Por Suzana Camargo.
“Do pó vieste e ao pó retornarás”. Não há como não lembrar desta frase, que segundo a Bíblia, Deus teria dito a Adão, depois que ela e Eva comeram o fruto da árvore proibida, ao saber da lei recém-aprovada no estado de Washington, nos Estados Unidos.
O governador Jay Inslee legalizou a compostagem humana. A partir de maio de 2020, o processo de decomposição natural de restos mortais se torna uma alternativa ao enterro ou cremação do corpo.
Segundo a empresa Recompose, que oferece este tipo de serviço, “são usados princípios da natureza para devolver nossos corpos à terra, evitar a liberação de dióxido de carbono na atmosfera e melhorar a saúde do solo”. A companhia calcula que, a cada pessoa que não é cremada ou enterrada, deixa-se de emitir uma tonelada de CO2.
“Tive a ideia quando um amigo me contou que fazendeiros ‘reciclavam’ seus animais mortos, fazendo a decomposição orgânica”, contou Katrina Spade, fundadora e CEO da Recompose, à rádio WBUR.
E como exatamente acontece o processo de compostagem humana?
Vamos lá:
– Uma mistura de matéria orgânica (lascas de madeira com carbono e nitrogênio, alfafa e palha) é depositada em um receptáculo chamado de embarcação;
– O corpo é então colocado no topo da embarcação e coberto com a mesma mistura. Para garantir que oxigênio suficiente esteja chegando a ele, permitindo que os micróbios o decomponham, um sistema de ventilação fornece ar;
– O corpo se decompõe dentro de três a sete semanas e o que sobra são dois carrinhos de mão cheios de terra.
Depois a família pode decidir se que ficar ou não com a terra, que pode ser usada, por exemplo, para o plantio de uma árvore.
Para determinar se o processo funcionava, ele fez parte de um experimento conduzido pela Washington State University, no qual seis pessoas doaram (após o falecimento) seus corpos.
Além de mais sustentável, por evitar a emissão de gases poluentes na atmosfera, a compostagem humana é mais barata.
Nos Estados Unidos, os gastos com um enterro variam entre US$ 8 e 25 mil. Já a cremação custa cerca de US$ 6 mil e a decomposição natural, oferecida pela Recompose, sai por US$ 5 mil.