Eu leio, ele lê, nós lemos. Você lê?

Por Carola Chávez.

(Português/Español).

Lembrava do Gabo em seu aniversario esta semana. Pensar nele é me emocionar, é retornar pra surpresa da menina que era quando descobri Macondo, povoado movediço, mil vezes lido mil vezes diferente. Pensar em Cem anos de solidão é sentir uma coisa que me aperta o peito, mais que o peito, a alma.

E com um aperto na alma vivo desde então, perseguindo frases que me deem arrepio, me obriguem a fazer uma pausa, fechar os olhos e sentir profundamente essa sensação que provocam as palavras quando as palavras estão bem escritas. Meus livros, meus livros adorados, meus escritores, meus amigos.

É que não posso não sentir que amo muito àqueles que encheram minha vida de ideias, de vontade de contar coisas e contá-las, e me encontrar compreendendo o Gabo quando afirma que escrever pelo puro prazer de narrar é talvez o estado humano mais parecido com a levitação. E levitar…

E levitando vou para Caracas à oitava edição da Feira Internacional do Livro. Parece mentira mas enquanto governou a gente decente e pensante deste país, nesses anos todos, ninguém se importou em fazer um evento deste tipo, e menos ainda tão acessível, tão… -como dizer isso sem que lhe dê um troço aos que, por não nos deixar nada, também sequestraram a cultura?- um evento tão popular.

Nunca como agora se leu tanto na Venezuela e é que claro, se meu Presi é um leitor e  sentiu o aperto na alma, e quem sente aperto na alma desse  jeito não pode menos que querer que outros sintam o prazer do aperto, da faísca do saber, o olhar claro do entendimento. Um presidente leitor é um presidente de ideias. A mesma coisa acontece com um povo que lê.

Um povo de ideias é um atentado contra a (des)ordem estabelecida, o que torna os livros -susto!- em armas de construção em massa, que habilitam neurónios antes tolhidos a fora de tevê, revistas de moda e “A culpa é a de vaca”. Voilà! “Um povo ignorante é o instrumento cego de sua própria destruição.”

E assim nos queriam: ignorantes, e hoje ressentem furibundos que não sejamos. Que lotemos a Feira, que os livros estejam ao alcance de todos, que as ideias se espalhem, que as pessoas entendem e já não se deixem enganar. Chaburros nos falam aqueles -“instrumento cego de sua própria destruição”- votarão por um candidato que considera polêmico e inapropriado falar sobre os livros que está lendo, porque não os está lendo, não leu nada nunca. O que confirma a nossa suspeita de que o ônibus do progresso não terá uma parada na FILVEN.

No que foi um espaço exclusivo –olhe, que vem de exclusão- onde a cultura era para “entendidos”; fazemos uma festa de livros  para todos. Quando o extraordinário se faz cotidiano… Culpechávez.

Versão em portugués: Tali Feld Gleiser.


Yo leo, él lee, nosotros leemos. ¿Tú lees?

Por Carola Chávez.

Recordaba al Gabo en su cumple esta semana. Pensar en él es emocionarme, es regresar al asombro de la muchachita que era cuando descubrí a Macondo, pueblo  movedizo, mil veces leído mil veces distinto. Pensar en Cien años de soledad es sentir una cosa que me estruja el pecho, más que el pecho, el alma.

Y con el alma estrujada he vivido desde entonces, persiguiendo frases que me pongan la piel de gallina, que me obliguen a hacer una pausa, cerrar los ojos y sentir profundamente ese estrujón que provocan las palabras cuando las palabras están bien escritas. Mis libros, mis libros adorados, mis escritores, mis amigos.

Es que no puedo no sentir que quiero mucho quienes llenaron mi vida de ideas, de ganas contar cosas y contarlas, y encontrarme comprendiendo al Gabo cuando afirma que escribir por el puro placer de narrar es quizá el estado humano más parecido a la levitación. Y levitar…

Y levitando voy a Caracas a la octava edición de la Feria Internacional del Libro. Parece mentira pero mientras gobernó la gente decente y pensante de este país, en todos esos años, a nadie le importó hacer un evento de este tipo, y menos tan accesible, tan… -¿como decirlo sin que le de un patatús a los que, por no dejarnos nada, también secuestraron a la cultura?- un evento tan popular.

Nunca como ahora se leyó tanto en Venezuela y es que claro, si mi Presi es un lector y ha sentido el alma estrujada, y a quien se le estruja el alma de esa manera no puede menos que querer que otros sientan el placer del estrujón, del chispazo del saber, la mirada clarita del entendimiento. Un presidente lector es un presidente de ideas. Lo mismo pasa con un pueblo que lee.

Un pueblo de ideas es un atentado contra el (des)orden establecido, lo que convierte a los libros -¡susto!- en armas de construcción masiva, que habilitan neuronas antes tullidas a punta de tele, revistas de moda y “La culpa es la de vaca”. Voilà! “Un pueblo ignorante es el instrumento ciego de su propia destrucción.”

Y así nos querían: ignorantes, y hoy resienten furibundos que no lo seamos. Que abarrotemos la Feria, que los libros estén al alcance de todos, que las ideas se rieguen, que la gente entienda y ya no se deje. Chaburros nos dicen quienes -“instrumento ciego de su propia destrucción”- votarán por un candidato que considera polémico e inapropiado hablar sobre los libros que está leyendo, porque no los está leyendo, no leyó nada nunca. Lo que confirma nuestra sospecha de que el autobús del progreso no hará parada en FILVEN.

En lo que fue un espacio exclusivo -que viene de exclusión, mire usted- donde la cultura era para “entendidos” -que hoy, mire usted otra vez, no entienden nada-; hacemos una fiesta libros de para todos. Cuando lo extraordinario se hace cotidiano… Culpechávez

 

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