Estudo australiano diz que ser cis ou trans tem relação com genética

Imagem: Australian Journal of Applied Biology & Medical Sciences

A relação da genética com a identidade de gênero foi tema de uma importante pesquisa do Instituto Hudson de Pesquisa Médica, na Austrália. E, de acordo com a publicação do material no Journal of Clinical Endrocrinology e Metabolism, divulgado em setembro deste ano, foi apontado que corpos de pessoas trans e cis possuem especificidades.

O estudo teve como premissa comparar as diferenças genéticas dos grupos de mulheres trans – pessoas que foram designadas homens, mas que se identificam com o gênero feminino e são mulheres – com o de homens cis – pessoas que foram designadas homens, se identificam com o gênero masculino e continuam se identificando como homens.

Ao todo foram 380 mulheres trans – que estão passando pela hormonioterapia ou realizaram a cirurgia genital– e 344 homens cis. Ele diz que todas as mulheres trans alegavam disforia (desconforto com alguma parte do corpo associada socialmente ao gênero que não se identifica), mas que essa não é uma regra para diversas pessoas trans. E que a maioria era descendente de europeus, uma vez que teria que analisar uma população mais homogênea possível.

Da análise dos grupos, foi possível observar que algumas variações de genes são muito mais evidentes entre as mulheres trans que entre os homens cis e que há diferenças na forma como alguns genes atuam entre grupos de pessoas trans e cis, “Esses genes foram escolhidos porque fazem parte de um caminho comum que envolve a produção e a recepção de hormônios sexuais. Cada um deles é conhecido por existir em humanos de formas funcionalmente diferentes”, declarou o pesquisador Vincent Harley.

Ele pondera dizendo que a genética não é a única motivadora envolvendo a diversidade de identidade de gênero. E que ela pode estar associada ao ambiente em que a pessoa vive, experiências, gostos e outros fatores igualmente relevantes. Também frisa que não acredita que a identidade de gênero precisa de comprovações científicas para ser legitimada, mas que esse dado pode promover maior conscientização da população na aceitação e reduzir a transfobia.

O pesquisador diz que pretende continuar com as pesquisas e alega que o financiamento para as futuras pesquisas é estimado em US$ 10 milhões.

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