A manifestação de estudantes, que contou com a participação de servidores técnico-administrativos em Educação (TAEs) e professores, foi mais uma tentativa de levar à administração suas reivindicações. Entre as exigências está a contratação de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) com formação superior.
Segundo Wharlley dos Santos, estudante de Letras-Libras, a paralisação foi causada pela desvalorização do diploma do curso. “A UFSC é a única universidade da América Latina a ofertar o curso para formação em nível de graduação (Nível E) de Tradutores/Intérpretes de Língua de Sinais e a mesma universidade na hora de contratar este profissional contrata pessoas com o Nível Médio para desempenhar esta função nos cursos de Graduação, Mestrado e Doutorado.”
O aluno ainda reclama da diferença na contratação dos servidores. Os tradutores e intérpretes de outras línguas são contratados como nível superior, enquanto os de Libras, com nível médio. “Os alunos pela UFSC formados, enfrentaram quatro anos de faculdade e perdem suas vagas por terem formação superior ou se sujeitam a trabalhar recebendo o salário de nível médio”, completa Santos.
Na manifestação, a vice-reitora Lúcia Helena Pacheco afirmou que o tradutor intérprete de Libras é avaliado pelo Ministério da Educação (MEC) como um cargo de nível médio, já que Libras não é considerada uma língua estrangeira. Desta forma, para contratar servidores de nível superior teria que haver uma mudança na legislação federal.
Mas essa não é a única reclamação dos estudantes, que paralisaram suas atividades desde o dia 15 de maio. A falta de profissionais habilitados para atuar nos demais cursos de graduação foi contestada. Apenas sete intérpretes, contratados com nível superior mediante parecer da Procuradoria da UFSC, atendem a toda a comunidade surda da Universidade.
A greve estudantil foi aprovada em assembleia geral convocada por parte do Departamento na quarta-feira (14/5). Durante a última assembleia, na terça-feira (20/5), os estudantes votaram por manter a paralisação por tempo indeterminado.
“Nossos objetivos são que a UFSC contrate apenas Tradutores/Intérpretes de Libras com formação na área superior (nível E), como os outros tradutores da universidade são contratados e que sejam abertos mais concursos. É impossível atender a toda universidade com apenas sete intérpretes. O que nós queremos são os 16 previstos no projeto de criação do curso em 2006”, completa Santos.
Greves Estudantis na UFSC
Além dos estudantes de Letras-Libras, alunos do curso de Odontologia e de Cinema paralisaram suas atividades este ano. Há cerca de um mês graduandos de todas as fases de Odontologia reivindicaram por reformas e materiais novos nas duas clínicas de atendimento à população. Apesar de retomar as aulas teóricas, os futuros dentistas não descartam nova interrupção.
Vale lembrar que no mês de abril, a Vigilância Sanitária interditou as clínicas do curso e os dez funcionários que auxiliavam no atendimento e na esterilização de instrumentos fazem parte dos servidores em greve desde o início do ano letivo, 17 de março. Para o Chefe do Departamento de Odontologia Ricardo Vieira a reforma da central de esterilização será concluída em novembro.
Os estudantes do curso de Cinema permaneceram em greve durante dez dias e só retomaram a rotina depois de receber propostas da Direção do Centro de Comunicação e Expressão. Os alunos pediam a contratação de servidor técnico da área audiovisual para o Laboratório de Estudos de Cinema, a reforma do Cineclube e a atualização do currículo.
Saiba mais:
Entenda os motivos da paralisação dos estudantes de Letras-Libras, no folder criado para conscientizar a comunidade discente.
Confira o documento com as reivindicações enviados à Reitoria e assinado pelos alunos.
Fonte: UFSC Online.