos anteriores apresentou ao público leituras encenadas do texto (2018 e 2019), além de uma versão radiofônica da peça e um podcast sobre o processo de criação (2020). Em 2017, o núcleo fez a sua primeira apresentação pública na 18ª edição do Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto, em Belo Horizonte (MG), com a cena Boa Aparência, de criação coletiva.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here


This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.