F C C I A T – Ministério Público / Palestra Dr. Robin Mesnage

Por  Márcio Papa

A palestra do Dr. Robin, nesta quinta, 7 de abril, no Ministério Público, à convite do Dr. Rubens Onofre Nodari, – maior  sumidade brasileira no assunto-  além de esclarecedora, ofereceu-nos resultados que o pesquisador e sua equipe encontraram, provando definitivamente que resíduos do “glifosato”, (comercializado através do agrotóxico “ROUND UP”) foram encontrados nos alimentos, nos animais e na água, e no organismo dos trabalhadores das regiões  produtoras, e que:

 

  • Os trangênicos não estão enfrentando de forma alguma os desafios das mudanças climáticas.
  • Como constatação de que os OGM’s toleram apenas o ROUND UP (glifosato) – em mistura a outros compostos químicos- impõe seu uso como única alternativa, tanto para a agricultura indústrial, quanto para os pequenos agricultores, torna-os assim, “reféns” de uma ditadura genético-científica.
  • Os humanos e os animais que consomem plantas geneticamente modificadas estão todos expostos aos pesticidas e agrotóxicos.
  • A única alternativa para este mal invisível, é a agricultura convencional.
  • O transgênicos são plantas completamente estranhas, e não são nem de longe, “iguais “ às plantas naturais, como defendem as empresas que criam sementes.

 

Segundo  o palestrante, os textes de toxidade apresentaram sinais da presença de agrotóxicos, na urina dos animais monitorados em laboratório, causando disfunções patológicas hepato-renais.

Através do um 1º estudo a longo prazo de resistência  no uso do GLIFOSATO, houve a indicação de que as plantas só acumulam o resíduos do GLIFOSATO passivamente, cansando e filtrando solo de toda sua toxidade.

Foi observada em laboratório, a presença de tumores mamários nas Fêmeas de camundongos , até mesmo nos experimentos de patologias da própria  MONSANTO.

Há, portanto uma  “epidemia” nas  patologias, no fígado e no rim das cobaias, depois de exposição em laboratório. Mas ocorre também, na exposição no meio ambiente; “ -são detectados efeitos nos transgênicos e patologias no animais das fazendas .(o gado tem resíduo do ROUND-UP,na urina) .

Conforme disse Dr. Robin, embora tenha sido muito criticado por cientistas que detém as patentes é necessária a divulgação dos resultados “… A indústria agroquímica, quer  proteger seus produtos… Somos  insultados pela sociedade cientifica…”, lamentou.  A observação do especialista em GLIFOSATO , inclui sua expectativa da reavaliação de seus resultados,  e pede que esta  conclusão dos resultados,  seja endossada por uma equipe independente de toxicologistas.

O subterfúgio das empresas, é de que sua equipe não usou  animais o suficiente.Nos experimentos em laboratório, foi constatado nos animais que serven-se de água, contendo ROUND-UP, presente na água, surgiu o desenvolvimento de fribroses e necroses.

O Dr. Robin mesnage, salientou  que o ROUND UP não é apenas uma molécula e defende um estudo de longo prazo e aprofundado. Não apenas em herbicidas baseados em GLIFOSATO:

“ – A agricultura do futuro, tem que distanciar-se  dos agrotóxicos, e pesquisar também os impactos  durante a gestação e vida destes animais que são alimentados com transgênicos…”, comentou o pesquisador francês.

No fechamento de sua palestra Dr. Robin  concluiu que no futuro, o cultivo de alimentos por pequenos agricultores e na escala industrial deve utilizar-se  dos OGM’s seguros. Deverá ser sustentável e preferencialmente orgânica.

Ao contrário do que se pensa, está provado que o cultivo de alimentos  trânsgênicos, não aumenta a produção a ponto de se erradicar a fome no mundo, e que o avanço do uso do uso de pesticidas, agrotóxicos e adubos químicos, contamina o meio ambiente os animais e os trabalhadores expostos a estes agentes químicos.

 

 

Dr Rubens Onofre Nodari foto Marcio Papa DESACATOO Dr. Rubens Onofre Nodari, pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e uma das maiores autoridades nacionais sobre transgênicos desde o início enfatizou:

 

“- A dieta de alimentos orgânicos -livre de pesticidas sintéticos-  é rica em anti-oxidantes, protege a saúde das pessoas, evitando a má formação dos fetos  que afeta sua reprodução… – O abandono das práticas tradicionais e a tecnologia transgênica, associada ao uso cada vez maior de pesticidas, utilizados de maneira irresponsável tem apenas como objetivo de  ganhar mais dinheiro. Todos os estudos comprovam isso…”

 

“ -Nosso solo está morrendo, e demora anos para recuperar-se. Precisamos mudar os sistemas agrícolas…”

 

Márcio Papa/DESACATO:

– Qual a expectativa da palestra do Dr. Robin Mesnage, que teremos  aqui no Ministério Público?

 

Dr. Rubens Onofre Nodari:

O Dr. Rubin Mesnage trabalhou vários anos no grupo do Professor Senarreni, em Paris e desenvolveu muitos estudos. Escreveu mais de 20 (vinte) artigos de transgênicos e impactos relacionados dos agrotóxicos. Seu trabalho tem foco nos produtos à base do GLIFOSATO, -herbicídas-  nos organismos animais, ou seja, que são modelos de pesquisa que a partir dos quais , se podem fazer inferências aos impactos dos OGM’s e dos agrotóxicos na saúde humana. Dr. Mesnage é uma das pessoas no mundo , que tem os maiores conhecimentos no assunto e dos mais respeitados no meio.

Márcio Papa/DESACATO:

– As últimas pesquisas suas aqui no País, contribuem também ao combate e a reversão de uso de agrotóxicos e o estudo pormenorizado aos impactos dos transgênicos, na saúde humana?

Dr. Rubens Onofre Nodari:

Dr Robin Mesnage Dra Greicia M R Souza Dr“ -Trabalhamos há bastante tempo com os organismos geneticamente modificados, agora estamos conduzindo algumas pesquisas, tentando elucidar os efeitos de agrotóxicos em abelhas e organismos de solo… – Concluímos que se dá um impacto, sim. Na “Biota” da terra, e também estamos concluindo seus impactos em abelhas. Talvez seja esta, nossa contribuição, neste momento.

 

Márcio Papa/DESACATO:

– Quanto aos sub-produtos do refino de petróleo, sendo usados como fertilizante, não confirmariam a letargica recuperação do solo à cada lavoura ? As plantas filtrando os tóxicos, não estaria acarretando impactos ainda maiores?

Dr.Rubens Onofre Nodari:

“ – Qualquer resíduo químico é passível de causar poluição no solo, e afetar o desenvolvimento de plantas e consequência, influir na qualidade dos  alimentos. Não temos feito esse tipo de estudo, mas tem sido feito em outras partes do globo.

Márcio Papa/DESACATO:

– Os OGM’s, já são responsáveis pelo surgimento de doenças em humanos?

Dr. Rubens Onofre Nodari:

“ – Já existem evidências em alguns experimentos em animais, que mostran impactos na saúde humana, quando consumidos em longo prazo, e cotidianamente.

Márcio Papa/DESACATO:

– Os resultados das pesquisas, e a contribuição de avanço de conhecimentos Brasileira, vão chegar quando, aos ouvidos da população, será o tempo de divulgação ,capaz se poupar gerações das doenças provocadas pelo consumo de reíduos e de organismos geneticamente modificados?

Dr. Rubens Onofre Nodari:

“ – Temos projetos de pesquisa de agricultura participativa onde os agricultores já migraram para o sistema agroecológico, praticando a agroecologia. Que é a produção de alimentos sadios, livres de resíduos químicos, sem causar danos ao meio ambiente”

Márcio Papa/DESACATO:

– “Sementes “crioulas” tem risco de extinção?

Dr. Rubens Onofre Nodari:

“ – As sementes crioulas, estão sendo contaminadas em larga escala, e num prazo curto tem o risco de serem totalmente contaminadas pelas variedades transgênicas.

Márcio Papa/DESACATO:

“- Qual seria, então, o Futuro da agricultura no Brasil, para exportação, avançando em grandes espaços, através do modelo de mono agricultura criado pela “revolução verde”, com objetivo de livrar o mundo da fome?

Dr. Rubens Onofre Nodari:

“ – A fome, no mundo, inclusive está aumentando. O modelo de agricultura é muito intensivo na utilização de energia, é muito intensivo em produtos químicos, e tem muitas “externalidades” negativas. O modelo atual, não é auto sustentável economicamente; na conjuntura atual em razão do cãmbio, pode ser até vantajoso em relação às “comodites”, mas à longo prazo, este modelo, não possui sustentabilidade ambiental nem éticaetica, e nem econômica. Além das externalidades que ele causa a saúde humana e ao meio ambiente.

 

Dr. Robim Mesnage,  tem no foco de suas pesquisas  o GLIFOSATO, líder mundial em vendas, usado em larga escala na agricultura. O Herbicida, foi considerado pela IARC -Agência  Internacional de pesquisa do câncer – e pela INCA –Instituto Nacional de Câncer (Brasil), como provável agente cancerígeno.

 

Em curta entrevista ao Portal DESACATO, o Dr. Robin, respondeu algumas questões importantes:

Márcio Papa/DESACATO:

– Dr. Robin Mesnage, em sua opnião como superar a imposição da monocultura como método de plantio, utilizando-se de incontáveis quantidades de agrotóxicos, no cultivo de alimentos frescos e nos transgênicos que compõe a base da alimentação do agronegócio, de criação de milhões de cabeças de gado Brasileiro?

 

Dr. Robin Mesnange:
Dr Robin Mesnage foto Marcio Papa DESACATO“ – O problema não é somente o uso dos pesticidas, é um grande problema é do tamanho da agricultura  global mundial, e Nós temos que mudar o sistema de grandes monoculturas e pesticidas, ao invés disso alternativas como: Agroecologia, baseado na rotação, a policultura. Eu acredito na promessa, e é fácil acreditar nesta agricultura para o futuro. Na Agroecologia é a resposta para a alimentação de  (nove bilhões de pessoas ou mais.”

 

 

Márcio Papa/ DESACATO:

– O DDE, foi encontrado no leite materno das 62 mães da Cidade de Lucas do Rio Verde. No Mato Grosso, quantidades inaceitáveis de agrotóxico (alguns não permitidos no País). O que lembra um lento genocídio,  é também o município exibe uma riqueza, onde é pulverizado veneno nas lavouras e onde foi também despejado no ar, em virtude do mosquito da dengue. Há antídotos, para uma maciça intoxicação da população mundial?

 

Dr. Robin Mesnange:

“- Sim , Vi. – É um veneno , realmente tóxico. Faz as pessoas adoecerem e tem sido usado por décadas e encontramos no sangue de todas as pessoas intoxicadas globalmente.  Tem sido usado ainda hoje,  para o controle de mosquitos. Então , neste caso a repetição do uso caracteriza a possibilidade de ocorrer uma intoxicação no plano global…-  O DDE está claramente “linkado” ao câncer,  porque  quando usado muito sido usado  , alguns  estudos mostram que o DDE provoca o câncer.”

 

O foco das  pesquisas do Dr. Rubin Mesnage  é o  GLIFOSATO. Usado em larga escala na agricultura e líder mundial em vendas.  O herbicida sistêmico não seletivo,(mata qualquer tipo de planta) foi considerado pela IARC -Agência e  Internacional de pesquisa do câncer – e pela INCA –Instituto Nacional de Câncer (Brasil), como provável agente cancerígeno.

 

No Brasil, soluções à vista

A importância ambiental e econômica  para os dias atuais encontrou uma resposta através da Cepagro -Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo-  reutilizando  os resíduos orgânicos à fertilizantes.

 

Marcos José de Abreu, ( Marquito) Mestre em Agroecossistemas e coordenador dos Projetos Urbanos do Cepagro, que iniciou em 2008, a “Revolução dos Baldinhos” .Um modelo de gestão comunitária em resíduos orgânicos e agricultura urbana,  que foi iniciado no bairro Monte Cristo, na região da periferia de Florianópolis, em Santa Catarina. Marquito  cedeu-nos  entrevista durante o evento:

 

Prof. Marcos José de Abreu/CEPAGRO:

Prof Marcos Jose de Abreu CEPAGRO foto Marcio Papa DESACATO“ – A palestra do Dr. Robin, fortalece o Fórum de combate aos Agrotóxicos e Transgênicos, num espaço de comunicação entre a sociedade e o poder público,  que já existe à cerca de um ano, e meio, coordenado pelo MPE, onde temos debatido as questões dos impactos dos Agrotóxicos e os OGM’s, no Estado de Santa Catarina. Aqui estão a sociedade e governo e presentes também, representantes das indústrias de agrotóxicos e dos produtores das sementes, os OGM’s. É um momento de esclarecimento para os conflitos vividos… A abordagem que se faz do GLIOSFATO, é importante e embasada cientificamente, sem o interesse econômico da Indústrias…”

 

Márcio Papa/DESACATO:

A intermediação do Judiciário tem sido eficaz, como último recurso para impedir o rápido avanço da introdução de agrotóxicos e OGM’s, nas pequenas e grandes lavouras Brasileiras ?

 

Prof. Marcos José de Abreu/CEPAGRO:

“ – O Judiciário pode trazer mais respostas nos temas onde há fiscalização, porque o  conflito de interesses e o poder econômico das empresas  é muito grande. Então o setor industrial, o setor econômico  da indústria  acaba por invadir tanto os espaços da pesquisa, quanto os espaços de informação dirigidas ao grande público (mídias e propagandas).  O poder Judiciário ao fiscalizar, pode autuar abusos e a desinformação.  Nossa preocupação é com os políticos que aí estão representando os interesses destas indústrias. Também hoje, há pesquisadores financiados por esta indústrias, uma mídia baseada em propaganda, que pouco discute o tema dos impactos na saúde humana e no meio ambiente.”

 

Márcio Papa/DESACATO:

-Qual o próximo passo, então para divulgação das pesquisas que revelam os males deste sistema, e para a atitude que a população deva tomar?

 

Prof. Marcos José de Abreu/CEPAGRO:

“ -Temos que realizar uma grande ação de divulgação, da informação que procede e é verdadeira:  –  Os OGM’s tem impactos na saúde da população e no meio ambiente… Temos absoluta certeza que a saída e o caminho são o plantio e o consumo de alimentos orgânicos. É a agroecologia, -a agricultura de baixo impacto, de circuito curto-. O poder econômico das indústrias impede seu avanço e se apropria dele como um “nicho de mercado”.

 

O engenheiro Agrônomo Lido José Borsuk, doutorando pela UFSC, também  concedeu entrevista ao Portal DESACATO, durante a palestra:

 

Lido Jose Borsuk foto Marcio papa DESACATO“ – O Brasil, como os  países que tem vocação, e uma forte iniciativa na agricultura, sofreu  efeitos, nos últimos anos,com aumento de suas áreas agrícolas. Com o uso de tecnologias, que em sua maioria estão associadas a grandes multinacionais do agronegócio. Em função do aumento das fronteiras  agrícolas  na produção de alimentos, a adoção de sementes geneticamente modificadas, atreladas  as grandes empresas agroquímicas, detentoras  dos agroquímicos, faz com que os pequenos ou grandes  agricultores não consigam adquirir crédito, sem a compra do “pacote” tecnológico, e sementes, fornecidos por estas empresas.”

 

“ – Além disso, temos a conivência dos meios de comunicação, quanto a divulgação precária dos  trangênicos e o uso de agrotóxicos. É necessário que a população seja informada dos riscos, ou não, que esta alimentação trás ao ser humano e ao meio ambiente.”

 

O Ambiente do Ministério Público

 

O Ministério Público de Santa Catarina, através do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF), organizador da palestra, reservou 150 (cento e cinqüenta)  fones de ouvidos  com tradução simultânea e como  planejamento , recebeu a todos no amplo auditório no quinto andar do  Edifício Casa do Barão.

 

Para nos contar a experiência da participação do MPSC no FCCIAT, a Promotora de Justiça, Coordenadora  CCO/MPSCC  e Coordenadora Estadual do CCIAT , Dra. Greicia Malheiros da Rosa Souza, que brevemente deve afastar-se  de suas funções, para dar a Luz a um bebê, conversou com a reportagem ao fim da palestra:

 

Dra. Greicia Malheiros da Rosa Souza:

“- O Ministério Público, aqui em Santa Catarina, o Ministério Público tem uma política de tentar-se resolver conflitos , extrajudicialmente. Na parte de Agrotóxicos , no monitoramento, temos conseguido a “não judicialização”

 

“ – Fizemos análises dos alimentos e quando encontramos inconformidades, tentamos  celebrar  termos de ajustamento de conduta, para evitar-se  uma judicialização, e para permitir , que aquele produtor, que age em desconformidade para com a legislação, possa buscar informações com os órgãos de extensão Rçural, que atualmente é da responsabilidade da EPAGRI.

 

Márcio Papa/DESACATO:

– Como o MPSC vê a adoção e distribuição de sementes transgênicas  (OGM’s)  aos produtores rurais de Santa Catarina, através do programa “ Terra Boa”, Já que MPSC e Secretaria da Agricultura do Estado de Santa Catarina, são entes, e órgãos que devem ter entre si, o  princípio da co-existência harmoniosa?

 

Dra. Greicia Malheiros da Rosa Souza:

 

Dra Greicia Souza MPSC foto Marcio Papa DESACATO“-  O Ministério Público Estadual, através de uma moção, fez uma serie de explicações, para a Secretaria da Agricultura, para que entendamos melhor esse processo. – Estas informações  ainda não chegaram ao Fórum , mas Nós do MPSC, temos uma reunião com o Sec. da Agricultura, para que ele nos explique a razão, e como funciona o programa, para aí sim, tratarmos estratégias de atuação, para a redução ou de início permitir que o produtor que utiliza as sementes, que tenha plena  consciência que estas que recebe , são geneticamente modificadas… A informação que tínhamos  é que o agricultor, não possuía a escolha, ou seja, que pudesse optar, pela semente que ele queira utilizar.”

 

Márcio Papa/DESACATO:

– O FCCIAT aguarda as votações finais no congresso, para apoiar –no caso de aprovação- um veto presidencial, pela retirada da marca “T”, na rotulagem dos produtos que em sua composição usem ingredientes, ou que são os próprios Organismos Geneticamente Modificados?

 

Dra. Greicia Malheiros da Rosa Souza:

O referido projeto, ainda não foi inteiramente votado no Congresso. Não esperamos que chegue à sanção presidencial. Pois a informação é um direito básico do consumidor, esculpido na Constituição Federal, no Código de Defesa do Consumidor, e  enquanto consumidores seus direitos em saber o que consome, por conseguinte, reservado seu direito de escolha , se quer consumir um alimento transgênico, ou não.”

 

Márcio Papa/DESACATO:

– A senhora, Dra. Greicia, em avançado estágio de sua gravidez, pessoalmente tem preocupação com o alimento que abastecerá a mesa das próximas gerações?

 

Dra. Greicia Malheiros da Rosa Souza:

“ – Com certeza que sim. É uma preocupação de todos Nós, preservar tanto o meio ambiente, como toda a sociedade, contra riscos que impactem sobre as futuras gerações.”

 

Consumo de Alimentos Transgênicos:

O veneno nos agrotóxicos e o desenvolvimento de câncer e outras doenças em humanos

 

selo-transgenicosDe acordo com o Instituto do Câncer, José Alencar Gomes da Silva, o INCA,em 2015, a utilização de agrotóxicos no Brasil, , atingiu a marca de 1milhão de toneladas em 2009,  (hoje é o país que mais consome esses produtos na agricultura industrial e familiar) e que seu uso em larga escalas  está associado desenvolvimento da doença . O documento expõe os gastos na aquisição que chegam a cifra de US 8 bi em 2008. O consumo médio dos herbicidas e agrotóxicos,está cotado em 5,2Kg de veneno por habitante anualmente.

A liberação do uso de sementes transgênicas está diretamente associado ao exponencial crescimento da utilização dos agrotóxicos no Brasil (alguns tipos já banidos em diversos países europeus, nos EUA e na China).  O uso combinado de sementes geneticamente modificadas aos agrotóxicos, afetam principalmente a população trabalhadora,exposta ao intoxicante ambiente de trabalho,  além dinamizar a poluição ambiental e a contaminação do solo.

O Instituto reforçou na ocasião, a necessidade de iniciativas de regulação e de controle  dessas substâncias a gradativa reversão do modelo agrícola, para erradicação de pragas e parasitas através da sua substituição por defensivos  agro-ecológicos . O alerta é sobre os possíveis efeitos mutagênicos e carcinogênicos pela exposição crônica em doses baixas das múltiplas substâncias, presentes nos alimentos “in natura” e nos produtos alimentícios, processados pela indústria, com ingredientes como trigo milho e soja, consumidos pela população.

Ressalta-se que em março de 2015, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) publicou a Monografia da IARC (volume 112), na qual, após a avaliação da carcinogenicidade de cinco ingredientes ativos de agrotóxicos por uma equipe de pesquisadores de 11 países, incluindo o Brasil, classificou o herbicida glifosato e os inseticidas malationa e diazinona como prováveis agentes carcinogênicos para humanos do (Grupo 2A) e os inseticidas tetraclorvinfós e parationa como possíveis agentes carcinogênicos para humanos (Grupo 2B). Destaca-se que a malationa e a diazinona e o glifosato são autorizados e amplamente usados no Brasil, como inseticidas em campanhas de saúde pública para o controle de vetores e na agricultura, respectivamente.

Os efeitos adversos decorrentes da exposição crônica aos agrotóxicos podem aparecer muito tempo após a intoxicação, dificultando a correlação com o agente. Dentre os males associados à exposição continuada à ingredientes ativos de agrotóxicos , podem ser citados:  infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico e câncer.

TÓXICOS AMBIENTAIS

Os últimos resultados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos (PARA) da Anvisa revelaram amostras com resíduos de agrotóxicos em quantidades acima do limite máximo permitido e com a presença de substâncias químicas não autorizadas para o alimento pesquisado. Além disso, também constataram a existência de agrotóxicos em processo de banimento pela Anvisa ou que nunca tiveram registro no Brasil.

Consumada há décadas, a padronização a agricultura na escala industrial, usa um frágil  argumento para se  aumentar a produção  alimentícia , às custas de um consumo planetário intensificado, de alimentos frescos contaminados  por agrotóxicos e de produtos da cadeia da alimentação humana, processados com grãos transgênicos. De modo que as economias do Terceiro Mundo dependam da arquitetura de engenharia das sementes geneticamente modificadas.

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