Estudante compõe música feminista e faz sucesso na internet

A canção retrata o discurso de um personagem indignado com o comportamento das feministas, e dessa maneira traz à tona diversas situações vividas pelas mulheres no dia a dia.

Sarau

Por Beatriz Santini. 

Com uma letra extremamente irônica, a música “A Louca”, composta pela estudante da UFSC Manuela Tecchio, está fazendo sucesso na internet. A canção retrata o discurso de um personagem indignado com o comportamento das feministas, e dessa maneira traz à tona diversas situações vividas pelas mulheres no dia a dia: repressão por roupas curtas, obrigações de tarefas domésticas e negligência da liberdade sexual.

Tudo começou com um vídeo feito no celular e postado em grupo no Facebook, em que Manuela cantava com o seu violão a canção escrita de maneira bem improvisada. Agora a música ganhou arranjos, foi gravada em estúdio e já possui mais de duas mil e quinhentas visualizações em dois dias.

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Manuela Tecchio, natural de São Lourenço do Oeste, canta desde os 10 anos de idade. Começou participando de eventos em Centros de Tradições Gaúchas (CTG’s) e depois passou a cantar em festivais de MPB e Pop Rock. A estudante de jornalismo já havia escrito outras músicas antes, mas nunca tinha sentido vontade de mostrar as sua produção, como foi o caso de A Louca. “Eu resolvi mostrar porque foi quando eu percebi que, de fato, tinha algo a dizer”.

A cantora contou pro Cotidiano como foi que surgiu a inspiração para a canção: “Cheguei em casa depois de um bar com um grupo de amigas, onde discutimos várias situações machistas pelas quais passamos. Mas não queria fazer um discurso chato. Não queria que a música fosse jingle de campanha. Então reproduzi, ironicamente, falas super machistas que a gente tá muito acostumada a ouvir.”.

Apesar de sempre ter sido ensinada a lutar pelos seus direitos e liberdade, o feminismo entrou de maneira mais forte e consciente na vida de Manuela no ano passado, quando meninas do curso de Jornalismo formaram o Coletivo Jornalismo sem Machismo. O grupo não é vinculado a nenhum partido político e luta pelo respeito e igualdade dos sexos.

Através do potencial político da arte, Manuela acredita que a música pode ser usada como ferramenta de mobilização social e reflexão. “A música é uma linguagem muito universal, na qual você pode defender ideias de uma maneira mais profunda, sem ser burocrática”. E é exatamente isso que a canção “A Louca” provoca nas mulheres que a escutam: identificação, questionamentos, desejo de mudanças.

Manuela atribui o sucesso da música na internet ao tema tratado. Além de seus amigos e familiares, as meninas do Coletivo Jornalismo sem Machismo ajudaram bastante na divulgação da gravação, que já foi enviada para universidades e grupos feministas de outros estados. “É um tema que ainda está vivo, precisa ser discutido, ninguém aguenta mais… Então eu fico tranquila em afirmar: não, senhores, o feminismo não está superado”.

Imagens: Print do vídeo e divulgação do Coletivo Jornalismo sem Machismo

Fonte: Cotidiano

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