Estudante de medicina suspenso por estupro na USP obtém registro de médico

Mesmo após uma série de denúncias e de acusações, Daniel Tarciso da Silva Cardoso conseguiu o registro de médico no Conselho Regional de Medicina de Pernambuco. Não se sabe ainda se ele já está exercendo a profissão.

Segundo o órgão, a concessão do registro seguiu orientação do Conselho Federal de Medicina e foi feita em abril, após ele ter sido absolvido em primeira instância no processo que responde em São Paulo.

Recentemente formado em medicina pela USP, o rapaz é acusado de estuprar várias mulheres e já chegou a ser processado por homicídio.

Antes mesmo que Cardoso colasse grau, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) havia decidido não conceder o registro de médico a ele. A decisão dos conselheiros se baseou na defesa da sociedade.

Em novembro de 2016, estudantes de medicina da USP protestaram para que Daniel não colasse grau, já que ele havia terminado a carga horária necessária para a colação (relembre aqui).

Na época, a Faculdade de Medicina da USP informou que “o caso está em análise jurídica pela Universidade de São Paulo para verificar se existe a obrigatoriedade de conceder a colação de grau ao aluno após ele ter cumprido integralmente a suspensão que lhe foi imposta”.

Os protestos para que Daniel não colocasse grau ou não conseguisse o registro de médico receberam até o apoio do médico Drauzio Varella, que também é ex-aluno da USP.

Quando acontecem esses casos de estupro, todo mundo acha que a mulher tem uma parcela de culpa, principalmente se ela bebeu. Eu fico chocado com esse tipo de interpretação. Eu já bebi e muitas vezes eu passei do ponto, mas eu nunca fui estuprado. E eu não conheço nenhum homem que tenha sido nesse tipo de situação. Estupro é crime. Esse caso da Faculdade de Medicina é exemplar. Eu acho que essa situação é muito simples. Eu fico muito envergonhado disso acontecer na faculdade em que eu aprendi a ser médico. As pessoas ficam chocadas sabe por quê? Porque nós médicos temos acesso aos corpos dos pacientes. E as pessoas têm que ter confiança de que nós vamos respeitá-las, independentemente do fato de elas estarem bêbadas, drogadas ou anestesiadas. Isso não pode acontecer com médicos de forma nenhuma, especialmente com alunos que cursaram as melhores escolas do país. Esses meninos que fazem essas coisas têm a exata sensação da impunidade”, afirmou, à época, Drauzio Varella.

DENÚNCIA

Em 2012, já cursando medicina na USP, Daniel foi acusado de estupro. Na denúncia apresentada pelo Ministério Público e aceita pela Justiça, a vítima conta que tomou um copo de bebida alcoólica. Daniel colocou uma droga no copo e, logo depois, ela perdeu quase totalmente os sentidos.

A vítima afirmou ainda que Daniel disse que era policial militar e praticava judô, e que ele usou a “absoluta superioridade física” para imobilizar a estudante.

Daniel foi policial militar de 2004 a 2008. Ele foi processado por homicídio depois de matar com oito tiros Danilo Bezerra da Silva em uma briga durante o carnaval, em 2004. A Justiça considerou legítima defesa e por isso ele recebeu uma pena de 1 ano de detenção, que acabou sendo anulada pela Justiça.

Fonte: PragmatismoPolítico

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