Ex-capitão condenado ganha contratos milionários nas FAs, diz deputado que denunciou Viagra

Por Lucas Vasques.

O deputado federal Elias Vaz (PSB-GO), autor das representações que cobram apuração sobre as compras de Viagrapróteses penianas, remédios para calvície e outros produtos no mínimo não prioritários pelas Forças Armadas, fez mais uma denúncia no Fórum Onze e Meia desta quarta-feira (13).

Bolsonaro vive dizendo que em seu governo não tem corrupção. Mas tem muita”, afirmou o parlamentar.

Em julho de 2021, ele protocolou representação no Ministério Público Federal (MPF) e no Tribunal de Contas da União (TCU) a respeito de fortes indícios de fraudes em licitações para compras de alimentos para o Exército.

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De acordo com Vaz, beneficiados com irregularidades privilegiavam um grupo de empresas ligadas a militares e ex-militares do Exército e da Marinha. A denúncia apontou que o grupo venceu quase R$ 200 milhões em processos.

“Essas empresas simulam processos de concorrência. Todas ficam no mesmo prédio, algumas não têm funcionários e atuam com laranjas. O TCU já apurou, também, que todas as propostas foram feitas por meio do mesmo computador e este computador é das Forças Armadas”, revelou o deputado.

O caso mais emblemático, segundo Vaz, se refere ao ex-capitão do Exército, Márcio Vancler Augusto Geraldo. “Ele foi expulso das Forças Amadas, em 2011, e condenado a cinco anos de prisão pela Justiça Militar, em 2019, por conluio”. Ele integrava a comissão de licitação do Instituto Militar de Engenharia (IME). “Só esse sujeito tem mais de R$ 50 milhões de contratos. Ele foi premiado com contratos milionários. É um escândalo”, ressaltou Vaz.

“Há um empoderamento desproporcional das Forças Armadas no governo Bolsonaro”

O deputado afirmou que investiga compras bizarras feitas pelas Forças Armadas desde 2021. “Os primeiros casos se referiam à aquisição de filé mignon, picanha, cervejas, salmão, lombo de bacalhau, em quantidades absurdas. Isso enquanto parte da população come sopa de osso”, disse.

Ele continuou a apurar e acabou descobrindo a compra de Viagra e de próteses penianas. “No caso do Viagra, ainda há indícios de superfaturamento. Não dá para admitir. As Forças Armadas precisam respeitar os princípios da moralidade pública. Não é porque Bolsonaro tem paixão pelos militares que eles estão acima da lei”, apontou Vaz.

O deputado acrescentou que a distribuição desses itens comprados pelas Forças Armadas é uma discussão que precisa ser feita. “Os militares de patentes menores não consomem lombo de bacalhau. É só para a elite”.

“Vou continuar fiscalizando, porque é papel do Parlamento. Todas as denúncias são baseadas em documentos, dados oficiais. Não dá para aceitar. Enquanto isso, faltam dipirona, insulina e outros medicamentos básicos para a população”, destacou.

CPI do Viagra consegue mais de 60 assinaturas no primeiro dia

O parlamentar relatou que o deputado Bira do Pindaré (PSB-MA) já obteve, no primeiro, mais de 60 assinaturas para a instauração da CPI do Viagra.

“Pode ser que ele consiga o necessário, pois há muitos deputados indignados com essa conduta das Forças Armadas”, completou.

Assista à íntegra da entrevista:

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