EUA anunciam a venda de um milhão de barris de petróleo roubados à Venezuela

O Departamento de Justiça dos EUA anunciou na quinta-feira que Washington vendeu mais de um milhão de barris de petróleo refinado, retirado de quatro navios em alto mar que se dirigiam para a Venezuela.

O petroleiro Luna, apreendido pelos EUA ao Irã em agosto de 2020

Ao ser confrontado com uma ordem decretada por um tribunal do Distrito de Colúmbia, «o proprietário dos navios transferiu o petróleo para o governo e agora podemos anunciar que os Estados Unidos venderam e entregaram esse petróleo», disse o subsecretário da Justiça, John Demers, em comunicado de imprensa.

Com o pretexto de que o dinheiro da venda do petróleo do Irã a Caracas se destinava aos Guardiães da Revolução Islâmica – considerada uma «organização terrorista» pelos EUA –, a administração de Donald Trump congratulou-se com a apreensão dos fundos e afirma estar a «expandir a sua caixa de ferramentas para combater o mau comportamento do Irã».

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A Venezuela tem enfrentado problemas de abastecimento de gasolina, em virtude das medidas coercivas unilaterais impostas pelos Estados Unidos, que afetam a sua indústria petrolífera. Neste contexto, o governo de Nicolás Maduro chegou a um acordo com o Irão com vista à compra de combustível – apesar das sanções a que ambos os países estão sujeitos e das ameaças reiteradas, por parte dos EUA, de deter o avanço dos barcos iranianos com destino ao país sul-americano.

Em 23 de maio deste ano, chegou a águas territoriais venezuelanas o primeiro dos petroleiros provenientes do Irão. «É tempo de solidariedade», disse então o ministro da Defesa, Vladimir Padrino.

Quase três meses mais tarde, em 14 de agosto, o Departamento de Justiça norte-americano informou que Washington tinha conseguido «a maior apreensão de carregamentos de combustível do Irão», 1116 milhões de barris de petróleo no total, que a Venezuela já tinha pago.

«Golpe duro» e ataque à maior refinaria da Venezuela

Na quarta-feira passada, Nicolás Maduro referiu-se à ação norte-americana como um «golpe duro» para o seu país. Os «EUA empenharam-se em perseguir a gasolina que estávamos a importar. Inclusive roubaram-nos três milhões de barris [de petróleo] em Agosto», disse o chefe de Estado, citado pela RT.

De acordo com as estimativas do governo venezuelano, o país caribenho tem reservas de gasolina para 20 dias, eventualmente 30, uma vez que está a produzir 30% acima daquilo que consome e também graças à importação de crude de diversas regiões.

Na terça-feira 26 de outubro, as instalações da principal refinaria do país, Amuay (localizadas no estado de Falcón), foram atacadas por um míssil, que, segundo as investigações do governo, foi «lançado por um drone ou a partir de uma embarcação». A refinaria encontrava-se em fase de «manutenção preventiva», estando previsto o arranque da sua operação para os próximos dias, de modo a reforçar a produção de gasolina na Venezuela.

O ministro do Petróleo, Tareck El Aissami, afirmou tratar-se de uma «cto terrorista deliberado, devidamente planejado», que visou «provocar danos em objetivos estratégicos». Por seu lado, Nicolás Maduro acusou o governo colombiano e os serviços secretos norte-americanos de estarem por trás do ataque.

 

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