Sob a ótica de crianças e adolescentes, a relação entre cultura e educação foi tema de uma entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (27), na sede do Serpro, em Brasília. De um lado, a ministra da Cultura, Margareth Menezes. Do outro, 10 jovens entre 11 e 14 anos, estudantes da CEF 3 de Sobradinho. A ação integra o calendário paralelo de atividades do G20 que, nesta semana, dá início ao primeiro encontro presencial do Grupo de Trabalho da Cultura.
Estratégias de manutenção da diversidade, a integração entre as cinco regiões brasileiras e o intercâmbio com as culturas de matriz africana e indígena foram alguns dos temas abordados pelos alunos.
“É na juventude que está a força das novas saídas, das soluções. Me lembro que a Greta [Thunberg] mobilizou mundialmente, falou sobre isso que vivemos agora [com o impacto das mudanças climáticas].Então, olha a força que a juventude tem de se mobilizar”, apontou a chefe da Cultura ao falar da relação com os jovens e a importância onde eles se vejam como protagonistas.
A preservação patrimonial, tendo em vista os recentes acontecimentos no Sul do país, também surgiu entre as perguntas realizadas pelos estudantes. Além das questões materiais, a riqueza imaterial do país, sinalizou Margareth Menezes, precisa ser valorizada e preservada. “O maior patrimônio da humanidade, é a humanidade”, afirmou a ministra. “Nós, do Ministério da Cultura, estamos buscando trazer os conhecimentos das comunidade, acolher a cultura, expandir o fomento cultural, que é a possibilidade de fazer com que aquele grupo cultural, aquele artista que mora lá longe e nunca teve apoio do governo para fazer acontecer, tenham acesso a isso agora”, concluiu.
Os resgate do intercâmbio com outras culturas, em ações bilaterais, ganharam força desde a retomada do MinC. A ministra falou que, para além de rememorar as dificuldades enfrentadas por outras nações na relação com o Brasil Colônia, se faz necessário reconhecer seus conhecimentos e contribuições para nossa própria identidade cultural. O mesmo, segundo a chefe da Cultura, ocorre quando o assunto são os povos originários. “Dentro do MinC nós botamos uma cota para que os povos indígenas sejam também acolhidos pelas políticas públicas da cultura que estamos lançando em todo o país, porque nós queremos governar para todos, todos têm que ser contemplados pelas políticas públicas de cultura”.
A vice-diretora da CEF 3 de Sobradinho, Danielle Atta, avalia que “juntar cultura e educação não pode dar errado”. “Foi deixado bem livre para que eles pudessem trabalhar dentro da habilidade deles, do que eles gostam”. Segundo ela, essa fase é uma das mais desafiadoras no campo da educação. “Sempre pensando no protagonismo deles, eles vão trazendo as ideias, e nós vamos entendendo a cada um deles como sujeito de direito. Abraçando e apoiando”, completa.
Patrimônio
Os alunos entrevistaram também o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass – anfitrião do seminário promovido nesta segunda. Na pauta, os desafios da preservação, a atuação da instituição em grandes desastres como as inundações no Rio Grande do Sul e a importância de iniciativas de valorização dos patrimônios materiais e imateriais dentro das unidades de ensino.
O professor Eduardo Landívar, coordenador da educação integral na CEF 3, explicou que os alunos já têm acesso à aulas e oficinas de comunicação audiovisual na grade curricular, mas viabilizar o acesso a uma atividade com o porte do G20, tem um impacto muito grande na realidade desses jovens. Além disso, o convite para essa cobertura expande as possibilidades de temas a serem abordados pelos educadores.
“Todos esses temas acabam incentivando e instrumentalizando a gente para colocar conteúdos que muitas vezes não são abordados, tradicionalmente na sala de aula. E com a ajuda do G20, vamos pegar esses assuntos para desenvolver nas aulas”, explica.
A turma convidada para essa cobertura vai produzir textos, vídeos, fez a cobertura fotográfica e também ilustrações durante a programação paralelo do G20.