Livre, Joesley teria ‘estímulo’ para ocultar provas e Fachin manda prendê-lo
Relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), Edson Fachin deteminou (íntegra) a prisão temporária (por até 5 cinco dias) de Joesley Batista, principal acionista do grupo J&F (dono do frigorífico JBS-Friboi), e Ricardo Saud (diretor da empresa).
Em liberdade, Joesley e Saud continuariam a ter os mesmos estímulos que os levaram a omitir parte das provas que teriam de apresentar às autoridades, afirmou Fachin.
Segundo o despacho, há indícios suficientes de que os colaboradores omitiram informações ao MPF sobre a participação do então procurador da República Marcello Miller. Ele teria aconselhado os executivos na fase de negociações para o acordo de colaboração.
Embora nenhum dos 3 suspeitos tenha foro privilegiado, o caso tem de ser decidido pelo STF porque se trata de uma delação que atingiu o presidente da República.
MILLER CONTINUA SOLTO
Fachin também rejeitou pedido apresentado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para prender o ex-procurador Marcello Miller.
Há indícios consistentes, segundo Fachin, de que Miller cometeu crimes de exploração de prestígio e de obstrução às investigações. Mas não há, ainda, indícios de que o ex-procurador tenha sido cooptado pela organização criminosa, o que justificaria a prisão temporária, conforme o magistrado.
SUSPENSÃO DOS BENEFÍCIOS DA DELAÇÃO
Fachin também autorizou a suspensão parcial e temporária dos benefícios da delação premiada de Joesley e Saud. A medida foi necessária, segundo o ministro, para que se pudesse cumprir as medidas cautelares (pedido de prisão), a fim de “angariar eventuais elementos de prova que possibilitem confirmar os indícios sobre os possíveis crimes ora atribuídos a Marcello Miller”.
REVIRAVOLTA NO CASO JOESLEY
A reviravolta no caso de Joesley começou na 2ª feira (4.set.2017). Janot convocou entrevista às pressas para anunciar investigação sobre novos áudios de delação da JBS com “afirmações gravíssimas”.
Num diálogo de aproximadamente 4 horas, registrado em 17 de março de 2017, Joesley e Saud descrevem como o ex-procurador da República Marcello Miller teria atuado para ajudá-los no processo de delação premiada. Eis a íntegra:
Ocorre que Miller continuou tecnicamente como procurador até 5 de abril de 2017. De fato, ele havia requerido sua exoneração do Ministério Público em 23 de fevereiro, mas o ato só foi publicado no Diário Oficial muito depois –e a saída oficial ocorreu no início de abril.
Se ficar comprovado que Joesley teve orientação de Miller para gravar pessoas, inclusive o presidente da República, pode ficar configurado 1 crime. O Ministério Público não pode se engajar em investigações sobre o presidente sem antes obter uma ordem judicial.
MILLER APRESENTOU-SE COMO ADVOGADO, ALEGA JOESLEY
Joesley Batista disse na 5ª feira (7.set.2017), em depoimento à PGR, que Miller se apresentou em fevereiro a ele como ex-procurador e já atuando como advogado. Esse foi o principal argumento do empresário contra a acusação de que teria aparelhado 1 procurador da República para influir nos benefícios que depois acabou recebendo em troca de sua delação premiada.
Os advogados de Miller fizeram duras críticas ao pedido de prisão feito por Janot. “A defesa tomou conhecimento do pedido pela imprensa e estranha que tenha sido apresentado no mesmo dia em que estava esclarecendo todos os fatos ao Ministério Público”, afirmam em nota. Miller prestou depoimento por cerca de 10 horas na 6ª feira (8.set.2017), no Rio de Janeiro.
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Foto: Sérgio Lima, Poder 360.
Fonte: Poder 360.