Por José Coutinho Jínior. Na noite da última quinta-feira (19/03), os estudantes que haviam ocupado a reitoria da PUC-SP contra medidas tomadas pela Fundação São Paulo (Fundasp), realizaram a desocupação do espaço, após garantir uma audiência com o órgão administrativo da universidade.
A Fundasp, mantenedora da PUC ligada à igreja, vem tomando uma série de medidas de corte de gastos que impactam a comunidade universitária, como a demissão de professores, o aumento do preço do bandejão universitário e o fechamento de turmas, se recusando a dialogar com professores, estudantes e funcionários sobre como a universidade é administrada.
Na última quarta-feira (18/03), reitoria e Fundasp soltaram uma nota ignorando as pautas dos estudantes e afirmando que a ocupação ocorreu por conta do “duro e necessário trabalho que [a direção da universidade] vem realizando para combater a realização de festas e consumo de substâncias ilícitas dentro do campus Monte Alegre”.
Os 250 estudantes presentes saíram da reitoria em ato pela universidade até à sede da Fundasp, gritando palavras de ordem como “demitam a Fundação, professor não!” e exigindo mais democracia.
Após o ato, ocorreu uma assembleia dos estudantes, na qual foi dito que a ocupação obteve uma audiência de conciliação com a Fundasp, além de uma reunião de negociação entre os estudantes e um representante da Fundação.
Além de mais transparência, os estudantes demandam a volta do subsídio do bandejão para todos e bolsa-alimentação integral para os bolsistas e trabalhadores terceirizados ; creche para mães e pais estudantes, professores e terceirizados, a regularização da matrícula de todos os estudantes do FIES, a não criminalização de nenhum estudante (principalmente os bolsistas), o fim da precarização do contrato de trabalho dos professores e que nenhum curso seja fechado.
Reintegração de posse
A Fundasp, através do Judiciário, havia obtido uma liminar de reintegração de posse da reitoria, que foi deferida por conta da desocupação. No entanto, o nome de cinco estudantes consta na liminar, como “responsáveis” pela ação. Na assembleia, o movimento decidiu que lutar contra a criminalização destes estudantes será uma das principais pautas.
“A ocupação da reitoria representou a indignação e insatisfação da comunidade puquiana. Somos contra qualquer tipo de personificação e criminalização dos estudantes. O movimento não acabou. A nossa luta ainda está no começo. Nos organizaremos e faremos pressão para que nossas reivindicações sejam atendidas na reunião de negociação com a Fundasp”, afirmou a estudante de jornalismo Ramona F. (nome fictício).
Além das reuniões, os estudantes já organizam mais atos e assembleias em todos os cursos para debater a situação da univerdade e que passos tomar daqui para frente.
“A ocupação legítima da reitoria só evidenciou a postura truculenta e criminalizadora que a Fundasp possui contra a comunidade. Não deixaremos que o projeto de mercantilização de ensino imposto pela Fundasp transforme a PUC-SP numa empresa, que não garante o acesso e permanência do estudante e precariza o trabalho dos professores e funcionários”, conclui Ramona.
Foto: Reprodução/Brasil de Fato
Fonte: Brasil de Fato