Santiago do Chile, 27 jan (Prensa Latina) O presidente da Bolívia Evo Morales denunciou que a I Cúpula Celac-UE foi uma reunião de surdos que marginalizou o debate sobre os documentos aprovados no fórum, documentos que o mandatário considerou insuficientes em questões sociais e de soberania.
Queremos expressar nossa enorme preocupação porque o grupo não foi consultado, mas comunicado, o que não costumam fazer os anfitriões destes fóruns; advertiu em uma coletiva de imprensa em referência ao encontro no qual os mandatários de ambos blocos deveriam ter a oportunidade de expressar suas posições sobre os diferentes temas da agenda.
Segundo Morales, os vínculos entre a União Europeia (UE) e a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) exigem um cenário de confiança, por terem um passado de invasão, colonização e furto.
Por isso temos muitas diferenças com países europeus e alguns latino-americanos, afirmou pouco depois do encerramento da I Cúpula Celac-UE no centro de eventos Espacio Riesco, à qual assistiram cerca de 60 delegações de alto nível.
O fórum aprovou ontem a Declaração de Santiago e um Plano de Ação que deveriam guiar as atividades destinadas a “relançar a aliança estratégica” birregional com questões como os investimentos e o desenvolvimento sustentável.
Para Morales, a integração entre a Celac e a UE deve ser caracterizada pela complementariedade e não pela competitividade, que “deixa ganhadores e perdedores, e sobrevive o mais forte”.
Precisamos de sócios e não de donos que venham saquear nossos recursos naturais, sentenciou.
Também mencionou denúncias que devem ser escutadas para o bem das relações internacionais, como a soberania argentina sobre as Ilhas Malvinas ocupadas pelo Reino Unido e a necessidade do Chile devolver uma saída soberana ao oceano Pacífico para a Bolívia.
O presidente boliviano afirmou que os instrumentos para avançar a um futuro conjunto devem também considerar os movimentos sociais.
Sobre o tema, Morales apresentou os seis desafios que considerou que a Celac e a UE devem enfrentar para promover uma relação de iguais baseada no respeito à soberania.
A agenda inclui o combate ao narcotráfico com responsabilidade compartilhada entre os Estados, a busca de soluções à crise econômica e financeira que não impliquem o recorte dos benefícios sociais, e o respeito ao meio ambiente, entendido como a não mercantilização da natureza.
Na proposta também aparece: deter as guerras e intervenções para promover a paz e reduzir as despesas militares multimilionários, elaborar um novo modelo de integração birregional caracterizado pela complementariedade, e promover investimentos com transferência tecnológica e conhecimento.
Precisamos na América Latina e no Caribe de investimentos, mas não que venham saquear nossos recursos, afirmou.
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