Depois de ser brutalmente agredido por homens armados na Canteira, em São Domingos, estudante congolês da Universidade Federal Fluminense (UFF), diz não ter condições psicológicas para continuar cursando engenharia na universidade e pretende voltar para a casa dos pais no Congo.
O estudante que tinha passado na UFF e UFRJ optou pela faculdade em Niterói acreditando ser mais tranquila em relação a capital fluminense.
“Ainda não estou pronto para retomar a minha vida e voltar às aulas, já que estudo próximo à Cantareira, e a região está cada vez mais perigosa para os estudantes. Antes de vir para o Rio de Janeiro, ouvia histórias sobre a violência no Estado, mas não imaginava que seria uma vítima de um crime tão cruel. Me sinto muito traumatizado, porque sempre andei pelas ruas com muita cautela e, mesmo assim, fui covardemente agredido”, disse o jovem, que acredita ter sido vítima de racismo como tantos outros jovens negros do Rio.
“Fui espancado e até ameaçado de morte, por um grupo de homens que estava à procura de uma pessoa negra. Nunca imaginei passar por isso no Brasil, sobretudo porque o país é um dos maiores berços da miscigenação étnica. É triste perceber que as pessoas ainda associam o negro a um bandido. Me sinto revoltado com toda essa situação, porque sei que a cor da minha pele fez com que eu fosse vítima de toda essa violência”, disse.
O caso desse estudante da UFF é mais um entre tantos outros que fazem escancarar o racismo no país, quando muitas das vezes legitimado por uma polícia e Estado que assassina jovens negros todos os dias pelos morros cariocas.