Por Orlando Balbás, de Cumaná, Venezuela, para Desacato.info
Onde iremos buscar o modelo? A América espanhola é original, originais tem de ser suas instituições e seu governo. E originais, os meios de umas e outro. Ou inventamos ou erramos. A América não deve imitar servilmente, senão ser original. (A frase anterior, expressada pelo Maestro Simón Rodríguez em sua obra “As sociedades americanas” (1828), é eloquente para o tratamento ideológico e filosófico do processo político venezuelano no marco do projeto bolivariano).
A implantação do modelo socialista “do século XXI”, liderado pelo Comandante Chávez, em primeira instância foi um inovadora forma de erigir uma estrutura social mais horizontal, onde o estado de direito e de justiça, fosse o eixo do grande processo transformador, executado dentro das caducas bases da democracia representativa e do capitalismo dependente num país rentista onde o 90% das divisas se obtém da venda do petróleo.
No seu acionar político da diplomacia internacional, o extinto Presidente Hugo Chávez, conseguiu em seus primeiros tempos de governo reativar a Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Y foi possível recuperar os preços do petróleo, que em 1999 estavam nos 7 dólares o barril, conseguindo-se aumentá-los superando a barreira dos 100 dólares de acordo à situação geopolítica do mundo.
Com recursos financeiros abundantes na Venezuela, produto da alça nos preços petroleiros, desenvolveu-se uma política de inclusão e benefícios sociais, começou-se a perceber a participação dos setores populares em educação em todos os níveis, alfabetização, a saúde dentro do bairro, moradias (já acaba de entregar-se a casa número 1 milhão), a alimentação, a Missão Milagre, cirurgias oftalmológicas gratuitas, o hospital cardiológico infantil, etc. Começava a luta contra a pobreza desde o Estado venezuelano, que era próxima a 80%, acumulada nos governos do século XX.
Numa cifra emitida pelo ex-ministro de planejamento, Jorge Geordani, destinaram-se 750 bilhões de dólares na aplicação das políticas sociais. A pergunta é: Permitiu a inclusão social elevar a consciência do povo? De certa forma conseguiu o empoderamento das ideias reivindicadas pelo então Presidente Hugo Chávez, estabelecidas na árvore das três raízes: Simón Bolívar, Simón Bolívar e Ezequiel Zamora. Fortaleceu nossa identidade histórica, o povo e sua memória para entender o presente. Olharmos para dentro, construir nosso próprio modelo social, vinculado à realidade latino-americana e os movimentos de libertação no mundo. É um fenômeno político único na história universal, que hoje atravessa um momento crucial de sobrevivência para o projeto bolivariano e o plano da pátria. A derrota eleitoral de 6 de dezembro, indica uma obrigatória revisão do discurso e gestão de governo.
Fazer valer um ambiente de paz na Venezuela para consolidar o estado de direito e de justiça, necessariamente obriga a iniciar um diálogo entre os fatores de poder. Há que propiciar acordos.
Versão em português: Raul Fitipaldi, de América Latina Palavra Viva – Traduções, para Desacato.info
Imagem tomada de: www.casariche.es