O estudante de Engenharia Mecânica, Victor Seabra, mora no bairro Jardim Anchieta e sempre que vem para a UFSC, vem de bicicleta. Ele passa pelos bairros Santa Mônica e Córrego Grande e demora em média 10 minutos para chegar até a Universidade. A nossa equipe conversou com ele sobre as vantagens e desvantagens desse tipo de meio de transporte.
Você já sofreu algum acidente andando de bicicleta?
Uma vez na geral do Santa Mônica um carro bateu em mim, mas foi de leve. Eu só caí, não quebrei nada, o carro conseguiu frear a tempo. Ele estava entrando numa loja sem dar sinal e eu passei do lado. Ele disse que ele não me viu, mas depois parou para perguntar se eu estava bem e tal. No fim, não me machuquei, quebrou só o retrovisor do carro. Mas eu conheço várias histórias de gente que se machucou feio andando de bike, é relativamente bem comum. Se tivesse mais ciclovia ou ciclofaixa, como a que tem no Centro e na Madre Benvenuta seria ótimo. O ruim é que, por exemplo, no centro sempre tem carro estacionado bem em cima. Além disso, o ideal seria se os motoristas tivessem mais educação porque é bem difícil essa relação ciclista-motorista.
Na tua opinião, só a criação de mais ciclovias na cidade já seria suficiente para acabar com os acidentes com ciclistas ou a maior parte do problema está mesmo na falta de educação dos motoristas?
Óbvio que não dá para ter ciclovia em todas as ruas, mas em grandes avenidas, com bastante movimento e carros em velocidade mais alta eu acho que precisava ter sim. Até porque o movimento de bicicletas acaba sendo maior também. Mas, pra mim, o maior problema acaba sendo a falta de educação dos motoristas porque, querendo ou não, eles têm que aprender a conviver com os ciclistas. Essa relação tem que melhorar dos dois lados. Ambos não estão preparados ainda. Não adianta ter infraestrutura se os motoristas acham que o ciclista tem que andar pela calçada. E tem muito ciclista que também não anda com todos os aparelhos necessários.
Por não saber como interagir com os carros e por achar que a responsabilidade de prestar atenção é toda dos motoristas, a culpa acaba sendo dos ciclistas algumas vezes?
Eu acho que as vezes sim. Tem muito ciclista que passa nas ruas sem olhar para os lados, sem dar o menor sinal. Eu conheço alguns que ultrapassam o sinal vermelho também, nesse caso a culpa é totalmente do ciclista. Tem alguns que nem usam refletor de luz, que é obrigatório pela lei. Alguns ainda andam na contramão dizendo que é melhor porque conseguem ver o carro vindo, mas eu acho isso um absurdo, é uma questão de física porque se eles baterem vai pegar com o dobro da velocidade e a força vai ser muito maior. Ainda assim, a parcela de acidentes que acontecem por culpa do ciclista é bem menor do que os que acontecem por falta de cuidado dos motoristas.
E quais medidas poderiam ser tomadas para mudar essa atitude?
Eu já tive muitos problemas com motoristas de ônibus, por exemplo, mas de uns anos pra cá houve uma grande melhora porque tem uma organização aqui de Florianópolis, chamada Bike Anjo, que começou a fazer trabalhos de conscientização com os motoristas de ônibus. Eles vão na empresa e fazem o motorista andar de bicicleta pra que eles vejam que não é uma coisa muito legal você estar andando e de repente tem um ônibus gigantesco do teu lado passando a meio metro de ti. Desde então eu já vi muita melhora, ainda não é todo motorista que respeita, mas já melhorou muito.
Tu achas que deveria ter algo parecido nas autoescolas, por exemplo?
Na autoescola a gente estuda as leis, inclusive as que envolvem as bicicletas, mas o enfoque é tão pequeno que a gente acaba esquecendo dias depois da autoescola. No código de trânsito fala que os ciclistas têm que andar na pista e que tem que ter o espaço de 1,5m entre a bicicleta e outros veículos, mas nem eu mesmo que sou ciclista lembro de ter estudado isso direito nas aulas da autoescola. Talvez algo desse tipo fosse legal, mas ninguém vai querer fazer, seria algo pra ser pensado pro futuro.
Victor aceitou nosso convite e fez o caminho da UFSC até sua casa com uma GoPro na cabeça, assista a seguir.
“Não é que seja assim muito perigoso, mas existe um certo risco. Só que eu amo andar de bicicleta, é um meio de transporte muito bom porque é prático, rápido. Hoje em dia eu faço tudo com a bicicleta, durante a semana eu não uso carro. Eu acho um saco ter que procurar vaga quando estou de carro, e ainda tenho que estacionar bem longe, com a bicicleta eu já deixo do lado do lugar onde eu estudo. Além disso, é um exercício físico pra mim, as vezes não tenho tempo de me exercitar direito e tal. Acho extremamente prático e me sinto bem.”
Fonte: Cotidiano UFSC.
Edição de vídeo: Ayla Nardelli.
Foto: Rachel Schein.