Estudantes sofrem com carência de vitamina D após se mudarem para Curitiba

Cansaço excessivo e queda na imunidade são alguns sintomas da carência da vitamina D

Por Natalie Campos.

Algumas pessoas sofrem com carência de vitamina D após se mudarem para Curitiba, pois ela depende de exposição solar para sua absorção e não encontra tempo propício na nublada cidade. Em 2012, a cada dois dias, um foi chuvoso na cidade. Além disso, por estar localizada longe da linha do Equador, a capital paranaense tem menor incidência solar do que outras regiões do país.

A estudante de Publicidade e Propaganda Gabriela Oberhofer se mudou de Santa Maria (RS) para Curitiba no início de 2015. Em pouco tempo sentiu o peso do característico tempo curitibano. “Na maior parte dos dias faz sol em Santa Maria. Aqui está sempre muito nublado e chuvoso”. Não se sentia disposta, mas não pensou que fosse algo sério. “Relacionei com o clima, que nos deixa um pouco pra baixo às vezes”, relata.

Em 2016 a situação se complicou: ficava extremamente cansada e tinha dificuldades para levantar da cama pela manhã. “Mesmo que eu dormisse bastante, sentia uma fadiga o dia todo’, explica. O cansaço no corpo e na visão foi acompanhado por dores na perna e de cabeça. Assim, percebeu que algo estava errado. “Me conhecendo percebi que não era uma simples preguiça e procurei uma endocrinologista [médico que trata problemas relativos a glândulas]”.

O diagnóstico foi certeiro: carência de vitamina D. Enquanto o valor esperado é de 35 a 40 ng/mL, Gabriela estava com 19 ng/mL (nanogramas por mililitro) de sangue. A doença é comum. Um estudo publicado no The New England Journal of Medicine, uma das publicações médicas mais prestigiadas do mundo, estima que um bilhão de pessoas sofra com a deficiência de vitamina D.

Um sétimo da população mundial sofre com carência de vitamina D, de acordo com um estudo publicado no The New England Journal of Medicine em 2016 (Infográfico: Natalie Campos)

A principal função da vitamina D no organismo é ajudar a manter o cálcio no sangue, como explica o endocrinologista Bruno Perotta. Por isso mesmo, a principal consequência de sua carência no organismo é a possibilidade de uma osteoporose. “A falta de vitamina D aumenta a quantidade do hormônio paratormônio, que tira o cálcio do osso para compensar a falta de cálcio no sangue”, explica Perotta. Assim, a densidade e a massa dos ossos são reduzidas, os deixando mais fracos e suscetíveis à fraturas.

Lorraine Dias também descobriu a falta de vitamina D logo após se mudar para a capital paranaense, em 2015. Quedas constantes na imunidade levaram a estudante de Relações Públicas a contrair doenças com maior facilidade. Tal condição é agravada pelo estresse do final de semestre. “A imunidade cai bastante por causa do estresse da faculdade”, explica.

Desde que descobriu a carência, Lorraine toma suplementos de vitamina D adquiridos na farmácia. Mas o ideal, de acordo com Perotta, é ingerir pela alimentação. “É mais fácil pela farmácia, mas alguns alimentos, como vegetais e carne vermelha também podem ajudar”, conclui o endocrinologista.

A exposição ao sol, se possível, também ajuda. Mas é necessária cautela. O ideal é aproveitar a luz solar antes das dez horas da manhã, por ser menos agressiva à pele. O tempo sob o sol pode variar de 15 a 20 minutos e, durante este período, não se deve usar protetor solar.

A reposição da vitamina pode ajudar aqueles que foram afetados pela carência. Gabriela Oberhofer começou a se tratar e afirma já ter sentido melhora significativa. “Ainda não estou 100%, mas espero que até o final do tratamento eu recupere a vontade para fazer as coisas”, deseja a estudante.

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